Com máquinas mais inteligentes, qual o futuro do trabalho?

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4 min readApr 15, 2019

por Patrícia Magalhães Toledo

A Inteligência Artificial tem revolucionado o mundo em muitos sentidos nos últimos anos. Muito bem dividida em quatro ondas, as evoluções em Machine Learning começaram em 1998, com sistemas inteligentes sendo aplicados à internet e gerando as primeiras bases de dados relacionadas ao comportamento do usuário. Exemplo disso é o próprio Google, que posteriormente foi acompanhado por outras empresas líderes nesse sentido, como é o caso do Facebook, da Amazon, entre outras tantas.

A segunda onda surge em 2014, com Inteligência Artificial sendo aplicada mais claramente aos negócios e impulsionando empresas de software que endereçavam soluções mais inteligentes aos seus clientes. Nesse caso, destacam-se empresas como a americana Palantir, criada em Palo Alto, na Califórnia (EUA), e a canadense Element AI.

Um novo avanço no uso de sistemas inteligentes se dá por conta de aplicações que permitem a percepção do usuário. São soluções de reconhecimento e tomada de ação bastante independentes do que havia surgido até então na história da Inteligência Artificial.

Essa onda de digitalização do mundo real, como costuma ser chamada, ganha a vida a partir de 2011, com destaque claro para as lojas Amazon Go e a chinesa Face++.

A última e mais recente das ondas começa em 2015 com máquinas inteligentes e autônomas ganhando mais do que sistemas embarcados, mas influenciando diretamente na vida das pessoas e refazendo padrões até então estabelecidos. Os carros autônomos são o ponto alto dessa revolução, especialmente graças à Tesla e Google, com a Waymo.

E para o futuro, há ainda expectativas de novas ondas de disrupções tecnológica envolvendo Inteligência Artificial no que tange: economia compartilhada, redes sociais, e-commerces e mobile, dadas as transformações dessas áreas.

Fonte: Shutterstock

E agora, José?

A partir dessa rápida viagem pelas evoluções nas aplicações de sistemas inteligentes, fica nítida a forma como a tecnologia tem influenciado o mercado, com a adaptação do trabalho, extinção de algumas profissões e demanda latente por profissionais orientados a dados e sistemas inteligentes.

Em evento realizado no final do ano passado, na Universidade de Stanford (EUA), Dr. Kai-Fu Lee, CEO do Sinovation Ventures e presidente do Sinovation Venture’s Artificial Intelligence Institute, além de autor do livro “AI Superpowers: China, Silicon Valley and the New World Order”, foi enfático ao dizer que 40% a 50% das profissões existentes hoje em dia serão substituídas nos próximos 20 ou 30 anos. E o impacto na força de trabalho está diretamente ligado à capacidade das pessoas de se readaptarem a essa nova realidade.

Segundo Lee, o impacto na agricultura, por exemplo, deve ser ainda mais severo, se comparado a outras áreas. E o questionamento que ele deixa é exatamente: estaríamos preparados para essas mudanças?

O que vem por aí…

Quando observadas as perspectivas, Lee apresentou os reflexos na força de trabalho a partir da categorização e otimização das tarefas.

Trabalhos repetitivos como lavador de pratos, suporte ao cliente ou vendas por telemarketing podem ser substituídos nos próximos cinco anos em nações mais evoluídas nas aplicações em Inteligência Artificial, como China e Estados Unidos.

Trabalhos considerados rotineiros como motorista de caminhão, correios e seguranças podem ter seus postos repensados em um período de 10 anos. E vagas que fazem uma otimização do trabalho, como radiologistas, repórteres e analistas de pesquisa, devem ser impactadas em 15 anos.

As expectativas positivas, porém, ficam por conta de vagas em que criatividade e estratégia caminham mais lado a lado, como é o caso de CEOs, colunistas, cientistas, artistas, entre outros.

Formação versus aplicação

Além das profissões que sentirão os reflexos dessas novas lógicas de mercado, há uma demanda latente por profissionais que dominam conhecimentos sobre Inteligência Artificial.

Hoje, os Estados Unidos lideram o ranking mundial em termos de especialistas nessa área. De acordo com Aminer 2017, 68% dos 1000 experts em Inteligência Artificial do mundo estão hoje nos Estados Unidos e 6%, na China.

Em números de patentes, EUA detém mais de 26,8 mil patentes em Inteligência Artificial e Machine Learning, já a China, apesar do menor número de especialistas, possui mais de 15,7 mil tecnologias nessa área.

O desafio, contudo, está também no desenvolvimento de novas aplicações. De acordo com o Lee, são poucos os grandes marcos provocados por disrupções em Inteligência Artificial. São elas: (1) perceptron, um tipo de rede neural artificial inventada em 1957 por Frank Rosenblatt, no Cornell Aeronautical Laboratory, (2) Sistemas especialistas, (3) Machine Learning, (4) Deep Learning, e (5) Resnet, Reinforcement Learning, Transfer Learning, etc.

O ponto-chave agora está em tornar esses novos conhecimentos em inovações em mais áreas. A grande defesa de Lee para o futuro consiste, justamente, na busca por mais profissionais focados não só no entendimento tecnológico e na pesquisa, mas também e principalmente na execução desses projetos.

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