Quem está por trás do BRIO?

BRIO
Histórias pra Frente
3 min readJun 24, 2015

As teorias da conspiração já começaram. Ainda não fizemos um mês de vida, mas nossa caixa de e-mails, nosso Facebook e nossas orelhas vermelhas confirmam a fertilidade da imaginação de muitos.

Em nosso lançamento, publicamos a saga de Matheus Leitão, filho dos jornalistas Míriam Leitão e Marcelo Netto, em busca do homem que entregou o casal para a tortura nos porões da ditadura. Imediatamente, BRIO foi taxado de panfleto da esquerda, que apoia terroristas que agora querem indenização do país.

Depois, publicamos um extenso trabalho de investigação sobre a destinação de financiamentos do BNDES, que reuniu 17 jornalistas em diversos países da América Latina. Uma reportagem especial custeada pela Fundação Open Society, cujos desdobramentos quase imediatos incentivam a importante discussão sobre o papel do banco no desenvolvimento da região. Dessa vez, BRIO foi identificado do outro lado do espectro ideológico, um aparelho da direita raivosa e golpista do Brasil.

Outra reportagem publicada por nós apresenta uma radiografia minuciosa de um complexo fenômeno que ocorre no México — milícias fortemente armadas, formadas por cidadãos comuns, como solução de autodefesa contra certos cartéis do tráfico de drogas. Algo que estabelece semelhanças e diferenças com o que ocorreu no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro, e que está voltando à pauta da política nacional quando deputados se movimentam numa tentativa de revogar o estatuto do desarmamento. Imediatamente, BRIO é acusado de incitar a população a se armar já que, na verdade, dizem, quem financia esse projeto é a indústria de armamentos.

Há outras quatro reportagens publicadas que também podem sugerir outras fontes de dinheiro: as agências de segurança norte-americanas podem estar bancando o BRIO, já que uma de nossas histórias fala sobre as investigações do departamento de crimes de arte do FBI; ou quem sabe algum conglomerado minerador tenha pautado nossa reportagem sobre as riquezas escondidas em terras indígenas; e talvez a gigante China tenha pagado para falarmos sobre como ela interfere na reencarnação do Dalai Lama, outra de nossas histórias. Isso tudo sem esquecer que BRIO tem incentivado que crianças caminhem 10km sertão adentro em vez de ir para a escola empoleiradas num pau de arara.

A verdade, infelizmente, tem bem menos graça do que essas teorias da conspiração. Somos três jornalistas — Breno Costa, Felipe Seligman e Fernando Mello. Como tantos outros, queremos experimentar novas alternativas e modelos para levar conteúdo de alta qualidade e relevante para um público ávido por boas histórias e que não se contenta apenas com posts e tuites. Convidamos Marc Sangarné para administrar o projeto, e Tomas Silva para gerenciar o design de produto. Nós cinco nos tornamos sócios de uma empresa cujo capital veio de nossas próprias economias e poupanças, além daquilo que os americanos chamam de 3Fs (Family, Friends and Fools) — em português claro, dinheiro de parentes.

Por isso, pedimos desculpas a todos que continuam imaginando histórias muito mais interessantes sobre as fontes de financiamento do BRIO (aliás, pedimos que essa imaginação possa nos trazer também novas ideias de financiamento; estamos abertos a elas!). Infelizmente, somos um projeto de jornalismo, não publicamos ficção. Quem de fato financia e está por trás do BRIO? Nosso principal financiamento veio de alguns porquinhos quebrados com o desprendimento de quem ousa fazer algo diferente.

Em revelação bombástica, os sócios do BRIO falam sobre quem de fato financia o novo projeto jornalístico >>

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