Mercado de energia solar tem crescimento no País

RN possui apenas 1,9% de potência instalada em energia solar

HiperLAB UERN
Agência HiperLAB de Reportagem
6 min readDec 10, 2019

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Isaías Oliveira/Laíse Lira— Da Agência HiperLAB

Estado ocupa a 15ª colocação no ranking nacional, com uma potência instalada de 28,1 MW. Minas Gerais lidera com 305,3 MW de potência instalada

A energia solar é uma fonte de energia limpa que aproveita a radiação do sol para gerar eletricidade. O uso desse tipo de energia vem crescendo e se fortalecendo no Brasil e no mundo. Com o sol dando a cara todos os dias em grande parte das cidades do Nordeste, presume-se que a região possa ocupar lugar de destaque na geração deste tipo de energia. Mas os dados mostram o contrário.

O Ceará — estado nordestino mais bem colocado no ranking nacional de geração de energia solar distribuída — ocupa apenas o 9º lugar, ficando atrás de Santa Catarina, Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, e Minas Gerais, que assume o topo do ranking. Os dados são do mapeamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). No Rio Grande do Norte a situação é ainda mais desafiadora. Em 15º lugar, o estado responde por apenas 1,9% da potência instalada nacional, com 28,1 MW.

Apesar do estado não ser um dos mais bem colocados no ranking nacional, o setor de energia solar fotovoltaica cresceu 175% em um ano no Rio Grande do Norte e a estimativa é que em 2040 só a energia do sol vai representar 32% da matriz energética brasileira.

O barateamento da tecnologia, a crescente preocupação com o meio ambiente, a abundância do recurso solar em muitos pontos do planeta e a melhoria da eficiência dos materiais utilizados pela indústria são alguns dos fatores que contribuirão para a difusão ainda maior da energia solar.

“O retorno financeiro do valor investido se dá em torno de três anos e pode ser instalado em qualquer lugar, casa, empresa ou zona rural”, diz Thiago Silvano, Engenheiro de automação e proprietário da Taldi Engenharia.

Investir em energia renovável significa investir em um futuro sustentável e lucrativo, como mostra o incrível aumento do uso de fontes renováveis na última década, dentre elas, a energia solar.

O uso da energia renovável é uma tendência mundial. De acordo com um relatório divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas), a energia solar vem se destacando perante as demais fontes de energia elétrica no mundo, e hoje é considerada a principal responsável pelo desenvolvimento sustentável. Somente em 2018, foram investidos US$ 139,7 bilhões em energia solar no mundo.

Levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) mostra panorama nacional

Uso comercial

O benefício da economia e redução de quase todo o custo nas contas de energia elétrica é certamente a principal vantagem para todos os consumidores que adquirem um sistema de energia solar. Iago Rodrigo, projetista da empresa NISSI — Energia Solar, avalia o que pode mudar na vida de um empresário ao optar pelo uso desse sistema:

“De cara, ele vai aumentar a receita dele. Porque energia é um dos custos fixos de uma empresa. Você nunca vai parar de tê-lo, e grandes empresários sempre têm a conta de energia muito alta.

Com isso, o sistema solar se torna um investimento ao invés de um gasto. Ele vai ter aquele investimento inicial, só que o sistema vai se pagar depois de um tempo. Há empresário que, vamos supor, tem uma conta mensal de 10 mil reais de energia, e a conta desce para 100 reais. Beleza, nos três ou quatro primeiros anos ele vai estar pagando uma parcela de financiamento, só que nos demais anos ele já vai ter lucro… economizando 10 mil reais por mês, que já podem ser aplicados em outra coisa”, disse.

Empresários de grande e pequeno porte tem optado pelo sistema de energia solar. “Depois que eu instalei a energia solar no meu mercado, o valor da minha fatura de energia reduziu bastante, notei uma grande melhora, mas eu espero que seja uma melhora maior, só que a gente tem que pagar umas taxas de energia, porque infelizmente, no brasil, o brasileiro paga muito imposto e até da própria energia a gente tem que pagar”, contou Elinaide Diógenes, dona do Mercadinho São Francisco, em Mossoró/RN.

