A Máquina da Desigualdade
O sistema econômico e social vigente desde o final da segunda guerra mundial está destruindo e devastando nosso planeta, deixando mais e mais miseráveis a esmagadora maioria da população. Cada vez menos pessoas detém mais riqueza, um relatório da OXFAM, nesse ano, indicou que 82% da riqueza produzida em 2017 foi sugada por 1% da população. A desigualdade social no mundo não tem indícios de diminuir, se nada for feito, pelo contrário, cresce em alarmante velocidade.
E qual consequência isso pode trazer para as nossas vidas num futuro bem próximo? A desigualdade social tem várias consequências nefastas, que os defensores do status quo querem colocar sempre para debaixo do tapete. Entre os piores males estão o aumento da criminalidade, violência e degradação da saúde, mas também tem graves impactos na educação, mobilidade social, participação civil e na felicidade.
Estamos consumindo vorazmente os recursos naturais não renováveis do planeta, pois o sistema econômico baseado no juros e débito demanda um crescimento financeiro sempre maior, o que é incompatível com a vida em um planeta que é finito e que não cresce na proporção esperada, então o que fazer? Excluir cada vez mais pessoas do jogo, para gerar um “crescimento” artificial.
Esse padrão de comportamento traz impactos assustadores também na forma como construímos nossas cidades, por exemplo, um processo conhecido como gentrificação transforma gradativamente os bairros que eram pobres em bairros ricos e caros, efetivamente “expulsando” os pobres para favelas ou assentamentos irregulares, cada vez para mais longe das áreas urbanas, acentuando ainda mais essa desigualdade.
Com o aumento incansável do consumismo, baseado na produção de bens que rapidamente se tornam obsoletos, isso se agrava. O excesso de carros nos centros urbanos, por exemplo, gera congestionamento e poluição, acentuando o stress e problemas de saúde causados pela desigualdade. Pessoas menos endinheiradas chegam a perder de 2 a 6 horas por dia no transporte de casa para o trabalho. Sem falar que a logística de produção e distribuição gerada pelo capitalismo frenético é completamente incompatível com a estrutura das cidades, com bens sendo produzidos a milhares de km de onde serão consumidos, abusando do trabalho escravo e baixos custos de transporte, queimando petróleo sem moderação.
Bairros e cidades insustentáveis, com pouquíssimas áreas verdes, lixo espalhado pelo chão e rios, poluição por todo lado que se olha, e também para onde não se olha. Custos de moradia, transporte e vida crescentes e riqueza das pessoas comuns decaindo a cada ano. Culminando em uma situação de crise que fica constantemente sendo mascarada pela mídia e redes sociais: “não se preocupe, coma um pouco disso, compre esse tênis, essa mochila, não tem nada o que você possa fazer, olhe para outro lado.”
Com a transformação digital do século XXI, se nada for feito, a tendência é agravar ainda mais esses sintomas. Gigantescas lojas virtuais como a Amazon tem causado muito estrago na organização de cidades, especialmente nos EUA, destruindo o comércio local. Somente sobrevivem ainda alguns grandes centros comerciais, mas as lojas de bairro estão fechando em série.
É nesse contexto que nasce a ideia do projeto Holocasa, para criar uma rede sustentável de casas, que são laboratórios culturais, sociais e tecnológicos, onde pessoas que compartilham seu propósito moram e trabalham, prestando serviços entre as casas e para a população local. As casas funcionam também como bancos, pois quem trabalha para elas recebe em uma moeda digital criptográfica que representa cotas dos recursos das Holocasas. Essas moedas permitem criar economias locais que não são tão afetadas pelas intempéries do capitalismo desenfreado global.
Essa rede de Holocasas tem potencial para se tornar uma rede de sustentabilidade para a transição, que pode até mesmo se desprender totalmente do modelo capitalista tradicional, criando “holocidades” autossuficientes e que permitem recuperar um crescimento saudável e integrado com a natureza, seguindo ideias da Permacultura e Sustentabilidade Holística.