Somos a weme ventures, prazer!

Maria Kersanach
weme
Published in
7 min readMar 22, 2019

A weme hoje é uma rede que conta com um programa de inovação corporativa a todo vapor — com seus projetos de inovação co-criados junto a grandes empresas; conta também com sua escola de negócios — com cursos de imersão em design e metodologias ágeis; e tudo isso abraçado por uma comunidade muito forte e presente seja rodando pelo nosso hub em talks e projetos ou nos acompanhando em nossas redes sociais. Pra nós, o próximo passo era claro: por que não abrirmos nossos próprios negócios, usando de todo conhecimento e track-record adquirido nesses últimos 7 anos?

Começamos então a construir nossa própria venture studio — somos a weme Ventures, prazer!

Nós começamos com o desafio da saúde pública no Brasil, com a missão de criar uma solução que contribuísse com o papel do SUS — nosso sistema público de saúde — e daí saíram várias ideias: atualmente 4 delas seguem na nossa jornada de venture building. Foram 200+ ideias de solução, 100+ entrevistas, 30 testes de protótipos, 10 conversas com especialistas do Brasil e fora e 6 modelos de negócios — isso tudo só nos projetos da saúde.

A weme ventures constrói, incuba e investe em negócios dispostos a atacar grandes desafios da América Latina. Oferecemos um processo autoral de lançamento e um suporte operacional massivo para suportar empreendedores e ajudá-los na construção de empresas incríveis.

Esse texto conta um pouco de como está sendo essa jornada para nós, e te faz um convite — e aí, vamos construir o futuro juntos?

Nosso portfólio hoje conta com cinco soluções em etapa de design: quatro na área de saúde, o self.e — exames médicos tão fáceis quanto tirar uma selfie; o cuida fácil — uma rede de saúde onde chegou, resolveu; o lisdoc — um app pra agilizar seu caminho até o médico; o acelera.med missões que preparam para a residência e levam cuidado e saúde para diferentes partes do Brasil; e uma na área de logística, a widde, o rappi b2b.

Nosso times são multidisciplinares e sempre com papéis distribuídos em hustlers — quem cuida mais da parte de negócios, os hipsters — os designers de negócios mais voltados para a experiência do usuário e o hackers, os responsáveis pelas tecnologias envolvidas. No time de saúde, por exemplo, temos um designer, um médico economista, uma engenheira de computação e uma administradora do grupo FAMINAS — nosso grande parceiro nesses projetos.

Nossa pergunta inicial era “como reduzir o tempo de diagnóstico e tratamento dos usuários do sistema público de saúde do Brasil?”. A partir disso, realizamos um estudo teórico sobre os sistemas de saúde do brasil e do mundo e métodos de diagnósticos e tratamentos. Ao produzir materiais sobre os temas sempre nos embasando em referências externas, todo nosso time pôde estar alinhado para identificar e debater as tendências da área (vamos publicá-los aqui no medium pra vocês também!). A partir daí pudemos identificar quem de fato queríamos impactar e pontuar quais problemas iríamos concentrar energias para resolver. Assim, acabamos por mudar nossa pergunta para “como poderíamos reduzir a complexidade e a gravidade de casos de saúde de usuários do sistema público do Brasil?”

Com esta nova missão, fomos às ruas ouvir quem mais entende do problema — os usuários do SUS.

Unidade Básica de Saúde de Belo Horizonte, 2018

Aqui começamos a mergulhar na parte mais importante dessa jornada — a EMPATIA.

Nosso time sempre contou com planos de saúde, foi a clínicas e a hospitais particulares e pagou por exames quando precisou — seríamos muito ingênuos de achar que conhecemos o SUS só pelo que lemos, ouvimos ou assistimos na TV. Nossa fonte mais preciosa de entendimento real do problema é nosso usuário — é a Amélia que viaja há anos de van até o hospital da UNICAMP com o filho para fazer exames; a dona Vera que passou o dia na fila do P.A. (Pronto Atendimento) de Hortolândia com a vizinha depois dela ter passado mal a noite toda; ou o sr. Luiz que depois de 15 dias tomando cachaça de manhã para segurar a dor, resolveu ir ao hospital em busca de uma injeção. Essas conversas não têm perguntas de respostas assertivas, não têm formulário para preencher nem hora para acabar. Elas acontecem no chão do P.A., na porta dos hospitais ou na entrada da UBS (Unidade Básica de Saúde, o famoso “postinho”).

Depois de compartilhar todas elas, o time descobre e discute insights e cria personas — generalizações que representam algum comportamento padronizado. Como por exemplo o paciente crônico (apelidado por nós como “figurinha repetida do PA”) que usa o PA frequentemente em busca de um remédio e injeção ao invés de ir para uma UBS receber tratamento e acompanhamento apropriados.

