As empresas estão fazendo hackathons do jeito certo?
Depois de passar por alguns hackathons, é natural acharmos que existe uma “receita para a vitória”, hoje vou compartilhar meu ponto de vista sobre isso. Não falarei apenas como Wendel Nascimento (eu), mas também como CTO de uma Startup focada em hackathons, a Shawee.
Se você se enquadra no grupo das pessoas que acreditam na ideia da “receita para a vitória” talvez você precise repensar se está indo nos hackathons corretos. Existe apenas uma coisa que pode fazer você ganhar, que é o quanto você conseguiu inovar. Sem inovação, seu pitch não irá ganhar, muito menos sua tela encantadora.
Mas tudo bem, sei que é natural tentarmos otimizar nossos processos. Eu já tentei encontrar essa fórmula, por vezes encontrei e testei, por mais que pareça que tudo dará certo, uma hora você vai falhar, é inevitável.
Tudo começou há aproximadamente dois anos, em um hackathon na faculdade. Fizemos um projeto que consideravamos muito bom, inovador e disruptivo. Treinamos nosso pitch, fizemos toda a preparação para que tivéssemos total confiança na hora do pitch. Tudo correu como planejado, exceto pelo fato de não termos ficado nem entre os três primeiros. Me lembro de ter ficado muito chateado no dia, na verdade não entendia o porquê.
Hoje eu veria que não houve inovação em nosso projeto.
Desde então foram várias tentativas em diversos outros, e sempre que subia no pódio pensava: — “Agora sim, só fazer isso em todos que nunca mais perco”. Pobre ingenuidade. Tive que sofrer bastante para entender o que realmente faz a diferença.
Mas além de precisarmos trazer algo que seja inovador, é preciso que os hackathons evoluam e sejam diferentes entre si. É aí que começo a ver muitas empresas errando.
Não é nenhuma novidade que hackathon é uma crescente global, para as empresas é um processo onde em 36 horas é obtido um nível absurdo de insights para melhoria e expansão de seu modelo de negócios, além do potencial para atração de talentos e todo o networking que um hackathon proporciona. Ao final é uma celebração à inovação. Talvez uma área de inovação levasse meses ou até anos para ter ideias que os hackers têm em horas, mas por quê isso? A resposta é simples, porque eles vêem muito mais os problemas externos, coisas que a empresa dificilmente verá pois está completamente limitada aos seus processos internos.
Um hackathon é realmente algo que traz muitos benefícios para uma empresa, e também para todos os hackers. Solucionar um problema é algo inexplicável. Encontrar um problema e ver que com sua ideia, com o que sua equipe desenvolveu existe uma solução para ele, é realmente sensacional. As pessoas aprendem muito com hackathons, a trabalhar em equipe, sob pressão, com prazos extremamente curtos, a realmente pensarem no MVP e muito mais. Mas essas ideias que fazem alguma diferença, costumam vir apenas quando o desafio é novo. Dificilmente teremos uma solução disruptiva para solucionar um desafio que já foi solucionado ontem.
Eu vejo uma comparação muito simples para isso: Se perguntassem ao Steve Jobs como ele imaginaria um dispositivo que fizesse ligações e tivesse uma tela touch um dia após apresentar um iPhone, certamente te apresentaria um conceito inicial da próxima versão do iPhone. Ele havia gastado toda sua criatividade fazendo a versão que acabara de apresentar, levaria um certo tempo para que a inovação surgisse novamente em sua cabeça.
O ponto no qual quero chegar é que, se as empresas não inovarem em temas, em formas diferentes de executar e principalmente de dar continuidade a um hackathon, teremos cada vez ideias menos disruptivas e o departamento de inovação parecerá tão inovador quanto um hackathon.
Vejo que hoje temos muita inovação desde a criação até mesmo na execução, mas também vejo empresas concorrentes fazendo hackathons com os mesmos times e que muitas das vezes tem uma base de participantes muito parecidas. Isso é um problema.
Para conseguir algo novo, é necessário um desafio novo.
Em resumo, para ganhar um hackathon, inove. Para ter bons resultados de um hackathon, inove.