Estamos te vendo, Jahlil Okafor

Vagner Vargas
HIGH FIVE
Published in
4 min readNov 12, 2015

Pivô dos 76ers faz ótimo começo de temporada, com jogo ofensivo refinado, e briga pelo prêmio de novato do ano

por Vagner Vargas (@vagnervargas)

Mal começa a temporada da NBA e os dedos já começam a coçar e ficar nervosos em relação aos possíveis ganhadores dos prêmios individuais. Quem vai evoluir mais? Alguém vai conseguir a proeza de tirar o MVP das mãos de Stephen Curry? Melhor reserva? Melhor técnico?

A liga sempre premia uma infinidade de gente, entre eles os novatos. O melhor rookie da temporada também tem direito a ser honrado. Afinal, eles não entram na NBA apenas para carregar as malas dos veteranos e passar por outros tipos de trotes. Eles estão lá para jogar. E muitas vezes com uma responsabilidade enorme e desproporcional à idade que têm.

Em 2015–2016, duas histórias já estão entre as favoritas: Karl-Anthony Towns e Kristaps Porzingis. Towns foi a escolha número um do Draft e jogo após jogo vai mostrando o por que disso. Já Porzingis, o gigante letão carismático, vai impressionando por se tratar de um cara muito mais pronto para o basquete norte-americano do que o esperado. As vaias dos torcedores dos Knicks vão sendo engolidas a cada boa partida dele.

Mas o motivo deste post não é nem um nem outro. Vamos falar de Jahlil Okafor. Depois de ser cotado para ser o #1 do processo seletivo de calouros, Okafor foi esnobado por Minnesota Timberwolves (Towns) e Los Angeles Lakers (D’Angelo Russell) nas duas primeiras escolhas. Foi parar no Philadelphia 76ers, time em eterno processo de reconstrução, e sob certa desconfiança.

Afinal, o que tinha feito Okafor, um dos principais jogadores do basquete universitário na temporada anterior, ter caído de possível #1 para #3 no Draft? Com apenas oito jogos disputados até agora, já é possível cravar: não foi por falta de talento.

O pivô de 19 anos — completa 20 em dezembro — tem incríveis médias para um novato e tem mostrado jogo a jogo que todo o arsenal ofensivo que esbanjava em cima dos rivais universitários foi traduzido para o nível profissional.

Com um jogo de pernas invejável, Okafor tem dado um verdadeiro show jogando principalmente de costas para a cesta, com giros, explosão e velocidade para deixar pivôs maiores e mais experientes em situações até embaraçosas ao tentar marcá-lo.

As médias de Okafor

33,8 minutos
20,6 pontos
6,9 rebotes
1,3 assistências
1,6 tocos
2,9 turnovers
50,7% nos arremessos
59% nos lances livres

O novo pivô dos 76ers tem arremessado muito (17,5 bolas por jogo), é verdade, já que é a principal arma ofensiva de sua equipe, mas tem correspondido. Entre os pivôs da liga, ele é o número 6 em aproveitamento de arremessos, com 50,7%. Em termos de pontuação, a coisa fica ainda melhor. Okafor é o pivô com a melhor média de pontos por jogo de toda a NBA.

Outro dado interessante: Okafor é o jogador mais acionado da liga no post-up. Ninguém fez mais pontos que ele nesse tipo de jogada até agora. Claro que a idade e o fato de ser novato ainda atrapalham em certos aspectos, como o baixo número de faltas cavadas (9%) e de jogadas convertidas mais a falta (1,5%).

Okafor poderia ser considerado um jogador até certo ponto previsível, já que não é alguém que aposta no jogo de média e de longa distância. O rookie não chutou uma bola de três sequer e fez apenas 9,7% de seus pontos em arremessos de média distância, 13,9% em lances livres e 6,1% em situações de contra-ataques.

Ou seja, Okafor joga praticamente o tempo todo perto da cesta, seja de costas para o adversário ou de frente, mas quase sempre buscando a finalização no aro. Ainda assim, não tem sido fácil marcá-lo, o que dá uma dimensão melhor de como ele consegue criar boas situações de arremesso por meio de boa movimentação e jogo de pernas.

Outro exemplo que mostra a capacidade de criar no 1 x 1 é a porcentagem de arremessos convertidos sem assistências. Okafor fez 52,1% de seus arremessos em lances que ele mesmo criou, enquanto finalizou com sucesso 47,9% das bolas em que recebeu um passe decisivo de algum companheiro.

A eficiência dele pode ser medida também no tipo de arremesso. Até agora, foram apenas 7 enterradas e 4 pontes-aéreas. O volume maior de jogo de Okafor é em jump shots (64 arremessos) e bandejas (58), sendo a porcentagem de acerto muito maior na segunda (62,1% contra 29,7%), o que mostra que o pivô ainda tem muito a melhorar na primeira categoria.

Em um time muito menos badalado, sem aspiração alguma, Jahlil Okafor vai deixando claro que merecia todas as especulações que o colocavam como possível escolha top no Draft. Mais do que isso, o jogador dos 76ers surge como principal concorrente para Karl-Anthony Towns na briga pela honraria de melhor novato de 2015–2016. Vale a pena ficar de olho nele.

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