Os pirilampos

Rita Serra (A costureira)
histórias da serra
2 min readJun 8, 2021
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Ontem tive o prazer de ver pirilampos, ao fim do dia.

Foi incrível, um momento mágico.

Também é particularmente mágico que os veja ao fim do dia.

Porque o fim do dia é um culminar de coisas.

Comecei o dia com coisas más e boas.

Comecei o dia a ver dois cães acorrentados, um deles sem casota, ao sol, a “guardarem” máquinas.

Comecei o dia a ver uma fada da floresta e espreitar com cuidado este espaço provavelmente governado por “gente do pior”.

Uma menina de sandálias e túnica branca a espreitar a orla dos madeireiros.

Comecei o dia a ver o interesse destes cães nessa menina, a abanar a cauda.

Comecei o dia a ver o que ninguém quer ver nem gostam de ver, e a ver como podia ser doutra forma tão facilmente.

Como tão facilmente se desfaz o mau para o bem, tantas vezes, antes do mau ser irremediável.

Depois fiz coisas que não gostei.

Fui às compras e não comprei nada.

Tratei da roupa que não gosto nada.

Depois fiz coisas que gostei muito, comi a primeira panqueca da minha vida, feita pela minha filha.

Depois lidamos com o cansaço e entusiasmo do final do dia, do constante arrumar e desarrumar a casa.

E no final do dia, na tranquilidade do final do dia, é que os vi.

Seria o mesmo dia se os tivesse visto no início em vez de no fim?

Penso que prefiro os pirilampos no fim do dia.

Penso que prefiro os pirilampos no fim do dia, a lembrar-nos o que é a magia.

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