Retorno
As noites com cheiro de fumaça me deixam melancólica, acho. Creio que perdi a entrada e o retorno fica muito longe daqui. É uma chatice viver numa cidade sem caminhos alternativos. Queria viadutos por cima de tudo. A gente vive dando voltas. Girando em torno das mesmas histórias, amizades, namoros, tesourinhas. É muito troca-troca pro meu gosto. É muita W3 pra minha L2. Só queria um retorno próximo. Conhecer gente desconhecida, diferente, nova.
É muita seca pra pouca saliva. Muito papo furado pra pouca paciência. É falta de vontade demais pra muito trabalho. Acontece. “Uma hora acaba”, “Passa rápido, você vai ver”. Eu não quero que passe num piscar de olhos. Quero que passe direito. Mas a gente não controla nem nossa boca, quem dirá a vida. Queria uma cerveja, mas preciso achar o rumo.
Essa poeira no ar me deixa um pouco árida demais. E esse retorno que não chega? Já tá tudo vermelho, as luzes se apagam. É Eixão demais pra minha Epia. Meu coração precisa de uma coisa diferente. Precisa de menos voltas. Essas idas e vindas me detonam por dentro e por fora. Não sei se consigo.
É sete horas da manhã demais pro meu sono adolescente. "Ó o retorno ali!", mas o problema é “pra onde retornar?”. Sei lá, tem que dar mais voltas pra chegar a lugar algum, ser enganada pelas ruas.
Uma hora eu chego em casa. Aí eu quero ver.