Em dia de jogo, equipe se prepara para mostrar talento em campo

Baixinha Futebol Clube: um misto de esporte cultura e educação em Mossoró

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Maxson Ariton — Da Agência HiperLAB/UERN

O futebol de várzea é uma modalidade esportiva que vai além do próprio futebol praticado em todo o mundo. É um misto de esporte, cultura, lazer e educação. É um ambiente onde pessoas de um mesmo bairro, comunidade ou região se encontram para se expressar, interagir, conviver dentro de um círculo organizacional político e social, que tem a prática desportiva como motivo primário para o encontro.

Em Mossoró, no bairro Abolição 1, mais conhecido como bairro Baixinha, local marginalizado e carente da cidade, várias expressões artísticas e culturais se destacam como potencializador de encontros entre as pessoas da comunidade: quadrilhas juninas Zé Matuto e Zé matutinho de dona Marlene. A escola de samba Malandros do Morro, o grupo de Pastoril da rua de Canindé, o grupo de teatro o Pessoal do Tarará. O bingo e o vispa do bar de dona Amelinha. Em paralelo, o time de futebol de Várzea Baixinha (time do bairro) consegue reunir no campo de terra batida CSU, um público que por vezes não tem muita afeição ou propensão aos ritos mais culturais e artísticos.

O grupo de pessoas que se encontra e convive no campo do CSU durante o período semanal, de segunda-feira à sexta-feira, é um núcleo majoritariamente masculino e de várias idades. Ali, nesse local físico, além da prática esportiva se cria e desenvolve-se através de conversas, diálogos, reuniões, um caráter político-social do cidadão daquele bairro.

Na resenha, várias discussões acontecem tendo oradores e ouvintes com distintas perspectivas políticas. Assim sendo, o campo do CSU, onde a primeira função seria a prática desportiva acaba se tornando um local de formação cultural, política e social.

A várzea, dessa forma, fomenta o cidadão através do convívio periódico. “O time da Baixinha pra mim é onde eu encontro meus amigos pra jogar conversa fora e aliviar a cabeça do trabalho. Eu nem jogo bola na verdade. Eu gosto é de está resenhando ali no campo com os meus amigos. vou todas as noites pro treino e domingo é jogo de verdade” explica Walisson Rodrigo, apelidado de “bigode” e morador do bairro Baixinha.

Moradores do bairro Baixinha no campo do CSU no pós-treino

Aos finais de semana, o público que comparece ao campo do CSU é um pouco diferente do que está presente durante a semana. Sábado e domingo são os dias onde o time da comunidade recebe time de outros bairros pra jogar, seja disputando um campeonato, ou apenas um amistoso.

Nos dias de jogos, é possível perceber que o público se torna mais familiar. Mulheres e crianças vão ao campo assistir aos jogos e torcer pelos seus amigos e familiares. Bem como também, pessoas de outros bairros se deslocam para poder acompanhar o jogo de futebol no bairro Baixinha. É uma festa! Bandeiras, charanga, fogos de artifícios, gritaria e descontração é o que se observa durante os jogos. “Todo domingo eu venho tomar minha cervejinha e assistir a Baixinha ganhar. Se eu não vir é mesmo que eu não ter tido final de semana. Pra mim, é assim. Baixinha meu amor”, diz o morador Luiz Nonato.

O time de futebol de várzea Baixinha, é muito mais que um simples time de futebol de um bairro. É um lugar de encontro. De troca de experiências e de convívio entre as pessoas de uma comunidade. Nesse local, as pessoas se sentem protegidas e dispostas a se manifestar e se divertir. Ultrapassando o caráter apenas desportivo, o Baixinha FC constrói além de atletas, cidadãos pensantes.

Reportagem produzida durante a disciplina Jornalismo Esportivo, do curso de Jornalismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Orientação: Profª Drª Lígia Coeli.

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O HiperLAB UERN é o Laboratório de Narrativas Multimídia do curso de Jornalismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).