Carta de um pai para uma clínica de gênero

Chamando os pais à ação

HNEB
Hormônio não é brinquedo
11 min readApr 14, 2018

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Postado em 8 de abril de 2018 no site 4thWaveNow (Comunidade de pais e amigos que questionam a medicalização da juventude atípica ao gênero)

Uma versão da carta contida neste post foi enviada pelos pais de uma filha que se identifica como trans para a clínica de gênero onde ela recebeu serviços de transição. PADad, que é o pai da jovem mulher, gostaria que esta carta servisse de modelo para outros pais e incentiva os leitores a participar da campanha de redação de cartas como a que descreve abaixo.

Introdução por PADad

Como muitos que se reúnem no site 4thWaveNow, somos pais de uma pessoa jovem (no nosso caso, temos uma filha de 20 anos) que recentemente e de repente se assumiu transgênero. E como a maioria aqui, nossa filha nunca havia exibido qualquer sinal de disforia de gênero quando criança.

Temos feito muitas pesquisas e planejamos cuidadosamente nossos passos. Nós decidimos que o que devemos fazer é ir contra as forças de nossa sociedade que estão incentivando os jovens a tomar medicamentos potencialmente prejudiciais e fazer mudanças irreversíveis em seus corpos. Queremos ajudar a garantir que, antes de receberem acesso a intervenções médicas, os jovens explorem cuidadosamente por que acreditam que essas mudanças são necessárias e como as mudanças afetarão suas vidas no futuro.

Os transativistas não superam em número aqueles que estão preocupados com essa tendência e nossa inatividade está colocando nossos filhos em risco. Neste momento, muitos médicos prescrevem hormônios e cirurgias para jovens com pouco receio de sua repercussão. Nós podemos mudar o cálculo para esses médicos. Precisamos mostrar para eles quantos pais têm as mesmas preocupações em comum, bem como nossa tenacidade em chamá-los para prestar contas. Nós não iremos desistir.

Com esse fim, preparei uma carta que enviarei a todos os médicos envolvidos nos cuidados da minha filha. Ela está em nosso plano de seguro de saúde, por isso temos acesso a suas ações e pagamentos e assim sabemos quem são essas pessoas.

Elaborei uma carta semelhante para enviar à nossa companhia de seguros de saúde, informando que eles são cúmplices dessa tendência prejudicial e instando-os a mudar seus padrões de tratamentos e cirurgias que estão permitindo e cobrindo. Também estamos buscando representação legal para acompanhar nossas cartas.

Se as asseguradoras perceberem que podem estar se expondo a responsabilidades ao cobrirem intervenções que podem causar mais danos do que benefícios, elas poderão desempenhar um papel importante na limitação do número de jovens que realizam intervenções médicas inapropriadamente.

Este site vinculado contém uma lista abrangente de clínicas de gênero nos EUA, organizadas por estado e fácil de pesquisar. Por favor, considerem enviar suas próprias cartas para ao menos 10 clínicas desta lista, se possível, registrada por correio. Você pode optar por usar / personalizar nossa carta (abaixo) como um modelo. Escolha as clínicas que estão mais perto de você ou escolha algumas ao azar. Precisamos enviar o máximo que pudermos.

Se alguns desses médicos e instalações mudarem sua maneira de atuar, outros os seguirão. O risco de processos judiciais aumenta para eles se eles são destacados. Isso pode afetar o custo do seguro contra erros médicos. Se agirmos juntos, podemos fazer a diferença.

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Carta de um pai para uma clínica de gênero

Você está recebendo esta carta porque nossa filha é paciente em sua clínica ou em uma clínica como a sua. O objetivo desta carta é conscientizar sobre a preocupação que muitos pais, inclusive eu, e um grande e crescente número de profissionais da área médica, compartilham sobre os cuidados que você presta aos nossos filhos. Alguns desses jovens têm mais de 18 anos e, portanto, não precisam nos incluir em suas decisões sobre saúde. Independentemente da sua idade, e independentemente de estarmos ou não envolvidos nas discussões entre você e nossos filhos, você tem a obrigação de fazer o que é melhor para a saúde deles a longo prazo. E nós não acreditamos que isso esteja acontecendo.

A taxa crescente com que os jovens, com idades entre 11 e 21 anos, estão se assumindo como transgênero, não pode ser explicada pelo fato de que um movimento trans mais amplo nas sociedades ocidentais está removendo o estigma social em torno ao tema. A evidência é muito clara neste momento e está se tornando ainda mais clara a cada dia, o que está acontecendo, pelo menos com alguns desses jovens, particularmente mulheres jovens, tem elementos de contágio social.

Incluímos links com acesso a várias pesquisas ao final desta carta para apoiar nossas declarações e elucidar nossas preocupações. Como profissional da área médica, você precisa estar ciente destas pesquisas e tem a obrigação de levá-las a sério. No mínimo, você deve elevar a fasquia e tornar os critérios de seleção mais rigorosos antes de prescrever “bloqueadores de puberdade”, hormônios e cirurgias. Como esses tratamentos têm efeitos permanentes nos corpos e mentes dos pacientes, você deve ser o primeiro a considerar alternativas para esses tratamentos que sejam mais reversíveis. A menos que o contágio social e outros fatores subjacentes e preexistentes (incluindo outros problemas de saúde mental) sejam descartados, é insuficiente e negligente colocar ênfase indevida no relato dos próprios jovens.

