Civichub: último capítulo
Vamos então para o último capítulo da minha viagem para Barcelona, para participar do programa Civichub, que aconteceu entre os dias 16/Nov/2018 e 9/Dez/2018. (OBS.: já estou de volta ao Brasil, mas somente agora estou com tempo para continuar escrevendo!)
Neste capítulo vou contar das duas últimas semanas da viagem. A segunda semana da viagem começou num sábado, dia 24/Nov, quando decolei para os EUA, para conhecer a equipe da Holo, a empresa onde comecei a trabalhar, desenvolvendo em Holochain. Quando elaborei a campanha do crowdfunding, planejava usar essa semana para ficar em Barcelona e interagir mais com o Pepo para evoluir a ferramenta CollectiveOne, mas não esperava que seria contratado para trabalhar na Holo!
E acontece que a equipe, que trabalha espalhada por vários lugares do mundo, encontrando-se diariamente por videoconferência, decidiu se encontrar presencialmente, bem no meio da minha viagem! Eu poderia não ir, mas não queria perder essa baita oportunidade de conhecer pessoalmente essas pessoas tão fantásticas, e num momento crítico do projeto que precisava desse esforço extra, então senti que minha presença lá na Carolina do Norte/EUA, seria extremamente importante. Ainda mais pela conexão forte que existe entre o Holochain e o projeto da Holocasa.
Então, no domingo, 25/11 acordei cedo e fui para aeroporto! Foram quase 24 horas viajando, contra o fuso horário, para chegar em Asheville, NC, onde eu iria encontrar o Arthur Brock pela primeira vez, e depois iríamos para um AirBNB onde eu iria ficar 1 semana, até sexta, junto com toda a equipe de desenvolvimento de software da Holo (focada em produtos e serviços como a HoloPort, o HoloFuel etc.).
Cheguei exausto lá, mas ainda deu tempo de conversar um pouco com o Arthur antes de eu capotar, exausto.
No dia seguinte, Arthur e eu fomos tomar um café da manhã tipicamente americano, comum da região com Biscuits e Sausage Gravy, num lugar incrível chamado Sunny Point Café. O café da manhã serviu como um almoço, naquela manhã fria dos EUA. Logo saindo de lá, fomos trabalhar num outro Café/Coworking, onde tomei um bom expresso, chamado BattleCat café.
As conversas com o Arthur Brock foram muito produtivas, falei um pouco sobre o Civichub e sobre o projeto Holocasa, aí ele se interessou bastante sobre o O2 (Organização Orgânica) da TargetTeal, que é o modelo de gestão que pretendo experimentar nas Holocasas. Eu já estava com intenção de mostrar para ele, então tive a pachorra de traduzir todo o material de apresentação que havia para inglês.
Ele pareceu gostar o suficiente para querer saber mais, e quando chegamos no nosso AirBNB em Tryon/NC, tive a oportunidade de apresentar mais profundamente para ele, a casa que ficamos era incrível, com 9 quartos espalhados em 3 andares espaçosos. Ficamos muito bem acomodados e dava para trabalhar juntos durante o dia numa sala de estar central, ou na sala de jantar.
O aprendizado foi muito grande nessa semana, realmente consegui me sentir muito mais conectado com o time, pude conhecer pessoalmente cada um, muito melhor e aprendi muito mais sobre Holochain e sobre o funcionamento da Holo, também tive a oportunidade de ver funcionando pela primeira vez uma HoloPort!
Usamos uma metodologia chamada Game Shifting durante as reuniões que usava ideias de gamificação para facilitar o trabalho de percepção corporal e de atenção, foi incrível, quero usar mais vezes em outros contextos, sem dúvida!
Além de muito trabalho que rolou, as noites foram muito divertidas também, tivemos jogos de cartas, passeio pela cidade (Tryon) e uma noite de visitas de gente da comunidade, que foi lá para saber mais sobre o Holochain, e a comida nos jantares era sempre de altíssima qualidade, feita especialmente para nós por uma chef vegana local bem alternativa, que fazia umas misturas muito saborosas.
O Retorno à Barcelona: Sprint 5
O problema maior dessa viagem é que decidi voltar na sexta-feira à noite, como na volta estaria contra o fuso, acabei chegando em Barcelona somente no Sábado, dia 1/12 no final do dia. Ou seja, perdi uma boa parte do Sprint 5 do Civichub, que rolou desde sexta-feira, dia 30/11. Mas como era um Sprint relacionado com Inteligência Artificial, que é um conceito que já conheço bem, a Diana e eu avaliamos que a perda não seria tão grande.
