por Josué Ramos
O artigo publicado no site da IEEE-Spectrum [1] trata da busca por Unicórnios (Startups que já valem mais de US$1bilhão) na área da Robótica, apresenta os principais unicórnios nessa área, e empresas com potencial para se tornarem unicórnios. Este artigo apresenta considerações sobre esta publicação e realiza uma análise e perspectiva deste tema em relação à realidade brasileira. No artigo da IEEE [1] mencionado no parágrafo anterior, apresenta-se a lista de empresas consideradas Unicórnios, ou seja: a Irobot fabricante do robô aspirador Roomba, a chinesa Ecovacs também ligada a aspiradores, ambas avaliadas em US$2,5Bi, a fabricante do Segway US$1,5Bi, a fabricante de Drones chinesa DJI[2] a Ubtech [3] que atua em robôs educacionais com valor de US$5Bi e a Cyberdyne [4], que fabrica exoesqueletos, US$1,5Bi e finalmente a fabricante de manipuladores Kuka [5]
valendo US$4bi. Também em [1] são apontados os próximos Unicornios como a empresa Otto de veículos autônomos adquirida pelo Uber por US$600mi, a Blue River Technology que produz automação de pulverização de plantas e ervas daninhas, adquirida pela John Deere (tratores) por US$300mi, mostra a presença potencial de outros unicórnios.
Constata-se que o autor não mencionou empresas mais tradicionais também na área de robótica e em outras áreas como as mencionadas no estudo disponível em [6], onde aparecem em destaque a Mitsubish Eletric valor total de US$11,97 bilhões, a ABB de US$6,9 bilhão que atuam na área de manipuladores, a B+M que atua na area de pintura e vale US$4,4 bilhões.
Fonte: Irobot.com e Ecovacs.com
Fontes: Ubtrobot , Dji, Kuka
Em resumo, os unicórnios em robótica estão relacionadas às áreas de robótica pessoal, drones, robôs educacionais e manipuladores, incluindo as empresas tradicionais que são fornecedores de manipuladores para a indústria automobilística. A realidade brasileira em robótica mostra que na aplicação de robôs industriais, enquanto lideres como Coreia ha 531 robôs para cada 10 mil trabalhadores, a Alemanha com 300, o numero para o Brasil é de 10 robôs para cada 10 mil trabalhadores. Segundo a revista Época [7], na industria automobilística há empresas integradoras que importam manipuladores dos principais fornecedores do mundo como a Pollux [8]. Destaca-se que
as tecnologias ligadas à integração são tão ou mais desafiadores que o próprio
dispositivo manipulador.
Fonte: Pollux
Na área de drones no Brasil, outrora chamados de VANT (veículos aéreos não tripulados), segundo a revista exame [9], há 14 fabricantes, dos quais se destaca a Xmbots. Da mesma forma, reportagem do DCI [10] mostra que empresas associadas a drones passaram de 800 para 2400 de 2017 para 2018, destacando também o principal fabricante que é a Xmbots. Nesse caso, a maioria das empresas atuam na área de serviços associados a drones.
Fontes: Xmobots
A área educacional também apresenta várias empresas brasileiras que tem seus kits pedagógicos como a Modelix [11], voltados a estudantes desde o infantil, fundamental e médio, franquias para uso da robótica em educação como a Robomind [12] e escolas com envolvimento em robótica como o colégio objetivo [13]. Também cumpre destacar uma série de entidades associadas aos kits de robotica educacional da lego, envolvidos em
competições da (FIRST® LEGO® League que utilizam os Kits de robótica da Lego [14] como a Positivo Educação [15], franqueadas da rede COC, rede SESI [16]. A base de muitos negócios em robótica educacional está associada aos trabalhos pioneiros de Joao Vilhete do NIED/UNICAMP (Nucleo de informática aplicada à educação da Unicamp) [21].
O principal mercado para área de robótica educacional é o de serviços robótica educacionais através da terceirização em escolas. Há algumas empresas desenvolvendo kits e fornecendo kits educacionais, como a Modelix[11] com forte concorrência de fornecedores consolidados como a Lego e a entrada da chinesa Ubtech [4] no mercado brasileiro [17].
Fontes: Modelix
O impacto do tema para o Brasil e nos mercados é:
a) No mercado de aspiradores, com alta probabilidade este vai ser suprido pelos Unicornios de aspirador mundiais, apesar de que o "custo brasil" inviabilizará a grande disseminação do seu uso. Outro fator envolvido nesse mercado é o custo de diarista, que no Brasil está em crescimento.
b) No mercado da educação, ha os fornecedores de Kits brasileiros. Estes, com grande chance vão sofrer a concorrência de produtos nacionalizados da Ubtech e da Lego. Neste setor, com certeza, haverá espaço para serviços na área de educação.
c) O mercado de drones de pequeno porte já é ocupado pela DJI. No mercado de drones de médio porte, por exemplo para uso em agricultura, das várias empresas que existiam com tecnologia brasileira, ainda existem poucas como a Xmbots. Nesta empresa, para manter a competitividade a fabricação de muitas partes da aeronave está sendo fabricado na China. Destaca-se, que existem muitos concorrentes atuando como fornecedores de drones de médio porte Enfim, tudo leva a crer que sobrará espaço para empresas
atuando na áreas de aplicação de drones de pequeno é médio porte.
