A importância da ética no jornalismo

HiperLAB UERN
Agência HiperLAB de Reportagem
3 min readSep 12, 2021

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Por Ingrid Mota Furtado — Da Agência HiperLAB UERN

Em qualquer área ou atividade que o ser humano exerça há questões éticas que devem ser seguidas, e elas se caracterizam como um conjunto de regras que pretendem estabelecer limites nas profissões. No jornalismo isso não é diferente, pois o jornal tem um grande poder de mudar e formar opiniões na sociedade. Com isso, os valores éticos devem ser seguidos para que as pessoas envolvidas não sejam prejudicadas.

Sem a ética, o jornalismo se torna um mundo sem regras, violado, desorganizado, com desavenças entre jornalistas e manipulação de informações. Sendo assim, a importância da ética no jornalismo é indescritível. O Código de Ética do Jornalista Brasileiro foi criado em 1949 para servir de base a todos os profissionais da área. O documento tem como objetivo auxiliar jornalistas e estabelecer diretrizes que protegem os mesmos.

Para que o jornalismo seja bom, responsável e coerente com a informação, é necessário que ele aborde a verdade nos seus textos, com informações exatas, verificadas e opiniões expostas com honestidade. A credibilidade do jornal está nesses detalhes.

A liberdade de expressão é bastante utilizada nos meios de comunicação, porém, é um direito empregado muitas vezes sem critérios e sem responsabilidade. Um exemplo disso é o caso do sequestro, cárcere privado e assassinato de Eloá Pimentel, no qual ficou evidente a falta de seriedade dos meios de comunicação que cobriram o caso.

O fato ocorreu em 2008 em Santo André, São Paulo, quando o motoboy Lindemberg Alves manteve Eloá presa em sua própria residência por mais de 100 horas. Após a interferência da polícia ao entrar no apartamento, Lindemberg atirou contra Eloá e a outra refém Nayara Silva. Várias emissoras e meios de comunicação colaboraram para o fim trágico do caso. Porém, o programa “A Tarde é sua”, da emissora Rede TV, se sobressaiu com a falta de ética. A apresentadora Sônia Abrão falhou com a responsabilidade social de jornalista quando ligou ao vivo para o sequestrador. Para muitas pessoas, aquele era um momento delicado no qual o sequestrador se sentiu protegido pela mídia, e esse foi um dos fatores para o desfecho trágico.

Um dos principais códigos de ética foi quebrado por Sônia Abrão, o que afirma que o jornalista não deve colocar em risco a integridade das fontes e dos profissionais. Além disso, infligiu a imagem da refém e o direito à intimidade e à privacidade, se preocupando apenas com a audiência do programa. O artigo sete também foi quebrado: ele diz que o jornalista não pode expor pessoas ameaçadas, exploradas ou sob o risco de vida. Isso foi desobedecido quando a jornalista fala ao telefone com a refém, aumentando a tensão entre os envolvidos.

A ética jornalística para os profissionais da área de comunicação é de suma importância. É possível ver na prática como a falta de responsabilidade social, os impasses éticos e a falta de empatia podem prejudicar o andamento de um caso, podendo causar até mesmo uma fatalidade. O caso Eloá foi mais uma prova da falta de ética presente no jornalismo brasileiro. A busca gananciosa pela audiência e pela fama parece superar qualquer código ou regra ética.

É importante que os jornalistas atuais e os futuros profissionais saibam sobre a importância da ética na profissão, que estudem e sigam o Código de Ética e saibam que, além da audiência, do sensacionalismo e da fama, existem pessoas que têm o direito de ter suas imagens resguardadas.

Ingrid Mota Furtado é estudante do curso de Jornalismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Este artigo foi produzido para a disciplina Edição Jornalística, ministrada pelo professor Esdras Marchezan.

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O HiperLAB UERN é o Laboratório de Narrativas Multimídia do curso de Jornalismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).