A empresária investiu 140 mil reais na adesão ao uso da energia solar em sua loja e é consciente de que o retorno no investimento se dá a longo prazo: “Ainda não tivemos muito retorno, porque isso só vai acontecer daqui a 2 anos. O investimento para se instalar energia solar é muito alto e a gente faz através do banco, com isso, temos que ressarcir o banco depois”. Thiago Silvano, da Taldi Engenharia, enumera alguns fatores que levam um empresário a aderir ao uso da energia solar: “a economia financeira, o fato de colaborar com o meio ambiente, painel sendo sustentável e a participação nas novas tecnologias”.

Uso residencial

A energia solar residencial desperta o interesse de muitos. Pessoas comuns estão cada vez mais em busca de fontes alternativas de energia, e as fontes renováveis são as opções mais procuradas. A energia solar, além de ser uma opção limpa, gera economia ao longo do tempo e traz diversos benefícios, até mesmo a valorização do imóvel é um dos atrativos. Claro que ainda existem muitas dúvidas quanto ao investimento nesta tecnologia, mas a procura cresce cada vez mais.

“É um campo do mercado que está em constante evolução: a energia solar residencial. Hoje, o uso residencial já está passando o comercial — em número de instalações e não no tamanho do sistema, porque é proporcional, em um lugar que gasta mais energia, como em uma empresa, o sistema dele vai ser bem maior do que o de uma pessoa que gasta 500 reais de energia. O residencial está em grande crescimento, vou explicar porquê: Vamos supor que em uma casa se gaste 500 reais de energia, a parcela do financiamento vai girar em torno disso, então o cliente estará trocando uma conta por outra.

Assim que instala o sistema, a conta de energia, se ele for trifásico, vai para 60 reais, e se ele for monofásico, vai para 20 reais. Aquele dinheiro que ele gastaria na sua conta de energia vai pagar a sua parcela de financiamento. Em quatro anos, mais ou menos, ele termina de pagar o sistema e ainda vai ter 21 anos de garantia pela frente, economizando 500 reais mensais”, explica o projetista, Iago Rodrigo.

No campo

Em Mossoró/RN, como em outras partes do mundo, o sucesso desse sistema vem dominando, a passos largos, a agricultura, causando mudanças nos custos de produção e na vida do homem do campo.

“A vida do agricultor é baseada em chuva e em uma colheita boa, como aqui não temos chuva o ano todo, nos meses de chuva, o agricultor tem uma rentabilidade maior, porque ele não precisa utilizar bombas para irrigar os seus campos, e nos meses de sol (sem chuva) ele utiliza energia elétrica para fazer essas bombas funcionarem, e a energia elétrica fica muito cara. Ele passa os meses de chuva pagando 500 reais, e quando não tem chuva, ele paga 5 ou 6 mil reais”, disse o projetista Iago Rodrigo, que avalia o uso da energia solar como novidade em Mossoró e, sobre a procura, afirma: “Como toda novidade, o pessoal do campo tem um pouco de receio por terem sido enganados várias vezes por outras promessas, porém, a energia solar não é uma promessa. A cada dia esse mercado cresce mais, e nem é necessária tanta publicidade, é mais aquele “disse me disse”. Não existem só os pequenos agricultores, há também os grandes que optam pela energia solar”.

A Agência HiperLAB é uma ação do Laboratório de Narrativa Hipermídia (HiperLAB), projeto de extensão do curso de Jornalismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), coordenado pelo Prof. Ms. Esdras Marchezan.

Os autores da reportagem são estudantes do 7º período do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo da UERN.

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O HiperLAB UERN é o Laboratório de Narrativas Multimídia do curso de Jornalismo da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).