Transporte de alimentos e produtos de saúde não seriam afetados. Foto: Valter Campanatto/Agência Brasil

Comitê científico do Nordeste recomenda proibição de tráfego intermunicipal e interestadual

HiperLAB UERN
Agência HiperLAB de Reportagem

--

Sugestão consta no boletim Nº 4, divulgado pelo comitê na quinta-feira (16/04))

Endurecer as medidas de segurança como forma de garantir maior índice de isolamento social e evitar ampliação na quantidade de casos e mortes pela Covid-19 no Brasil. Esse é o pensamento central do Comitê Científico do Nordeste para o enfrentamento da doença, criado pelos governadores dos estados nordestinos. Entre as medidas mais duras sugeridas pelo comitê em seu mais recente boletim — divulgado na quinta-feira — está a proibição do tráfego intermunicipal e interestadual nas estradas que cortam os estados do Nordeste.

“Considerando todas as projeções de ampliação do número de infectados e da já conhecida velocidade de contágio desse vírus, o que desafia a capacidade de qualquer sistema de saúde do mundo em atender de maneira adequada sua população, recomendamos que as medidas de restrição de mobilidade sejam ainda mais rígidas, devendo-se proibir, em todos os Estados do Nordeste, o tráfego intermunicipal e interestadual, garantindo, porém, a segurança dos profissionais de serviços essenciais, com destaque para o transporte de alimentos e materiais de saúde”, aponta o comitê no boletim divulgado ontem.

O trabalho do comitê serve de orientação de estratégias e trabalho a todos os governadores. Além da recomendação sobre o tráfego nas estradas, o grupo de especialistas recomendou também a formação de uma brigada emergencial de saúde que fortaleça o sistema de saúde pública nos estados.

“É preciso criar com urgência uma Brigada Emergencial de Saúde no Nordeste ampliando o contingente de médicos e demais profissionais de saúde no atendimento à população. Esta iniciativa deve servir para levar médicos aos municípios atingidos pela pandemia e a todos os serviços de saúde mobilizados para este enfrentamento. O Brasil ainda tem apenas 2,2 médicos por mil habitantes, sendo que, na região Nordeste, esse número era, em 2018, de 1,55 médicos por mil habitantes. É preciso reconhecer que no interior dos Estados a vulnerabilidade social e a escassez de atendimento médico são ainda maiores.”, reforça o texto do boletim.

A formação dessa brigada contaria com apoio das universidades públicas, através de um programa de adaptação formativa. “Considerando a necessidade imediata de provimento de profissionais em decorrência da pandemia, o Comitê recomenda aos governadores a criação de programa de adaptação formativa, com complementação curricular, na modalidade ensino-serviço, que assegure um processo rígido de avaliação ao longo do tempo a ser realizado pelas Universidades Públicas na região, e permita, ao final, a validação dos diplomas daqueles que vierem a ser aprovados. Tal programa poderá ser parte da Brigada emergencial de saúde, tornando possível que os profissionais nele inscritos possam atuar sob supervisão, somando-se, assim, à luta contra o Coronavírus. Nesse sentido, a recomendação de criação de programa de complementação curricular e de avaliação na modalidade ensino-serviço, atendem às normas legais (§2º, do art. 48, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação — LDB, Lei nº 9.394/96 e na Resolução do Conselho Nacional de Educação nº 3, de 22 de junho de 2016) e, mais do que isso, viabilizam o regular funcionamento dos serviços de saúde em tempos de guerra, preservando, com isso, grande número de vidas humanas”.

MONITORAMENTO

Os pesquisadores que integram o comitê fazem um alerta aos governadores sobre a necessidade de investimento no fornecimento de EPIs aos profissionais de saúde que atuam no combate à pandemia, assim como “canalizar o contingente dos chamados testes rápidos a eles”.

O comitê destaca ainda ser fundamental o investimento em tecnologia que possibilite aos governos um monitoramento mais eficientes das pessoas. Um dos mecanismos para isso é a implantação imediata do aplicativo Monitora Covid-19, disponibilizado pelo Consórcio Nordeste.

“Este aplicativo nos dará melhores condições para atendimento remoto, ampliação das possibilidades de diagnóstico precoce, isolamento dos casos confirmados e monitoramento da cartografia do contágio. Assim, também é necessário buscar soluções tecnológicas para que, por meio do aplicativo, se produza mapas de calor e se conheça, em tempo real, dados do fluxo rodoviário e urbano. Deve-se buscar, com isso, identificar como vírus está se espalhando e quais cidades e bairros tornaram-se hubs de disseminação”.

O comitê científico é coordenado pelo neurocientista Miguel Nicolelis e pelo físico e ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. Integram o comitê os seguintes pesquisadores: Adélia Carvalho de Melo Pinheiro (BA); Antônio Silva Lima Neto (CE); José Noronha (PI); Ricardo Valentim (RN); Luiz Cláudio Arraes de Alencar (PE); Sinval Brandão Filho (PE); Marco Aurélio Góes (SE) Marcos Pacheco (MA); Maurício Lima Barreto (BA); Priscilla Karen de Oliveira Sá (PB); Roberto Badaró (BA); e Fábio Guedes Gomes (AL).

Confira o boletim Nº 4 do Comitê Científico do Nordeste

A Agência HiperLAB é uma ação do Laboratório de Narrativa Hipermídia (HiperLAB), projeto de extensão do curso de Jornalismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), coordenado pelo Prof. Ms. Esdras Marchezan.

--

--

HiperLAB UERN
Agência HiperLAB de Reportagem

O HiperLAB UERN é o Laboratório de Narrativas Multimídia do curso de Jornalismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).