O Orlando Magic não quer — e não pode — andar para trás

Vagner Vargas
HIGH FIVE
Published in
6 min readJul 2, 2019

Uma análise das movimentações do Orlando Magic na Free Agency da NBA

Nikola Vucevic, o homem de 100 milhões de dólares

O Orlando Magic comprometeu mais de US$ 183 milhões naquela que foi uma das free agencies mais insanas da história da NBA. Neste texto vamos recapitular tudo que a franquia da Flórida fez e o que pensar para o futuro.

Vindo de uma temporada que pode ser considerada de sucesso, já que o time voltou aos playoffs depois seis longos e amargos anos como um dos piores times da liga, a prioridade para o Magic não poderia ser outra: manter a sua base e dar continuidade ao trabalho de Steve Clifford, que resultou em 42 vitórias e 40 derrotas em 2018/19.

Pode parecer pouco, mas o histórico recente do Magic mostra o significado do resultado para a franquia e seus torcedores. Desde 2012/13 a franquia não sabia o que era superar a marca de 40 vitórias em uma temporada. Neste período, foram campanhas desastrosas (20–62 em 12/13), trocas duvidosas, demissões de técnicos e uma franquia que parecia totalmente sem rumo.

Quando Clifford chegou, o Magic vinha de mais uma temporada tenebrosa, com 25 vitórias e 57 derrotas em 2017/18. Sob o comando dele, a equipe conseguiu 17 vitórias a mais sem grandes alterações no elenco e com uma defesa inspiradora. Esse é o primeiro ponto para tentar justificar o que o Magic procurou fazer na Free Agency.

E o que o Magic fez exatamente? Vamos lá.

Primeiro, renovou com aquele que é indiscutivelmente sua maior estrela, o pivô Nikola Vucevic. O montenegrino fez por merecer o contrato de 4 anos e US$ 100 milhões. Embora jovens como Aaron Gordon, Jonathan Isaac e Mo Bamba sejam vistos como o futuro da franquia, Vucevic é hoje o ponto focal do ataque do Magic, seja finalizando ou distribuindo a bola. Portanto, perdê-lo seria inevitavelmente dar um passo para trás e apostar no incerto, algo que a franquia não queria e nem podia fazer.

Vucevic teve médias de 20,8 pontos, 12 rebotes e 3,8 assistências por partida, chutando 51,8% e 36,4% em bolas de 3. Foi eleito para o All-Star Game pela primeira vez na carreira, provavelmente no momento mais importante, já que estava em seu último ano de contrato com o Magic. Renovar com Vucevic basicamente significava dar continuidade ao trabalho de Clifford e à reconstrução do time.

Depois de renovar com Vucevic, o Magic assegurou o retorno de seu sexto homem, Terrence Ross. O Tocha Humana foi um dos melhores reservas da temporada, contribuindo com 15,1 pontos, 3,5 rebotes e 1,7 assistências por jogo. Cobiçado por outras franquias, Ross foi fundamental para o Magic por seu poderio ofensivo e sua habilidade de “pegar fogo”, o que rendeu o apelido.

Terrence Ross foi o “fogo” que muitas vezes manteve acesa a chama do Magic em jogos cruciais na última temporada

Quando saía do banco, Ross tinha a obrigação de carregar a segunda unidade de Orlando ofensivamente. E assim o fez, o que rendeu a ele os R$ 54 milhões nas próximas 4 temporadas. Talvez Ross fosse substituível por alguém mais barato, mas o jogador sempre demonstrou a vontade de permanecer em Orlando e acredito que isso sempre tenha um peso grande em mercados menores da liga norte-americana.

Depois de renovar com suas peças mais importantes que estavam sem contrato, o Magic deu o passo mais contestado na Free Agency: assinou com o combo forward Al-Farouq Aminu, dos Clippers. O jogador preenche os requisitos do que Jeff Weltman e John Hammond procuram ao montar seus times: um jogador alto, versátil e com muita envergadura. Aminu converteu 34,3% das bolas de 3 que chutou na última temporada, algo que o Magic também buscava para melhorar o elenco.

Antes de entrar na projeção da equipe para a próxima temporada, é preciso entrar na última (e menor) contratação do Magic na Free Agency: o armador Michael Carter-Williams. Depois de assinar contratos de 10 dias no meio da temporada (o Magic perdeu o reserva Isiah Briscoe por lesão) e assegurar um lugar no elenco até o fim dos playoffs, Carter-Williams fez o suficiente para convencer a franquia da Flórida a oferecer um contrato garantido para a próxima temporada.

Mas como o armador que já foi Rookie of the Year na mesma classe que Victor Oladipo e estava encostado na NBA conseguiu isso? Com muita defesa e muita raça dentro de quadra. Desde que entrou no time, MCW se doou ao máximo em cada bola, exibiu toda sua capacidade defensiva no momento mais importante da temporada, quando o Magic perseguia a vaga nos playoffs, e provou que ainda pode tirar um ou outro coelho da cartola ao comandar um ataque. Mesmo com um arremesso errático, MCW fez o suficiente para voltar ao Magic e ralou muito para conseguir seu contrato.

E agora, Magic?

Além das renovações e aquisições — o Magic selecionou no draft o também combo forward Chuma Okeke —, a franquia da Flórida teve algumas baixas calculadas que não serão sentidas, como o armador Jerian Grant e o ala-pivô Jarrell Martin, e outras que causam certa dor nos torcedores, caso do pivô Khem Birch.

Com o retorno do lesionado Mo Bamba para a próxima temporada, o Magic optou por deixar Birch ir embora (pelo menos até agora) e aposta em uma rotação de alas e alas-pivô versáteis (Gordon, Isaac, Aminu e Okeke, quando retornar de lesão). Com a chegada de Aminu, o banco do Magic ganha força e consistência dos dois lados da quadra, o que com certeza ajuda Terrence Ross a exercer seu papel.

O trio BIG: principais apostas do Magic para o futuro

Com Gordon e Isaac titulares, o Magic teria Okeke e Aminu no banco para revezar as funções, o que dá a Steve Clifford mais margem de manobra em suas rotações. Além disso, a equipe certamente aposta na evolução de seus jovens, especialmente Gordon e Isaac.

Além disso, o armador Markelle Fultz parece ser a última peça do quebra-cabeça. O Magic tem mantido total sigilo sobre a recuperação do jogador, que teve diagnosticado um problema em um nervo que limitava seus movimentos. Caso Fultz tenha condições de viver à altura da expectativa que se lançou sobre ele, escolha número um do Draft, o Magic pode ter uma carta importante na manga para não só se manter entre os 8 melhores do Leste, como dar um passo adiante.

No entanto, a situação de Fultz é totalmente imprevisível, e ele pode vir a ser apenas mais um armador a ficar na reserva de DJ Augustin, que teve uma temporada bastante consistente.

Em resumo, o Magic optou por manter sua base e construir em cima dela, apostando principalmente na adição de Markelle Fultz à equação, no fortalecimento do banco com a chegada de Aminu e na evolução natural de suas maiores promessas. Com Steve Clifford, a equipe já demonstrou o potencial para ser uma das melhores defesas da NBA. Se as apostas se mostrarem válidas do ponto de vista ofensivo, o Magic tem totais condições de repetir a campanha da última temporada e enfim começar a embalar rumo a um futuro mais promissor, com mais vitórias e menos derrotas no horizonte.

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