A vila gaulesa e seus moradores voltam às livrarias de todo o mundo com uma aventura inédita

O retorno do irredutível gaulês

Nova dupla criativa apresenta a 35ª aventura de Asterix e seus vizinhos

Ronoc
2 min readDec 5, 2013

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Depois de um período de 8 anos sem novidades, chegou às livrarias de todo o mundo mais um álbum — o 35º — da mais famosa vila gaulesa de todos os tempos. Asterix entre os Pictos (Rio de Janeiro: Record, 2013, 48p.), entra para a história por, pela primeira vez, não contar com a assinatura de nenhum de seus "pais"(René Goscinny, falecido em 1977, e Albert Uderzo, atualmente com 86 anos).

A improvável e audaciosa tarefa de dar continuidade a uma das mais importantes e conhecidas galerias de personagens dos quadrinhos mundiais ficou a cargo do redator Jean-Yves Ferri e do desenhista Didier Conrad. Ambos contaram com a supervisão e aconselhamento de Uderzo.

Asterix foi uma das minhas aventuras iniciáticas no mundo da leitura. Graças à coleção de minha prima Paula e depois à minha própria, cresci lendo suas histórias, rindo do humor refinado (só fui perceber que era "refinado"com o tempo, e com as inevitáveis comparações), percebendo que, conforme ia ficando mais velho, e retomava a leitura de alguns álbuns, descobria novas camadas de significados, novas referências, me divertia mais e me rendia completamente à inteligência de seus criadores. Como costuma acontecer com qualquer clássico, quanto mais você o revisita, mais ele se revela, mais ele te entrega — e Asterix, não há como negar, é um dos maiores clássicos do universo dos quadrinhos mundiais.

Para quem é fã, o momento é de confusão de sentimentos. Se, por um lado, torcendo pela imortalidade do personagem e ansiando por novas histórias, recebemos até com certo alívio um trabalho que parece, sim, estar à altura de seus criadores originais; por outro, é impossível não ficar ressabiado, matutando se seria esse mesmo o caminho mais indicado: não seria melhor "congelar"o personagem em seus momentos "puros", assinados por Goscinny e Uderzo? (Rapidamente, vale lembrar que, após o falecimento de Goscinny, lá em 1977, até mesmo as histórias trazidas a público apenas por Uderzo tiveram recepções bem variadas — a maioria, não muito animada...)

Que o céu não me caia na cabeça, mas por ora pendo pro lado que espera que mais e mais aventuras dessa turma de gauleses divertidíssimos venham a público! Desde que a essência esteja lá, a assinatura continuará a ser de Goscinny e Uderzo.

@Ronoc_

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Ronoc

Paulistano, aquariano, corinthiano; publicitário, sociólogo, livreiro; pai, marido, irmão, filho -- e mais umas coisas e outras milhares.