Nós entendemos que você pode ter a impressão de que as leis existentes oferecem proteção contra futuras responsabilidades pela prescrição dessas drogas perigosas e pela realização dessas intervenções cirúrgicas. Nós discordamos. Como ser humano e profissional médico responsável, você pode elevar o padrão de tratamento, reduzir futuras taxas de arrependimento e pressionar seus colegas para que eles se informem melhor e ajam com responsabilidade.

Esteja ciente de que através desta carta, estamos colocando você em aviso prévio. Até onde sabemos, o curso atual do tratamento transgênero para menores nunca foi testado no contexto de responsabilidade por negligência médica, e não acreditamos que essas intervenções cumprem com os padrões de atenção para o tratamento da disforia juvenil .

Se você não agir de acordo com o melhor interesse de todos os seus pacientes, pode chegar o dia em que será responsabilizado. Estamos nos preparando para esse dia. Clínicas e médicos serão convocados pelo nome. Vamos dar entrada em processos judiciais e em mídias sociais e convencionais. Você deve presumir que, especialmente devido às mudanças irreversíveis e (pelo menos em alguns casos) indesejadas que esses jovens sofrerão, é de se esperar que os danos sejam razoavelmente substanciais.

Além do risco de ação legal, você deve pensar sobre seu lugar na história e sua reputação. Esse contágio vai passar, como todos. Mas devido ao seu tamanho e impacto, você pode imaginar que esse contágio social será um tema pelos próximos anos. Já é grande e catastrófico o suficiente para angariar interesse significativo e publicações em revistas médicas, sociais e de psicologia. Peço-lhe que pense cuidadosamente em como sua clínica e seu nome serão mencionados no decorrer desta crise, e se você protegeu ou prejudicou os jovens; se você agiu por preocupação com a juventude ou por dinheiro. Você pode descartar qualquer caso ou paciente como justificável, mas a história será menos gentil quando olhar para o seu trabalho ao longo do tempo.

Gostaria de encorajá-lo a ler as pesquisas referenciadas e a opinião clinica, incluindo os vários links para pesquisas adicionais publicadas nesses artigos, e se familiarizar com eles. Há informação suficiente para justificar um sério exame de consciência em qualquer praticante que esteja envolvido na transição médica de menores de idade e adultos jovens.

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Referências sugeridas:

“Evidências para a proporção de sexo alterado em adolescentes encaminhados à clínica com disforia de gênero”, Aitken et al, The Journal of Sexual Medicine,2015

Análise do artigo aqui:

Clínica canadense atendeu quase três vezes mais adolescentes do sexo feminino nos últimos oito anos, em comparação com os trinta anos anteriores. A clínica holandesa viu quase o dobro de adolescentes do sexo feminino nos últimos oito anos, como haviam visto nos dezessete anteriores.

Disforia de Gênero de Surgimento Repentino em adolescentes e adultos jovens: um estudo descritivo. Lisa L. Littman MPH., Journal of Adolescent Health, 2017 .

http://www.jahonline.org/article/S1054-139X(16)30765-0/fulltext

Se observou nas redes que pais estão relatando que seus filhos têm experimentado uma disforia de gênero de início repentino, aparecendo pela primeira vez durante ou após a puberdade. Eles descrevem que esse desenvolvimento está ocorrendo no contexto de fazer parte de um grupo de pares em que um, múltiplos ou até mesmo todos os amigos desenvolveram disforia de gênero e se apresentaram como transexuais durante o mesmo período de tempo e / ou um aumento no uso de mídias sociais / internet. O objetivo deste estudo é documentar esta observação e descrever a apresentação resultante de disforia de gênero inconsistente com a pesquisa existente.

“A medicina deve fazer melhor quando se trata de gênero”, Margaret McCartney, British Medical Journal , 2018

Nos últimos anos se observou um claro aumento no número de encaminhamentos de crianças para serviços especializados em identidade de gênero, particularmente de adolescentes. No entanto, o papel atribuído à medicina não pode ser separado das atitudes e habilidades da sociedade. O debate sobre gênero ocorre em um ambiente onde meninos são vistos como meninos e meninas como meninas, com base em seu comportamento, e não em seu sexo biológico …

… Os terapeutas estão certos em se preocupar com o sobrediagnóstico e sobretratamento. Mas essa preocupação pode ser percebida pelos pais como uma barreira e não como uma resposta baseada em evidências.

Muitas crianças com disforia de gênero crescerão sem cirurgia de redesignação e serão gays ou bissexuais. Uma preocupação é que a mudança de gênero faz com que a homossexualidade “desapareça”: no Irã, ser gay é ilegal, mas a taxa de cirurgia de redesignação de gênero é a mais alta do mundo.

“Autocensura da CBC é parte da assustadora tendência da identidade de gênero”, Susan Bradley, The Post Millennial, 2018.