Descobertas que tivemos nesta etapa, por exemplo, foi a frequência do problema de mobilidade para chegar até o atendimento; o sentimento de “estar perdido” devido a complexidade da organização do SUS (por exemplo no processo de marcação de consulta/exame em que o paciente tem que ir e voltar para o posto de saúde em diferentes momentos); ou também o desejo e a preferência por tratamentos mais invasivos (como injeções) em detrimento de remédios ou recomendações médicas como medida de eficácia da consulta; dentre outros vários.

Com tudo isso em mente, cria-se então uns mapas explicitando o que cada persona diz, pensa, faz e sente. Tudo isso para termos certeza que conseguimos entender um pouco melhor as ações, motivações e dores da Fabiana, do João e do Luiz. Assim, para cada persona, definimos o problema que iremos resolver. Para pacientes crônicos, por exemplo,

como poderíamos transformar o “postinho” em um pronto atendimento?

Já que eles costumam não ver resolutividade no posto, vão direto para ao P.A., congestionando filas sem de fato resolver seus problemas macros.

A partir dessas hipóteses o time faz uma sessão de ideação para gerarmos ideias a fim de solucionar os problemas do João, Luiz e Amélia. Aqui, toda ideia é válida, e para incentivarmos ideias inusitadas, podemos usar constraints — como você resolveria isso com tecnologias exponenciais? e com mágica? ou só com 10 reais? E assim vai..

Desta etapa saem soluções que envolvem desde varinha mágica até inteligência artificial. Todas elas são então ordenadas em relação ao maior impacto e à maior dose de empatia em relação ao usuário. Assim, para cada persona é priorizada uma solução que será colocada à prova por meio de testes de protótipo. O protótipo pode (e deve!) ser feito de modo mais simples, rápido e barato possível — não deve entregar a funcionalidade proposta, mas sim dar a ideia de que está entregando. Assim, durante os testes podemos observar as reações do usuário e como ele interage com nossa solução.

Ao levar para os hospitais um dos nossos protótipos, vimos desde as primeiras interações que aquilo não fazia sentido para o usuário do SUS. Nós tínhamos idealizado um app que economizaria preciosos minutos (e até horas) do dia do usuário ao recomendar P.As rankeados de acordo com o tempo de fila de espera para atendimento. Porém, para a Ana, Gabriela e seu Augusto não fazia sentido ir à um hospital desconhecido em troca de um atendimento mais rápido — muito menos consultar um app para isso. Após esses testes “desastrosos”, mudamos o usuário da solução para para pacientes do sistema pago de saúde — e em uma segunda rodada de prototipagem o teste do app foi super bem recebido pelos pais atarefados que, ao serem pegos de surpresa, tiveram que ir às pressas levar o filho de dois anos ao hospital, por exemplo.

Nossos quatro protótipos foram iterados com base nos valiosos feedbacks recebidos e novamente colocados nas mãos de quem futuramente os usaria — ou não!

A etapa de testes de protótipos nos mostra de modo muito rápido e barato se a direção que imaginamos faz sentido e quais próximos passos podemos dar para refinar a ideia inicial. E mais importante, nos ensina cada vez mais sobre nosso usuário. De modo a sintetizar todas conclusões, hipóteses e insights sobre aquela solução e seu usuário, criamos mapas que sintetizam a proposta de valor dos novos negócios ao explicitar e alinhar dores, ganhos esperados e em paralelo os aliviadores e geradores de ganho que os negócios propostos oferecem. Nesse ponto a solução está mais palpável e possível. Com algumas outras ferramentas estruturamos pontos como custos, receitas, métricas e diferenciais de cada solução proposta. Ao discutir em cima deste material, decidimos não levar adiante dois dos nossos, até então, seis negócios na área da saúde — um envolvendo blockchain na cadeia de vacinas e outro, cuidados de saúde em incompany.

Aqui a etapa de business design encerra-se — passamos então para a etapa de building! Aqui a gente investe bastante em experiência do usuário, começa o planejamento e a execução da operação do negócio para de fato entregar funcionalidades aos usuários! Isso tudo sempre acompanhado de feedbacks deles, já que o nosso maior foco é de fato descobrir quem são nossos clientes e se tudo o que construímos até aqui faz sentido pra eles. Mas isso eu conto mais pra frente pra vocês!

Mas e você, tem uma ideia para ajudar a América Latina? Vem conversar com a gente! :) Só mandar um oi no ventures@weme.nu, até mais!

--

--