Mais um STEP pra entender Dubai

Maria Kersanach
weme
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4 min readFeb 18, 2019

Ok, me perdoe pelo trocadilho ;)

Essa semana foi Valentine’s Day por aqui; e enquanto o Uber oferece “serenata móvel” nos EUA, aqui, o Careem — o concorrente local do aplicativo, disponibilizou entrega de ovelhas para oferenda no dia do feriado santo da lei mulçumana [1]. E foi assim, de Careem, que voltei do segundo dia da STEP Conference [2] — o festival de tecnologia e inovação de Dubai, a cidade onde a gasolina é mais barata que água.

A STEP contou com 6000+ participantes, 250 showcases de startups e 5 trilhas: Digital, focada em marketing e conteúdo digital; Money, direcionada para investimentos e fintechs; Start, sediando o conteúdo de empreendedorismo; X, discutindo tecnologias exponenciais; e Music, com diferentes performances ao final dos dias de evento. Além dos palcos para painéis e talks, várias experiências estavam espalhadas pelo local — como jogos exemplificando algumas tecnologias, uma cozinha móvel com uma apresentadora da TV local (a Ana Maria Braga daqui), patinetes elétricos livres para uso, bóias de unicórnios e carros da Porsche. O evento aconteceu em uma das 20 zonas-livre de Dubai — Internet City, casa de empresas tech como Google, Microsoft, IBM e Oracle. O sol, o lago central e suas fontes aquáticas abraçaram nossos dois dias de evento por lá.

Circulei pelos stands e pitchs das startups durante os dois dias, e sempre que dizia que era do Brasil, começavamos a pensar em como cada solução se encaixava em terras verde-amarelhas — já que muitas delas aproveitam as peculiaridades da região e da cultura árabes para criar suas soluções (voltando ao Careem, em alguns lugares da região, por exemplo, mulheres não podem dirigir. O que isso muda para o app de mobilidade? Mais clientes? UX focada nesse grupo específico? Mais investimentos em segurança?).

Por falar em cultura e mulheres, durante as conversas que tive (nas duas conferências, aliás), via que tinha que soltar umas (várias) palavras técnicas — mesmo que desnecessárias, para ser “levada mais a sério”. (Meu background é em engenharia da computação). E mesmo assim, depois de trocar cartões, as vezes recebia mensagens chamando para drinks ou elogiando minha aparência. No Brasil e nos EUA me sinto cada vez mais confortável no meio tech comparando com quando entrei na universidade; mas por aqui parece que a mistura de diferenças culturais com o ainda relativamente pequeno número de mulheres na área potencializa o desconforto — foi o que senti. Aliás, tivemos um painel sobre o empoderamento feminino tech na cultura árabe, acho que mostrei pra vocês no Instagram. Outros painéis que participei por lá e mostrei um pouco foram o de saúde, mobilidade, cidades inteligentes, ensino de empreendedorismo, entre outros — se você não viu, corre lá no instagram.com/redeweme.

No painel sobre last mile [3], foram discutidos diferentes níveis de “MaaS — Mobility as a Service”, desde os patinetes elétricos da Skoot [4], às ‘cozinhas virtuais’ do Uber Eats [5], até os tão falados projetos Hyperloop [6] — em relação a este último, além da iniciativa do Elon Musk [7], Dubai e Abu Dahbi têm seus próprios projetos na disputa [8]. No painel de Smart Cities foi discutido como essa tal inteligência que engloba tecnologias como IoT e IA terão muito mais impacto quando saírem de cidades bem estruturadas (ricas), como Nova York e Dubai, e forem implantadas em países em desenvolvimento. Como mostrei lá no Instagram, acabei seguindo alguns painéis de healthtech principalmente por causa das nossas startups em weme ventures [9]. Alguns dos pontos que mais achei interessante foram os comentários em torno de UX para telemedicina (prática que, aliás, foi liberada esse mês pela legislação brasileira) e a privacidade e ética dos dados sensíveis dos pacientes por meio do blockchain. Quando perguntei a um dos painelistas, o médico @Dr Mussaad Al, sobre a relação da burocracia e legislação com os avanços tecnológicos na saúde, ele respondeu “Do it, don’t ask for permission, ask for forgiveness” — acho que já vimos essa frase em umas paredes por aí, né? :)

Nesse final de semana após a STEP, aprendi bastante sobre o ecossistema de startups aqui da região; mas compartilho com vocês amanhã porque esse texto já está ficando um pouco longo… Bom, me despeço de vocês e de Dubai, porque já já meu vôo sai.

Muito obrigada pela companhia até aqui — أراك لاحقا!

Antes de ir, vou deixar aqui umas referências pra vocês :)

[1] Matéria da Forbes sobre Careem: www.forbes.com/sites/parmyolson/2017/06/15/dial-a-caravan/#7ae0f05d2828

[2] Site da STEP Conference 2019: stepconference.com/

[3] Wikipédia pra quebrar o galho sobre last mile: https://en.wikipedia.org/wiki/Last_mile_(transportation)

[4] Site da Skoot, uma startup dos Emirados Árabes: https://www.skoot.ae/

[5] Notícial sobre cozinhas virtuais do uber eats: https://lifestyle.sapo.pt/sabores/noticias-sabores/artigos/uber-eats-lanca-restaurante-virtual-em-parceria-com-o-chefe-de-cozinha-olivier

[6] Wiki de novo, só que pra Hyperloop: https://en.wikipedia.org/wiki/Hyperloop

[7] Agora o Hyperloop do Elon: https://www.spacex.com/hyperloop

[8] E o Hyperloop árabe: https://www.thenational.ae/uae/transport/abu-dhabi-set-for-moment-in-hyperloop-history-1.776932

[9] Página do melhor time da weme ;) www.weme.com.br/ventures/

Ufa, acho que era isso!

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