Por que os Bulls estão chutando tão bem?

Vagner Vargas
HIGH FIVE
Published in
4 min readNov 1, 2016

O High Five analisa como o time de Chicago saiu da desconfiança para ser um dos melhores nas bolas de 3 neste início de temporada

Por Vagner Vargas

“E disseram que a gente não sabia arremessar, hein?”

Assim o Chicago Bulls comemorou a vitória por 118 x 88 sobre o Brooklyn Nets em sua página oficial no Facebook. Uma pequena alfinetada em quem levantou dúvidas quanto ao trio Dwyane Wade, Rajon Rondo e Jimmy Butler. Após a terceira vitória em três jogos, a franquia já se sentiu confortável em responder aos críticos em forma de uma singela provocação.

E quem pode culpá-los? Muito se falou de que o ataque dos Bulls seria uma grande preocupação pelo fato de Wade, Butler e Rondo não serem confiáveis arremessando bolas de três pontos — algo comprovado pelos números acumulados na carreira de todos eles. Pelo menos até agora…

A amostra é pequena, mas os Bulls aparecem na terceira posição em aproveitamento de tiros de longa distância, atrás apenas de San Antonio Spurs e Memphis Grizzlies. O time converteu uma média de 10,3 bolas de 3 nos três primeiros jogos da temporada, com um aproveitamento de 42,5%. A título de rápida comparação: os Warriors estão entre os piores da liga até agora, com míseros 26,7%.

E o que Wade, Rondo e Butler têm a ver com isso? Bastante. Wade e Butler estão entre os cinco jogadores dos Bulls que somam um aproveitamento de 50% ou mais nos tiros de longa distância. Os outros são Isaiah Canaan, Doug McDermott e, pasmem, Michael Carter-Williams. Wade lidera o grupo com surreais 55,6% e uma média de três bolas arremessadas por jogo.

É claro que a melhora individual no aproveitamento é parte fundamental de o time se destacar no quesito. Afinal, Wade e Butler têm números bem abaixo na carreira — 28,6% pro primeiro e 33,1% para o segundo — , mas é interessante observar outros detalhes nesse inesperado sucesso da equipe nas bolas de longe. Não é só isso que explica o sucesso dos Bulls.

Até MCW está com aproveitamento alto nas bolas de 3 em Chicago. Só pode ser a água da cidade

A primeira coisa que me chamou a atenção: o time titular, formado por Rondo, Wade, Butler, Taj Gibson e Robin Lopez registra um aproveitamento de 33% chutando em média quatro bolas de 3. Ou seja, o problema antecipado com a falta de espaçamento criada pelo trio jogando junto não é inteiramente falso.

O que os Bulls têm feito é compensar essa falha com um jogo que explora com sucesso os pontos fortes do trio, que convenhamos, não são poucos. Por isso, 84,6% das jogadas montadas pelos titulares acabam em arremessos de dois pontos, contra apenas 15,4% de 3. Além disso, o time têm tido sucesso também em aproveitar a individualidade de todos dentro do jogo coletivo. Assim, mais de 55% das cestas de dois convertidas vêm após uma assistência.

Dito isso, a turma de Chicago têm se sobressaído com outras formações também, aproveitando principalmente Isiah Canaan, o cara que ao lado de Jimmy Butler tem mais convertido bolas de 3. Das cinco formações em que o armador reserva é utilizado, em quatro o time chuta com aproveitamento acima de 40% de longa distância.

Jimmy Butler e os Bulls são só alegria após a primeira semana da temporada

E não só chuta com mais qualidade, mas em quantidade também. O número de bolas de 3 arremessadas, que é de 15,4% com os titulares, chega a 42% com outras formações. Entre as principais rotações, somente os titulares dedicam tão pouco do ataque aos tiros de fora. Algo totalmente compreensível dada as características dos jogadores.

Resumindo: os Bulls não só sabem chutar, mas sabem como, quando e com quem. Muito dos méritos deve ir para a comissão técnica chefiada por Fred Hoiberg, que pegou um elenco tido por muitos especialistas como “manco” e começa a temporada sabendo extrair cada gota do talento e respeitando as características de seus atletas.

Um time que começou a temporada com uma grande interrogação na cabeça, os Bulls em apenas três jogos conseguiram se transformar rapidamente em um dos mais divertidos de se assistir. O sucesso coletivo se reflete em um Dwyane Wade rejuvenescido, um Rajon Rondo focado e um Jimmy Butler cada vez melhor.

O grande desafio é fazer a receita se manter eficiente diante do que os adversários vão começar a propor para combater o que os Bulls têm apresentado em quadra. Mas Hoiberg parece ter uma ideia bem definida e o elenco na mão para manter a equipe não só competitiva, mas entre os melhores da Conferência Leste.

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