Vítor de Moraes
HIGH FIVE
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4 min readMay 22, 2015

Dia desses, um amigo me perguntou se “o UniCeub é o Brasília”. Dúvida comum, mas insossa. Potato, potato. Há um rol imenso de perguntas a serem respondidas. Quem manda nesse time? Quem são os cotistas da franquia? Onde está o site do time? Por que o UniCeubbarraBRBbarraBrasília fica a ver navios quando o bicho pega no mercadão do NBB? Sinceramente — e infelizmente — são perguntas complicadas.

Há alguns (poucos) anos, tínhamos as respostas todas em apenas uma ligação para o (61) 8115-xxx3. Saudade, Espanha. Com o sr. Marco Bajo não tinha mistério nem meias-palavras.

— Espanha, quem manda nesse time?

— Fulano.

— Mas e cicrano?

— Faz nada, só finge que manda. Só tem nome.

Em uma rápida passada de olho na Wikipedia do Instituto Viver Basquetebol, o dono da franquia, fica fácil. “Presidente: Homero Neto”. Pode até ser. Mas é na teoria? Sinceramente, nunca vi o sr. Homero falar sobre a equipe. Não sei quem é o sr. Homero. O torcedor que edita a página na Wikipédia não inventou, a informação está no site da Liga Nacional de Basquete. Mas o “quem é quem” na página da diretoria do UniCeub não mostra o sr. Homero Neto. Uma busca no site da instituição mostra apenas que ele ocupa o cargo de “vice-presidente da Cipa”. Cipa? Comissão Interna de Prevenção de Acidentes?

E o Jorge Bastos? Ainda apita em algo naquele ginásio? Antes, na época do Espanha, ele respondia pelo time. Mas as coisas mudaram, o Universo virou UniCeub, e ele parou de falar em nome da equipe. Mas está em todos os jogos, na área destinada às famílias dos jogadores.

E não seja louco de perguntar quem manda no time. Você será considerado um enxerido. Experimente perguntar quem pode falar em nome do UniCeub/BRB. Uma pena, Marco Bajo partiu pra Goiânia. Ninguém sabe responder. Aliás, sabem, óbvio. Mas o joguinho político não deixa a informação ser revelada. Não pode falar que é alguém do UniCeub, porque o BRB, o outro patrocinador, não vai gostar. Existe um conselho? E, aí, os pepinos sobram pro Rodrigo Costa, diretor de Marketing e Comunicação da universidade. Que, por sua vez, não fala nada.

Lembram do tal ginásio que seria construído, para quatro, cinco mil pessoas? O projeto existe. Tento ter acesso a ele há um tempo, mas sempre ouço que “fulano precisa aprovar”. Mas a tal aprovação nunca vem. Será que o projeto existe mesmo? Agora, fiquei confuso.

José Carlos Vidal: de mãos atadas

E a lentidão em contratar? Já virou tradição e piada. A cada fim de temporada, os torcedores já brincam entre si. José Carlos Vidal, o técnico (tem parte da franquia também? Ninguém sabe), fica de mãos atadas. Precisa saber quanto poderá gastar no mercado. Mas ele precisa ir até o UniCeub, para conversar com x, que pedirá informações para y, que precisa ligar para z…Que está viajando. Enquanto isso, as equipes brasileiras, ao menos, fecham acordos verbais com os principais jogadores.

Numa dessas, o time perdeu Alex e Nezinho — não vamos nem entrar no assunto da saída inexplicável de Sergio Hernández. As semanas passaram. Zé Vidal ficou de saco cheio de tanto receber ligações minhas perguntando por contratações. E a resposta era sempre a mesma: “Não tenho nenhuma novidade”. Nos 45 do segundo tempo, chegou Darington Hobson. Mito, chegou brilhando. Sim, azar, mas ele foi embora. Ninguém entendeu, tampouco ouviu explicações.

Não sei os torcedores, mas a impressão que tenho é de marcha à ré. Depois de um incontestável tricampeonato do NBB, tudo desandou. Acreditem: o time não tem site. Site! Hpg, blogspot, blogger, nada! Sabe o Mogi das Cruzes, aquela equipe que até duas temporadas atrás não era nada? Jogue aí no Google “site mogi basquete”. Digite aí “site liga sorocabana”. E fique de cara.

Falar em programa de sócio-torcedor, então, é sacanagem. Deu pra entender perfeitamente quando Guilherme Giovannoni não confirmou presença para 2015/2016. Ele não tem mais contrato e disse que só fica se a diretoria (quem é a diretoria mesmo?) aparecer com um projeto bom. Bom mesmo.

Lembro quando, há uns poucos meses, um episódio retratou bem esse quiproquó. A página do time no Facebook publicou uma foto. “LeRoy Hickerson é o novo reforço”, escreveu x. É, x mesmo. Primeiro erro: na mesma hora liguei pro Zé Vidal. “Não, não fechamos ainda”, ele me disse. Fui atrás da assessoria. Segundo erro: ninguém sabia quem tinha postado a foto! Como assim??

À exceção do contrato de patrocínio do BRB, banco do DF, o time não tem a obrigação de tornar público os detalhes do dinheiro investido pelo UniCeub. Mas por que não explicar aos torcedores o delay nessa intertemporada — só Bauru e Flamengo não estão nela — para contratar? Por que não tornar essa gestão transparente? Toda essa nebulosidade só deixa os brasilienses mais céticos. O que será do UniCeubbarraBRBbarraBrasília?

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