Times “Antifrágeis”

João Ricardo Mendes
hurb.labs
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2 min readJul 1, 2022

Falhas acontecem, em desenvolvimento de software muitas vezes times se encontram num dilema.

Tentar eliminar falhas ou fazer com que sistemas lidem com elas de forma mais harmônica. Ambas as abordagens são importantes, mas IMHO a tolerância a falhas é a mais valiosa.

O motivo é simples: só podemos eliminar falhas que podemos imaginar, enquanto a tolerância a falhas adiciona alguma resiliência a falhas que não poderíamos imaginar.

Acredito o mesmo em gestão de pessoas, muitos líderes fazem o possível para proteger suas equipes, gerenciam as informações com cuidado e defendem suas equipes agressivamente contra qualquer mudança.

Gastam sua própria energia para manter cuidadosamente um ambiente “previsível”, seu foco é precisamente o que precisa ser feito e como. Esses líderes normalmente são amados por suas equipes.

Quando ocorre uma falha inesperada, como invariavelmente acontece, esses times muitas vezes “travam”. Talvez a estratégia da companhia tenha mudado ou o mercado não esteja reagindo como esperado, mas a pressão agora está apenas no líder “mãe coruja” para restaurar a ordem desenvolvendo um novo plano para toda a equipe. Essas equipes são frágeis.

Os melhores líderes que já conheci, são transparentes com informações em tempo real (positivas e negativas), especialmente informações potencialmente disruptivas, abraçam a mudança quando apropriado, mesmo que seja doloroso e gastam sua energia para garantir que o time esteja o mais preparado possível para o que vier.

Seu foco está na execução e aprendizado contínuo próprio e do time e conhecimento das restrições operacionais da equipe.

Quando ocorre uma falha inesperada, o ônus de como reagir é compartilhado por toda a equipe, todos conhecem as restrições, todos têm todas as informações de preferência nem precisam de um Gerente ou Diretor mais sênior para mudar o curso e seguir em frente.

Em vez de proteger como líderes “mãe corujas” eles capacitam o time e esses times são antifrágeis, se beneficiam com o caos.

São capazes de capturar o lado positivo sem participar totalmente do lado negativo.

Assim como os ossos se fortalecem quando submetidos ao estresse, os sistemas antifrágeis florescem através do fracasso.

Quando as equipes sobrevivem à mudança juntas, elas são mais fortes por isso, entendem melhor seus objetivos, aprendem mais sobre o segmento em que operam, estão mais bem preparados para lidar com mudanças e até torcem por isso.

A estabilidade é importante para uma execução eficaz, fornecer ambientes estáveis é uma meta admirável para a liderança mas só vale enquanto a estabilidade for genuína e não fabricada.

Em vez de proteger seus times do fracasso, prepare-os para isso.

P.s1: uma das formas de prepararmos para isso é aprendermos a “Como [não] prever o futuro” (falaremos sobre)

P.s2: O Taleb é extremamente arrogante mas concordo bastante com sua tese de antifragilidade.

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João Ricardo Mendes
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Written by João Ricardo Mendes

Hurb.com CEO and Founder. Be curious. Read widely. Try new things. What people call intelligence just boils down to curiosity.

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