Impressões de Bauru 77 x 73 Flamengo
O NBB começou com um jogo emocionante, mas de muitos altos e baixos no Panela de Pressão
por Vagner Vargas
Antes de a NBA completar sua primeira semana de temporada nova, o NBB também deu as caras. O início da temporada 2015/2016 do basquete brasileiro veio no feriado de 2 de novembro, com um jogo que prometia bastante: a reedição da final entre Bauru x Flamengo.
O duelo no Panela de Pressão terminou com vitória dos paulistas por 77 x 73, em um jogo de muitos altos e baixos, alguns erros primários e expectativa de que as duas equipes serão bem diferentes daqui até o fim do campeonato.
Bauru segue chutando de 3
Demétrius acabou de chegar a Bauru, então é até injusto cobrar mudanças drásticas de filosofia em tão pouco tempo de trabalho. Dito isso, o Bauru continuou sua saga de trás da linha dos 3.
Foram 31 bolas de longa distância ao longo do confronto, com 10 acertos, um aproveitamento de 32,3%. Um número baixo, ainda mais considerando o aproveitamento bem superior nas bolas de 2 (16 em 28, 57,1%).
Mais do que o volume alto, o mais preocupante é ver nas estatísticas que jogadores não especialistas foram os que mais chutaram. Alex converteu 1 em 6, enquanto Jefferson William acertou 1 em 8. Enquanto isso, Robert Day fez 3 em 5.
Bauru conseguiu ótimos chutes, especialmente após boas trocas de passe, mas oscilou entre momentos de bom basquete com arremessos totalmente forçados e fora de hora, principalmente no último quarto, quando a equipe liderava com folga e permitiu a reação do Flamengo.
De positivo na equipe, destaco a sólida atuação de Ricardo Fischer, com 18 pontos (62,1% de aproveitamento) e 6 assistências. O armador controlou o jogo e foi decisivo quando precisou. Além disso, converteu 4 de 5 bolas de longa distância, número excelente.
Outro que foi bem foi o pivô Wesley Sena. O jovem cometeu alguns erros, levou uma bronca homérica e até desproporcional de Alex (que estava muito pilhado), mas trabalhou bem no pick and roll, protegeu o aro e jogou 16 minutos. Ponto positivo também para Demétrius, que deu tempo de quadra para o pivô.
Um novo Flamengo
Do outro lado, o Flamengo deixou bem claro que será um time diferente daquele que ganhou o NBB na temporada passada. Sem Benite e Laprovittola, dois jogadores capazes de criar seus próprios arremessos, o Fla dependeu demais do ala Marquinhos.
Rafael Luz cadencia mais e finaliza menos, além de ser um bom defensor. Já Gegê, em tese um finalizador mais apto, entrou e errou os 9 arremessos que tentou. Inclusive jogou os minutos finais, com o titular no banco.
O técnico José Neto terá que adaptar seu jeito de jogar à nova realidade do elenco. O Flamengo precisa de um jogo mais coletivo, com mais movimentação sem a bola para que a laranja chegue em mais condições de finalização para aqueles que não têm o talento ofensivo e a individualidade de Marquinhos.
Mas nem tudo será dificuldade para os cariocas. O garrafão mostrou ser uma força dos flamenguistas, com Meyinsse, JP Batista e Rafael Mineiro atuando bem. Os dois primeiros têm muita qualidade perto da cesta, enquanto o outro pode jogar mais aberto e abrir as defesas. Ainda faltou Olivinha, machucado, que não jogou e vai formar um quarteto de excelente qualidade para o Flamengo.
Outra coisa que me chamou muito a atenção foi uma das jogadas finais da partida. Em um lance que era claro que o Flamengo precisava fazer a falta, Marquinhos e José Neto bateram cabeça sobre o que fazer e permitiram com que o experiente Alex queimasse muito tempo do relógio para o Bauru.
Marquinhos ficou aguardando a orientação do treinador, que demorou demais para ordenar a falta. Mas o próprio jogador admitiu que pecou no momento. Um cara tão experiente, de seleção, realmente não pode esperar o técnico decidir em um momento como aquele. Faltou leitura do momento do jogo. Um erro básico que pode muito bem ter custado a vitória aos cariocas.
O NBB segue nesta terça-feira, 3 de novembro, com dois jogos:
- Franca x Macaé, no Pedrocão, às 20h
- Rio Claro e Liga Sorocabana, no Felipe Karam, às 20h
