Conto A Noite Cai
A noite cai apresenta as gêmeas pretas Ana e Cecília, herdeiras da linhagem de bruxas iorubá, bruxas que são contempladas pela energia de seus orixás protetores. Após o surgimento de uma lobisomem na faculdade onde Ana estuda, ambas as irmãs e o namorado de Cecília começam uma corrida contra o tempo para passar por sete igrejas de uma versão fantástica da cidade de Fortaleza para trazer a lobisomem à sua forma humana. O conto inspirado na mitologia dos orixás é escrito por Camila Cerdeira.
Com uma leitura fluida e diálogos bem encaixados, Camila escreve uma história com protagonismo preto lgbtqi+ no Nordeste brasileiro. Com o passar das páginas a autora vai descrevendo seus personagens sem se prender a uma descrição próxima de fichas de personagem de RPG e, aos poucos, vamos conhecendo o trio.
Com a bênção dos orixás, nossa protagonista Ana tem conexão com a natureza e habilidades mágicas com o arco e flecha, seu orixá guia é caçador Oxóssi; sua irmã Cecília é imponente como os ventos de sua orixá guia, Iansã; o namorado de Cecília, Bernardo, é guiado por Xangô e dele o garoto herda o senso de justiça e o poder de conjurar raios.
A história é narrada pela perspectiva da protagonista, Ana, que nos ambienta nessa Fortaleza fantástica. Seus comentários transitam do sarcasmo à insights, como perceber que a Sailor Moon brilhava nua durante a transformação (isso depois de ver sua crush levitando iluminada por uma energia azul).
A noite cai é uma leitura rápida e bem humorada, a representatividade da obra é feita com naturalidade e o enaltecimento dos orixás deixa o leitor instigado a procurar mais sobre a mitologia iorubá. Lançado em formato Kindle, o conto tem 40 páginas (considerando a resolução de tela do Kindle) e 8 capítulos, ele pode ser adquirido no site da Amazon e atualmente faz parte do acervo do Kindle Unlimited.
Além do mais, a autora criou uma playlist para o conto no Spotify, recomendo ouvi-la durante a leitura para ajudar a ter uma maior imersão no universo d’A noite cai.
Sobre a autora: Camila Cerdeira trabalha com escrita, fotografia e teatro; Nerd de criação, negra, não-binária e feminista, mora em Fortaleza onde também faz parte dos podcast Orgulho Contra Ataca e Bisão voador. Escreveu também Guardião do destino, conto que faz parte da coletânea Não morre no final da Editora Resistência. Espalhada virtualmente é quase sempre possível encontrá-la discursando sobre questões sociais ou sobre nerdiandade, mas mais provavelmente sobre ambas ao mesmo tempo. @CamilaAngel (Twitter) e @camilacerdeira (Instagram);
Revisão de texto: Lucas Asbahr Nasser
Consultoria: Júlia Beringuello Garcia