Ao menos consegui jogar o jogo de tabuleiro Commonspoly com a turma do Sprint 5! Reencontrei o Pepo e fiz novos amigos!
No dia seguinte, fiz a estreia do meu novo drone portátil, o Tello feito em parceria com a Dji, que é uma das maiores fabricantes de drones do mundo. Ele fez sucesso, especialmente por que tinha um outro drone profissional na cena, filmando e fazendo cenas incríveis!
No domingo, dia 2 tivemos várias atividades do Sprint 5, inclusive aprendemos a configurar roteadores para fazer redes Mesh livres com a tecnologia guifi.net, e também tivemos uma aula jóia de programação de Arduino, tudo em espanhol! ;)
Aproveitei para tirar uma foto com a minha tutora, a Diana Moret, que me ajudou tanto a fazer sentido no projeto da Holocasa, e pensar em casos reais de uso para pessoas reais que tem necessidades reais, sou muito grato por todo o apoio!!
Fiz contatos interessantes nesse evento, inclusive o Prof. Pablo e Carles Sierra do IIIA (Institut d’Investigació d’Ingel.ligència Artificial da Catalunya) e aproveitei para visitá-los, na última semana, foi impressionante saber que eles conheciam o Prof. Dr. Jaime Sichmann, que foi meu orientador de mestrado na POLI-USP.
Sprint 6: Hackathon!
Ainda nessa última semana, participei do 3o. Meetup Holochain Barcelona na terça-feira, foram umas 12 pessoas, teve bastante colaboração e as pessoas saíram empolgadas com o Holochain! Foi muito bom contribuir com o Adriaan Bouman, iniciador do grupo Holochain Barcelona e trocar ideias para condução de Meetups. Inclusive ele e o Guillem Cordoba (também do grupo) se candidataram para se juntar ao nosso Hackathon final do Civichub, como técnicos especialistas em Holochain, junto comigo, foi muito legal!
Na quinta-feira já fomos novamente para Mieres, para iniciar essa Sprint 6, que seria a sprint final, onde rolou o Hackathon (Marathon) de tecnologias distribuídas, onde se falou muito de de Holochain, Blockchain e também IOTA. Foi incrível passar 4 noites com uma turma animada de mais de 30 pessoas entre participantes, facilitadores e suporte. Nessa altura eu já estava até acostumado a ouvir o Catalão e Espanhol, quase começava a entender melhor já!
Foram palestras sobre Blockchain, IOTA e Holochain (que eu ministrei) e também algumas palestras muito boas sobre organização de projetos para apresentar para investidores, design thinking para elaborar projetos entre outras
A sinergia foi incrível, houve muita troca e o espírito de colaboração dava para sentir no ar! Tiveram vários projetos revolucionários como:
- Som Mobilitat: uma cooperativa de transporte como Uber só que funciona com carros elétricos e sustentáveis e é governada pelos usuários (não tem um grupo de investidores que leva todo o lucro). Esse grupo acabou não usando Holochain, apesar de terem ficado bem interessados.
- Fungi credit: uma implementação usando créditos mútuos para criar uma economia circular que reaproveita a borra do café (que iria para o lixo), para plantar cogumelos e revendê-los para os restaurantes que provém a borra por um preço mais acessível, integrado com Holochain!
- Faircoop: a cooperativa que criou o Faircoin, uma criptomoeda social, começou um trabalho profundo de reinventar sua moeda, usando também um crédito mútuo em Holochain, que chamamos de Fair credit. O trabalho foi feito em parceria com o Guy James, que participou desde o início da fundação da Faircoop.
- Holocasa + FairBnB + CollectiveOne + PandoraHub: fizemos uma colaboração entre os 4 projetos, para criar um novo sistema de governança usando conceitos de Badges (medalhas), papéis e créditos mútuos em Holochain para gerenciar comunidades locais produtivas, trabalhando de forma não especulativa e justa, lutando contra o processo de gentrificação, devolvendo parte da renda para iniciativas locais sustentáveis.
A apresentação foi um sucesso, gerou muita reflexão e conexões duradouras, para dar continuidade aos projetos.
O nosso grupo marcou de continuar se reunindo uma vez por semana para evoluir a ideia do software, baseado no protocolo Underscore, do CollectiveOne para criar as ferramentas da Holocasa!
Saí do evento com um sentimento muito profundo de expansão e propósito renovado, com ideias fervilhando na cabeça para ativar a rede Holocasa em 2019!
Em breve vou compartilhar também por aqui algumas notas técnicas dos meus achados por lá!
Gratidão por acompanhar essa viagem tão transformadora comigo, espero que você tenha conseguido sentir um pequeno gostinho da energia transformadora que eu senti.
