O que eu penso sobre a polêmica do Hack-a-Shaq
Não é contra as regras, não é imoral, mas é chato pra c@#$%& e atrapalha o espetáculo
A série entre Los Angeles Clippers e San Antonio Spurs é a mais divertida da primeira rodada dos playoffs da NBA. Os Clippers tinham o mando de quadra, mas os Spurs podem fechar o confronto no jogo 6, no Texas. Porém, ao mesmo tempo em que os jogos têm sido sensacionais, uma polêmica persiste em atrapalhar o negócio: o que fazer com o Hack-a-Shaq (no caso o Hack-a-Jordan)?
O técnico dos Spurs, Gregg Popovich, tem se utilizado da tática de mandar o pivô DeAndre Jordan à linha de lance livre de propósito ao longo de toda a série. No jogo 5, realizado em Los Angeles, a estratégia deu muito certo. Os Spurs, que estavam perdendo, voltaram para o jogo graças aos seguidos erros de Jordan, principalmente no terceiro quarto, e acabaram vencendo a partida no fim por 111 x 107.
Antes de opinar, vamos deixar algumas coisas claras:
1) o Hack não é ilegal. A regra da NBA permite sua utilização ao longo de quase toda a partida, a não ser nos dois minutos finais. Ou seja, Popovich não está fazendo nada de errado. Trata-se de uma estratégia. Ao meu ver, é o mesmo que traçar um plano para evitar que Derrick Rose infiltre ou que Steph Curry fique livre na linha de 3 pontos.
2) O Hack é imoral? Eu não acho. Se o jogo permite, cabe ao treinador decidir se vai usá-lo ou não. Nem sempre o que a regra permite é moral, mas neste caso, não vejo problema deste ponto de vista.
Chato pra c@!%$+&#
Passadas as questões legais e morais, eu afirmo sem pestanejar: o Hack-a-Qualquer um é insuportavelmente chato. Quem assistiu ao terceiro quarto do jogo 5 entre Clippers e Spurs sabe do que estou falando. O período foi interminável graças à tática dos texanos, que mandaram DeAndre Jordan para a linha do lance livre de propósito em várias posses de bola consecutivas.
41,7% — aproveitamento de DeAndre Jordan nos lances livres na carreira
Deu certo? Deu, isso é inegável. O pivô chutou um total de 16 bolas e converteu apenas 7. Mas a que preço? Os 12 minutos de bola em jogo duraram fácil uns 40 no total. O jogo, que já começou tarde para nós no Brasil, por ser realizado na Costa Oeste, terminou por volta das 3h da manhã. E quem estava no ginásio? Será que gostaram de ficar assistindo ao Jordan massacrar o aro tantas vezes?
36,7% — aproveitamento de DeAndre Jordan na série contra os Spurs este ano
Tenho certeza que os torcedores do San Antonio Spurs não se incomodaram com a tática, especialmente depois da vitória. E eles estão certos. Tenho a mesma certeza em relação ao ódio que os torcedores dos Clippers estão sentindo neste momento. Também têm razão.
Mas não tenho dúvidas de que quem gosta de basquete e não torce para nenhum dos dois — meu caso — também não está nada feliz com o Hack-a-Jordan.
Ontem, durante o jogo, fiquei pensando em motivos para acabar com esse negócio. O primeiro que me veio à cabeça já foi definitivo. Quando os Spurs fazem a falta em DeAndre Jordan, eles evitam que o genial Chris Paul carregue a bola para o ataque e faça suas jogadas mágicas do outro lado da quadra.
O basquete é competitivo, todos querem ganhar, mas a NBA se vende como um espetáculo, um show proporcionado pelos melhores jogadores do mundo. Quando Popovich e outros se utilizam da estratégica do Hack, o show sofre um golpe muito duro. O jogo, que deveria estar em um momento espetacular, fica sonolento e nada atrativo. E isso é péssimo para a liga, que já está de olho na questão.
Nas mãos da NBA
O chefão da NBA, Adam Silver, já declarou que o assunto vai ser debatido na próxima reunião da liga. Mas ao meu ver, a própria liga já combate o Hack. Tanto que nos 2 minutos finais do último quarto uma falta intencional fora da bola dá os lances livres e a posse para a equipe que sofreu a falta. Portanto, a solução já existe, basta adotá-la para o restante do jogo.
A série entre Spurs e Clippers seria muito mais interessante do ponto de vista de quem está assistindo. Talvez os Spurs não tivessem vencido o jogo 5, é verdade, mas agora nunca saberemos. Pelo bem do jogo, torço muito para que os dirigentes e executivos revejam esta regra. Os playoffs estão no começo e já estão sendo sensacionais. Arrumar esta pequena falha só tornaria o que já é bom em algo ainda melhor.
@vagnervargas