Stephen Curry, o maior arremessador que a NBA já viu
Por que o armador do Golden State Warriors
tem o melhor arremesso de todos os tempos
É isso aí, vou começar a brincar no Medium com polêmica. Stephen Curry não merece apenas o prêmio de MVP da temporada 2014–2015 da NBA, ele merece também ser reconhecido como o maior arremessador da história da NBA. Não digo isso por causa da temporada fenomenal, ou dos 40 pontos anotados no jogo 3 da série contra os Pelicans e nem da bola ESPETACULAR que o menino matou para levar a partida em questão para a prorrogação.
Primeiro, vamos estabelecer quem entraria nessa disputa com ele? Que tal incluir na briga ninguém menos que Reggie Miller e Ray Allen, os caras que mais mataram bolas de fora em todos os tempos na liga norte-americana?
O jogo mudou muito ao longo dos anos, a bola de 3 ganhou importância, mais gente se especializou e moldou seu jogo a partir desta característica, mas ninguém fez o que Stephen Curry fez na temporada 2014–2015.
Foram 286 arremessos certeiros em um total de 80 jogos. Uma média de 3,6 bolas convertidas por partida em 8,1 arremessadas. Sim, Stephen Curry chuta muito de 3. Mas também acerta muito. O recorde anterior era dele próprio, com 272. Em 2012–2013 ele havia superado Ray Allen, antigo detentor do recorde com 269 na temporada 2005–2006.
Agora façamos uma pausa nas estatísticas para falar um pouco de história. Faço isso pois acho determinante na minha afirmação lá de cima, de que Stephen Curry é o melhor jogador da NBA a arremessar uma bola da linha dos 3 pontos.
A linha de 3 foi testada pela primeira vez na NBA na temporada 1978–1979, durante a pré-temporada. Depois disso, ela foi testada de forma oficial em 1979–1980 e finalmente virou uma regra oficial a partir de 1980–1981. É, relativamente, uma regra nova, que mudou muito as possibilidades de um jogo de basquete, como vimos no vídeo ali em cima, em que o próprio Curry consegue levar um jogo de playoff à prorrogação graças a ela.
A regra se manteve inalterada até a temporada 1994–1995, quando duas mudanças também afetaram o jogo e o desempenho dos atletas. Primeiro, a distância da linha para a cesta foi diminuída. Até então, ela ficava a 7,23 m no arco da cabeça do garrafão e a 6,70 m nos cantos — a famosa zona morta. Naquele ano, passou a ser uniforme e adotou a distância de 6,70 m em toda sua extensão. Ou seja, ficou mais próxima da cesta.
Stephen Curry obviamente não pegou esse período, era apenas um menino à época. Mas Reggie Miller e Ray Allen sim, principalmente o primeiro. O ala do Indiana Pacers esteve em quadra durante as três temporadas em que a linha ficou mais próxima da cesta, enquanto Allen só “aproveitou” durante a temporada 1996–1997. A regra voltou à distância original em 1997–1998.
Eu já li por aí que essa mudança teve como motivação Michael Jordan. Não vou entrar no mérito da fofoca, se é verdade ou não, mas vamos analisar os fatos. MJ nunca foi um grande arremessador de longa distância. Foi um desastre no começo da carreira, para ser sincero, mas durante o período em que a linha ficou mais próxima, ele teve duas das três melhores temporadas de sua vida no quesito.
E não foi só isso. A mudança da regra mudou também o jogo de Jordan. Em 1994–1995, ele atuou em apenas 17 jogos, então não vou contar. Mas em 1995–1996 e 1996–1997, o ala dos Bulls chutou e converteu mais bolas de 3 do que em qualquer outra temporada em que esteve na NBA.
Com Reggie Miller foi a mesma coisa. O ala dos Pacers aproveitou bem os três anos da nova regra e subiu bastante seus números em relação às temporadas anteriores. Até aquele ano, Miller tinha como melhor média 2 bolas de 3 pontos convertidas por partida. Nos três anos com a regra alterada, ele converteu, em média, 2,4, 2,2 e 2,8 bolas por jogo. Um aumento considerável.
Bom, acabei misturando um pouco a história com estatísticas, mas vamos voltar aos números de vez. E vamos focar em Stephen Curry, vulgo o melhor arremessador que a NBA já viu.
A questão é: analisando as carreiras de dois dos melhores chutadores de 3 que conhecemos, é perceptível que alcançar um aproveitamento de 40% já é algo louvável. Tanto Ray Allen quanto Reggie Miller variaram bastante esse número no começo das carreiras. O que não ocorreu com Curry.
Desde que entrou na NBA, em 2009–2010, o armador do Golden State Warriors teve como pior desempenho em termos de aproveitamento nas bolas de 3 este número aqui: 42,4%. Somando as seis temporadas dele na liga, Curry tem absurdos 44% de chutes certeiros de longa distância. A melhor fase dele foi em 2011–2012, com 45,5%.
Nas primeiras três temporadas, ele não chutou tanto quanto nas três últimas. Passou de mais ou menos 4,5 tiros de longe para quase 8. É um número que impressiona, mas não tanto quanto a eficiência.
Além disso tudo, a variedade de bolas que Stephen Curry conclui é assustadora. Ele não é um jogador como Kyle Korver, que depende mais do catch and shoot. Curry é o armador de seu time, o responsável por criar as jogadas e fazer o ataque funcionar. Logo, muitos de seus arremessos saem em situações ainda mais difíceis de acertar, como depois do drible e em contra-ataques.
Isso sem falar na mecânica do arremesso e na velocidade com que Curry arremessa. Nisso ele também pode ser comparado aos grandes no quesito. Basta dar uma olhada no vídeo lá de cima de novo para perceber como o gatilho do armador é extremamente veloz.
O arsenal dele é vasto, como o New Orleans Pelicans teve o desprazer de notar no já citado jogo 3 da primeira fase dos playoffs deste ano. Portanto, encerro aqui meu caso. Considero Stephen Curry o melhor arremessador de 3 pontos que a NBA já viu e deixo o vídeo do famoso jogo desta semana para tentar convencê-los a compartilhar da minha opinião.
Concorda? Discorda? Comente aí, me xingue no Twitter, mas vamos debater. Se não Curry, quem é o melhor arremessador de 3 pontos da história da NBA?
