Sol, suor e muitas baleias

Hew Barreto
Hipótese Nula
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4 min readMay 6, 2016

Em julho de 2015, estava eu prestes a viver a melhor experiência que já tive na vida! Mas antes, deixe eu me apresentar: sou estudante do curso de biologia na UFAL e me arrisquei a enfrentar uma seleção de estágio no Instituto Baleia Jubarte no qual passaria 5 meses com dedicação exclusiva.

Alguns sentimentos me tomaram no momento, o medo do novo, de arriscar, de não passar, de passar, de como me manter durante esse período com pouca grana(mas pouca mesmo). Isso e mais uma cachoeira de dúvidas, mas com uma certeza: essa oportunidade só me acrescentaria em todos os sentidos possíveis.

A confirmação veio e de repente eu estava seguindo rumo ao extremo sul da Bahia. Minha residência seria no Arquipélago Marinho dos Abrolhos(yeaaah), que fica a aproximadamente 75 km da costa.

Quatro pesquisadoras embarcaram rumo ao arquipélago e logo na chegada nos deparamos com alguns grupos de baleias (omg),o animal mais lindo e magnífico que eu já vi! Pra completar as boas vindas, teve salto na proa do barco com direito a lágrimas (minhas é claro). Como um animal que chega a 16 m e 40 tonelada consegue se projetar fora d’agua daquele jeito? Fiquei em choque, foi visceral, até pôr os pés em terra firme não parei de me arrepiar.

Pra quem não sabe, Abrolhos é a maior área de reprodução do Atlântico Sul das baleias jubarte (Megaptera novaeangliae), que são conhecidas por seu comportamento ativo de superfície com saltos, exposição e batidas de peitoral e caudal.

O arquipélago possui 5 ilhas. Santa Bárbara é a única ilha habitada e está sob jurisdição da Marinha do Brasil e o ICMBio ocupa uma casa que abriga guardas parques e pesquisadores, o ambiente é muito acolhedor, pois ficamos imersos a diversos conhecimentos e aprendemos com cada pesquisador que passou pela casa. Bom, tá tudo muito lindo, mas vamos trabalhar?!

Nosso trabalho consistiu em monitorar as jubartes a partir de um ponto fixo na parte mais alta da ilha. A equipe formada por três observadores, com o auxílio de dois binóculos e um teodolito(o Téo), equipamento que mede ângulos verticais e horizontais e aponta a localização das baleias.

Treinando com os binóculos e o teodolito (no tripé)

Todos os dias subíamos pela manhã e só voltávamos ao anoitecer, com muito sol na cabeça e muito calor, (chegamos a pegar 35°). Parecíamos quase muçulmanas cobertas de tanto pano pra evitar o sol, afinal seriam 5 meses nesse ritmo, mas tudo bem , afinal nos víamos baleias TODOS OS DIAS! Só isso já era recompensador, além da vista ser incrível. Depois contamos com um reforço de uma tenda gazebo (amada tanto quanto o Téo)

Arquivo pessoal

Durante a estadia também ajudávamos os guardas parques, sempre que necessário, na passagem das primeiras orientações aos turistas no barco, e na trilha da ilha Siriba, única em que é possível fazer o desembarque. O trabalho é duro, mas nas horas vagas tem mergulho garantido!

Durante esse estágio conheci pessoas maravilhosas , com experiências diversas, pessoas que são apaixonadas pelo que fazem, que lutam pela conservação dessa espécie, pela conservação do ParnaAbrolhos.

Pude sair da sala de aula e entender que as coisas são muito mais complicadas que nos livros e teorias. Lidamos diretamente com pessoas que vivem do turismo e da pesca e precisamos encontrar soluções para que cada um possa viver em harmonia .

Vida longa ao projeto Baleia Jubarte e ao Parque Nacional Marinho dos Abrolhos!

Agradeço a todos que contribuiriam com meu crescimento pessoal e profissional!

foto por Érika Soares

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