d) O mercado de manipuladores é dominada por poucas empresas internacionais, que tem produtos de qualidade comprovada. A evolução desse mercado é a dos manipuladores que trabalham muito próximos dos humanos (robôs colaborativos). Houve um fenômeno nessa área, que foi a batalha de mercado entre empresas tradicionais e uma empresa do mesmo dono da Irobot (aspiradores) e o resultado foi o esmagamento pelas concorrentes dessa empresa, que fechou. O potencial de mercado também nessa
área é o de integração, ocupado por algumas médias empresas brasileiras, com a importação dos robôs. De novo, os custos de importação podem dificultar o crescimento do mercado dos robôs colaborativos.
Enfim, para que empresas brasileiras sonhem algum dia virar unicórnios em robótica, além de ser necessário uma diminuição do custo Brasil, é requerido a criação/desenvolvimento de Eco sistemas de inovação, que integrem empreendedores, especialistas na área e anjos, papel que também vem sido exercido pela weme.
As seções anteriores apresentaram um panorama dos Unicórnios em robótica em termos mundiais que estão relacionados a área de robótica pessoal, majoritariamente com robôs aspiradores, robótica industrial, principalmente na área de manipuladores para a área automobilística, drones e robótica educacional e estabeleceu-se um paralelo com a realidade brasileira nessas áreas. No que segue se apresenta o caso de uma empresa que a partir de uma idéia disruptiva vem despertando a atenção.
O caso é o da Hoobox (hoobox.one) empresa surgida no ecossistema de Campinas/SP. Artigo da agência Fapesp [18], apresenta os caminhos seguidos e a situação atual da empresa, que integra o programa de aceleração da Intel [19], tem investimentos do Hospital Albert Einstein e está atualmente incubada no laboratório de inovação da Johnson&Johnson [20]. A inovação disruptiva da Hoobox trata-se da Wheelie, utilizada
em cadeiras de rodas elétricas, com interface para o Joystick dessas, que permite pessoas tetraplégicas operarem as cadeiras por expressões faciais ( http://hoobox.one/ ).
Protótipos do sistema estão em uso por grupo de quase uma centena de pessoas nos Estados Unidos, incluindo veteranos de guerra [20].
Fontes: Hoobox
Neste artigo apresentou-se os unicórnios mundiais em Robótica segundo [1], que estão vinculados as áreas de robótica pessoal, drones, robôs educacionais, e manipuladores, apresentou-se empresas de areas correlatas atuando no Brasil. Também se apresentou o caso de uma inovação disruptiva na área de equipamentos robóticos assistivos.
Josué Ramos possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1979), mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (1986), doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002) e pós-doutorado no Instituto de Robótica da Carnegie Mellon University (CMU) em 2004 e 2013. Desde 1983 atua na área de Robótica do Centro de Tecnologia da Informação Renato Renato Archer (CTI) localizado em Campinas, SP. Atua na área de sistemas embarcados para veículos robóticos em particular VANT´s (helicóptero e dirigível) desde 1992 e em veículos robóticos terrestres de exterior, incluindo principalmente aspectos de software e hardware para sistemas de controle inteligentes para veículos robóticos. Em 2013 iniciou trabalhos na área de Interação Humano-Robô. Mais informações aqui.
Referencias
[1] https://spectrum.ieee.org/automaton/robotics/industrial-robots/the-hunt-for-robot-unicorns
[2] https://www.dji.com/
[3] https://ubtrobot.com/
[4] https://www.cyberdyne.jp/english/ )
[5] https://www.kuka.com/
[6] https://www.technavio.com/blog/top-21-companies-in-the-industrial-robotics-market
[7] https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2017/08/epoca-negocios-industria-instala-15-mil-
robos-por-ano.html .
[8] https://www.pollux.com.br
[9] https://exame.abril.com.br/tecnologia/fabrica-de-drones-made-in-brazil
[10] https://www.dci.com.br/empreendedorismo/industria-brasileira-de-drones-se-consolida-e-aposta-em-
crescimento-1.723387
[11] https://www.modelix.com.br
[12] https://www.robomind.com.br
[13] http://www.objetivo.br/noticias.asp?id=4083
[14] https://www.legobrasil.com.br/
[15] https://www.positivoteceduc.com.br
[16] http://www.sesisp.org.br/educacao/robotica-educacional
[17] https://maringa.odiario.com/cultura/2018/06/robos-miram-o-mercado-da-educacao/2499273/
[18] http://agencia.fapesp.br/startup-usa-tecnologia-de-reconhecimento-facial-para-monitorar-
comportamentos-humanos/29630/
[19] https://ai.intel.com/hoobox/
[20] https://link.estadao.com.br/noticias/inovacao,ces-2019-brasileiro-cria-sistema-para-cadeira-de-rodas-
movida-a-sorrisos,70002673662
21 https://odisseu.nied.unicamp.br/projeto/robotica-pedagogica/
