Autonomia às pessoas, mais relevância aos negócios

Quando uma empresa possibilita um meio de trabalho desafiador — no bom sentido da palavra, é claro — acaba criando, intencionalmente ou não, um ambiente que inspira a inovação, tanto para quem está dentro dela, quanto para quem demanda seus produtos ou serviços.

Lucas Tomaz
weme
Published in
3 min readAug 13, 2015

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Há aproximadamente um ano, quando comecei a trabalhar aqui na weme, o “grande” desafio era elaborar pequenos textos de apoio para posts de redes sociais. Mas com o tempo e com o ambiente favorável que encontrei por aqui, logo alçaria voos cada vez mais altos — como este texto, por exemplo.

Essa autonomia e a filosofia da empresa me trouxeram a inquietação na busca pelo aprimoramento profissional, o que reflete diretamente na qualidade do meu trabalho e na fuga da temida zona de conforto.

Espaço de trabalho da weme. Fonte: www.weme.nu

Ah, a zona de conforto. Apesar do nome sugerir o contrário, esse “espaço” pode ser mais prejudicial do que parece. Nele, não há períodos seguros de permanência, nem para as pessoas, muito menos para as empresas, que, cada vez mais, tendem a buscar soluções para fugir do comodismo e dos moldes tradicionais.

Neste sentido, uma empresa que sempre admirei — seja pelos formatos das suas áreas de trabalho nada convencionais, com todas aquelas salas que mais parecem um playground pra adultos; ou pelas sua tecnologias que estão presentes na nossa vida a todo momento — é a Google, pelo menos era como eu a conhecida até o dia 10 de agosto de 2015.

Campus do Google em Dublin. Fonte: www.amapadigital.net

No meio desta semana, li uma publicação onde Larry Page (cofundador da gigante de buscas) anunciava a criação de uma nova empresa, a Alphabet, que funcionará como uma holding para as operações não essenciais da marca. Bom, acredito que a notícia tenha pego muita gente de surpresa, mas não foi uma novidade tão grande assim pra quem acompanhou pelo menos um pouco da trajetória da marca, que nunca fez questão de esconder de ninguém que não era uma empresa comum e que nunca teve a intenção de se tornar uma só.

E a maior prova disso são os inúmeros produtos nas mais diferentes áreas — olha só a fuga da zona de conforto aí –, desde aquelas que estão relacionadas diretamente com o seu produto original, como é o caso do sistema Android, o Google Chrome ou o próprio Tradutor (e eu a agradeço muito por isso); até as suas novas soluções para a área saúde, como as lentes glucose-sensoriamento que melhorarão a vida de muitas pessoas com diabetes.

Com tantos projetos em diferentes fases de execução, Larry Page e Sergey Brin decidiram que a melhor maneira de favorecer a prosperidade para cada um destes negócios, e assim garantir sua continuidade, era dando mais autonomia aos líderes de cada projeto para uma gestão mais independente.

Larry Page, CEO da Alphabet. Fonte: www.fastcompany.com

Em uma entrevista à revista Time magazine, em 2013, Larry falou um pouco sobre como, num processo contra-intuitivo, devemos trabalhar em projetos que não são adjacentes àqueles em que já estamos envolvidos, onde já somos especialistas, e assim buscar novos desafios.

Se a sua nova formulação será tão eficiente quanto a antiga — como questionam alguns especialistas na área de inovação — ainda não sei, mas uma coisa é certa: o histórico da Google mostra que a empresa é fruto, principalmente, das experiências que deram certo e também das que não foram lá tão bem-sucedidas.

Independente disto, eu acredito que a inovação é construída da vontade de mudar, da liberdade para cometer erros e da sabedoria de corrigi-los, das experimentações e da constante busca por nossos desafios. Isso eles têm de sobra, e a gente também.

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