Embates internos de início de semana
Depois de um fim de semana cheio de coisas, amigos, música, ressaca, tristeza, noção do esvaziamento da cidade, solidão, falta de vontade, alguns sorrisos, mas, no geral, muita reflexão. Me peguei martelando a ideia de que, talvez, se tivesse nascido 20 anos antes, minha vida poderia ser melhor. Isso é a mais pura ilusão, na verdade, acho que eu iria estar tão na merda quanto agora, mas mais velha e com menos perspectivas ainda. É isso que tem pegado, a falta de perspectiva. Eu não encontro muita gente que ainda carregue sonhos de que a coisa vai melhorar, só vejo gente sobrevivendo, lutando pra não se entregar a dor e é isso. Parece que todo mundo está mal e isso já tem um bom tempo, não é de hoje, nem do ano passado.
Tá tudo muito estranho não só pra minha geração, mas pra várias. “Será que meus pais sentiam o que eu sinto quando tinham 30 anos?”, me pergunto isso muitas vezes por dia. Em que momento da vida eles perceberam que o sonho de ter um futuro brilhante estava morto? A gente nunca teve muita grana em casa, nunca teve Disney nas férias, nem casa própria, nem viagem de família pra Europa, mas sempre teve comida na mesa, escolas boas e umas roupas novas pras festas de fim de ano. Eles depositaram as fichas na gente, eu também depositei muitas fichas, mas parece que não me esforcei o suficiente pra ganhar e tô aqui perdendo todos os dias, mas ainda sou “jovem”, ainda bem que não nasci 20 anos antes, ainda rola de lutar por alguma coisa, não tá tarde.
Espero que não.
Tomara que não.