Diálogo Aberto

BRIO
Histórias pra Frente
3 min readJun 11, 2015

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O trabalho “A Mão Invisível do BNDES na América Latina”, publicado por BRIO está semana, teve início em 2013, com um pedido por meio da Lei de Acesso a Informação. Naquele momento, a ideia era obter os dados agora divulgados pelo BNDES para iniciar pesquisas sobre o assunto. A negativa final veio mais de um ano depois, de um conselho de ministros do governo federal.

Sem os dados, BRIO apresentou um projeto para a fundação Open Society, com o objetivo de financiar o trabalho e iniciar uma ação para obter as informações de interesse público. Foram mais de nove meses de análise do projeto. O orçamento aprovado foi de US$ 90 mil, para pagamento de dezenas de profissionais, passagens aéreas, hospedagem, de equipamentos de filmagem e da equipe cinematográfica que rodou mais de 9.000 km para registrar tudo, além de tradutores para espanhol, português e inglês.

Como forma de garantir um trabalho com a melhor qualidade possível, BRIO empregou uma metodologia de produção em rede — em vez do envio de repórteres do Brasil para cada um dos países, jornalistas consagrados locais foram procurados. O projeto começou com seis países: Bolívia, Costa Rica, Equador, Peru, Panamá e Venezuela. Depois de alguns meses, a investigação na Costa Rica não avançou. Ao mesmo tempo, um jornalista da rede com informações sobre a Argentina procurou BRIO, e o foco foi trocado de um país para o outro.

Para iniciar o trabalho, todos os autores receberam perguntas básicas a serem respondidas. Entre elas, duas principais: por que os dados não eram públicos? Quais as consequências desses financiamentos? Durante mais de um ano, informações foram trocadas pela rede. As conclusões podem ser lidas no material completo.

Uma reportagem sem dados oficiais divulgados sempre gera dificuldades. No Panamá, o presidente do país anunciou com toda pompa um financiamento de mais de US$ 1 bilhão do BNDES. O dinheiro nunca foi confirmado, nem dentro do país, nem no Brasil. A opção foi a de não publicar o material, apesar de haver documentos judiciais de interesse público na apuração.

No Peru, jornalistas e ONGs locais passaram anos tentando conseguir dados sobre financiamentos no país. Documentos públicos e estudos universitários apontavam financiamento de US$ 400 milhões na construção da estrada Interoceânica. O BNDES negou a informação horas antes do lançamento. No texto, aponta-se que as empresas que recebem a maior parte dos financiamentos do banco no Peru estão envolvidas em suspeitas nessa estrada. Há documentos de interesse público, que geraram um imenso debate no Peru.

BRIO trouxe à tona centenas de documentos que tratam de assuntos de interesse de toda a América Latina. O BNDES é fundamental para uma política de integração regional e fortalecimento da região. Mas durante anos ficou fechado para o debate com a sociedade. O debate está aberto e, para incentivá-lo ainda mais, o site do BRIO permite a livre discussão. Todos estão convidados.

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