Sem título
Nada!
O branco da tela enchia o coração de angústia. Mil ideias e nenhuma ao mesmo tempo.
O desespero tomava conta enquanto as horas passavam. Testou digitar qualquer coisa para ver se surgia algo. Ouviu música, vagou pelo quarto, saiu para caminhar e oxigenar o cérebro. Tomou um café na padaria, observou as pessoas ao redor, quem sabe não apareceria alguém interessante e assim o gatilho da história poderia ser disparado, mas nada. Absolutamente NA-DA.
Existem alguns dias durante o ano em quem tudo fica parado. O mundo inteiro fica inerte. Não dá para preencher linhas com qualquer coisa, é preciso algo mais do que “saí sem rumo pela cidade…”. Pensou em quantas pessoas já tinham dito isso. Sabia que não tinha nada de novo a dizer, aliás em dia nenhum, mas tem vezes que é possível falar sobre o que já foi dito de uma forma mais interessante e elegante. Porém, aquele não era o dia.
Voltou para casa, fez um chá, abriu um livro, mas não conseguiu se concentrar. Era frustrante demais não conseguir escrever uma linha sequer. Abriu a geladeira, pegou uma cerveja, sentou no sofá e ligou a TV. Mergulhou em um mundo de inutilidades até o sono chegar. Deitou-se e adormeceu. Pode ser que amanhã saia ao menos uma frase. Quem sabe…