Na minha prática, tenho visto muitas mulheres jovens exibindo o fenômeno conhecido como “disforia de gênero de surgimento repentino”, ou ROGD [sigla em inglês], que afeta predominantemente as meninas. Tipicamente, as adolescentes com ROGD que eu atendo, intencionalmente ou não, começaram a experimentar sentimentos homoeróticos sobre os quais estão em conflito. Elas tendem a ser socialmente isoladas e em algum lugar “no espectro” [de autismo]. E podem ter histórico de transtornos alimentares ou de autolesão.

Elas encontraram companheiros com os mesmos atributos em sites da Internet, o que diminui a tristeza de tais adolescentes em relação ao isolamento social, mas também pode levar à exclusão do pensamento reflexivo sobre seus próprios sentimentos e situação. Algumas dessas garotas estão deprimidas, afligidas por ideação suicida. Por causa da euforia inicial que elas experimentam em finalmente “pertencer” a um grupo de parentesco bem definido, elas tendem a abraçar a ideia de que a transição é a solução para seus outros problemas com todo o coração.

“Transgenerismo e a construção social do diagnóstico”, Lisa Marchiano, Quillette , 2018.

Ativistas e certos clínicos simpáticos ao movimento transativista parecem se sentir ameaçados pela ideia de uma disforia de gênero de início repentino porque a sugestão de que a disforia pode ser influenciada por fatores sociais ou culturais enfraquece as noções de que ela é inata. Se a disforia não é inata, justificar a intervenção médica torna-se mais complicado.

“Tratamento Médico Precoce de Crianças e Adolescentes com Disforia de Gênero: Um Estudo Ético Empírico.” Lieke e outros , Journal of Adolescent Health, 2015

Sete temas dão origem a pontos de vista diferentes, e até mesmo opostos, sobre o tratamento: (1) a (não) disponibilidade de um modelo explicativo para a Disforia de Gênero (DG); (2) a natureza do DG (variação normal, construção social ou doença [mental]); (3) o papel da puberdade fisiológica no desenvolvimento da identidade de gênero; (4) o papel da comorbidade; (5) possíveis efeitos físicos ou psicológicos de (abster-se de) intervenções médicas precoces; (6) competência e autoridade de tomada de decisão da criança; e (7) o papel do contexto social como a DG é percebida. Surpreendentemente, as diretrizes são debatidas tanto por serem muito liberais quanto por serem restritivas demais. No entanto, muitas equipes de tratamento que usam as diretrizes estão explorando a possibilidade de reduzir os atuais limites de idade […] Enquanto o debate permanecer sobre esses sete temas e apenas dados limitados de longo prazo estiverem disponíveis, não haverá consenso sobre o tratamento.

“A influência dos colegas durante a adolescência: as acusações homofóbicas dos pares pode influenciar a identidade de gênero?” Delay et al , Journal of Youth and Adolescence, 2017

Ofensas homofóbicas surgem como uma forma de influência dos colegas capaz de mudar a identidade de gênero dos adolescentes precocemente, de forma que os adolescentes deste estudo parecem ter interiorizado as mensagens que receberam de seus pares e incorporado essas mensagens em suas visões pessoais sobre sua própria identidade de gênero.

“O consultório do endocrinologista — Supressão da puberdade: salvando crianças de um desastre natural?” Sahar Sadjadi, Journal of Medical Humanities, 2013

Atualmente, as consequências do tratamento para a saúde são relativamente inexploradas. No entanto, o tratamento está sendo implementado devido a pressão da emergência de salvar a criança da suposta devastação que acompanhará o início da puberdade. Deve ser lembrado que a supressão da puberdade como o primeiro passo para a transição médica, se seguida pelo uso de hormônios sexuais cruzados, que tem sido a regra para quase todos os casos relatados, leva à infertilidade devido à imaturidade permanente das gônadas e do trato reprodutivo. A ausência da discussão sobre a esterilização de crianças como um grande desafio ético neste artigo de bioética e muitos outros debates clínicos sobre a supressão da puberdade é impressionante. Para qualquer outro grupo de crianças, tal intervenção seria discutida extensivamente nos conselhos de ética.

O número anual de encaminhamentos para a equipe de especialistas em disforia de gênero do Hospital Infantil Astrid Lindgren, em Estocolmo. Artigo escrito em sueco:

“Uma faixa diferente”, Renee Sullivan, Psychology Today , 2018

Faz quatro anos desde que voltei a me identifiquei como mulher. Minha disforia de gênero era real e muitas vezes dolorosa, mas o jeito de resolver esse problema não foi me tornar um homem. Foi questionar e rejeitar as histórias que a sociedade me contou sobre o que significa ser mulher.

Alguns gráficos ilustram o número cada vez maior de mulheres nascidas no mundo que se apresentam em clínicas de gênero:

Canadá, Holanda, Reino Unido, Finlândia
Suécia
Reino Unido
Nova Zelândia
Toronto e Amesterdã

Texto original: https://4thwavenow.com/2018/04/08/letter-to-a-gender-clinic-a-parents-call-to-action/

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