Falando mais alto que seu impostor

Rúvila Avelino
ViaHubtecnologia
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3 min readOct 7, 2020

Você já se sentiu uma fraude prestes a ser desmascarada? Já deixou para fazer tudo na última hora porque queria evitar fazer algo que geraria insegurança ou não tinha certeza como fazer? Você já se esforçou muito mais que o necessário para alcançar a “perfeição”? Já desistiu de algo porque achou que não seria capaz? Já sabotou seu próprio crescimento por não se achar merecedora ou merecedor?

Se você respondeu sim para uma ou mais dessas questões, você pode ter a síndrome do impostor.

Silhueta do perfil de uma mulher trabalhando com dois computadores. Prédios comerciais aparecem na janela ao fundo
Créditos da imagem: Christina @ wocintechchat.com/ Unplash

A síndrome do impostor vem sendo estudada desde os anos 1970 e ganhou este nome nos anos 1980, já que ela te faz acreditar que você não é aquilo que as outras pessoas pensam. Ocorre principalmente em profissões competitivas — nas quais o profissional julga ter que provar seu valor constantemente. Afeta principalmente mulheres, pessoas negras, LGBTQ+ e outras minorias, que não se sentem pertencentes e/ou representadas neste contexto ou sentem algum tipo de deslocamento por serem diferentes do perfil majoritário de pessoas da sua profissão.

É muito comum a síndrome do impostor bater em algum momento da sua vida e saiba que quase todo mundo já esteve nesta posição. Aquela pessoa ou profissional que você admira muito? Sim, provavelmente essa pessoa já passou por isso.

Para se aprofundar mais no conceito, recomendo muito a leitura do material reunido pela Programaria neste link (principalmente o texto da jornalista Nana Soares), o episódio do podcast Naruhodo sobre o assunto e o texto de Ricardo Dias aqui no Medium. São informações valiosas que podem ajudar a entender melhor a síndrome do impostor e como ela afeta diariamente a vida de cada um.

Uma fala do podcast recomendado acima me chamou muito a atenção: a síndrome do impostor pode ser vista como um desequilíbrio entre a sua autoeficácia e sua auto-dúvida. Ou seja, você precisa saber equilibrar a capacidade de avaliar objetivamente o que você sabe e consegue fazer com a sua auto-crítica, fugindo tanto da arrogância quando da insegurança. Não é fácil, não é de um dia para o outro, mas um treino constante.

Com base em tudo isso, destaco aqui algumas ideias para lidar com essa síndrome que pode puxar seu tapete e te impedir de crescer:

  • Não ter medo da sua vulnerabilidade: é preciso falar, trocar ideias com seus colegas de trabalho, com seus amigos e pessoas em quem você confia. Conversar e verbalizar alguns pensamentos pode ajudar muito mais do que você imagina.
  • Pedir feedback para seus colegas de trabalho: um feedback, mesmo que seja negativo, pode te ajudar a reavaliar alguns pontos que você acredita e nem sempre são verdadeiros.
  • Se tiver medo, vá com medo mesmo: nem sempre é fácil sentir que você está preparado de verdade para algo. Não desista, em algum momento você estará pronta ou pronto. É como diz o ditado: “fake it until you make it” (algo como “finja até conseguir fazer”).
  • Reconhecer aquilo que você sabe fazer: é bom pensar com objetividade nas suas qualidades e naquilo que você sabe fazer.
  • Investir em autoconhecimento: autoconhecimento é uma ferramenta importante para tudo na vida. Leia, veja palestras de profissionais, faça terapia, escreva um diário, faça meditação… o que funcionar para você.
  • Entender o “poder do ainda”: existem muitas coisas que você “ainda” não sabe, mas pode aprender. Confie nas suas potencialidades.
  • Buscar ajuda profissional: não tenha vergonha de procurar um profissional se a insegurança estiver te atrapalhando. Sua saúde mental importa muito.

A síndrome do impostor não é apenas uma questão individual e interna, é social e o mercado de trabalho extremamente competitivo tem uma grande responsabilidade sobre isso. Somos todos parte de uma sociedade que é muito beneficiada pelas nossas inseguranças. Não deixe o seu impostor falar mais alto que você.

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Rúvila Avelino
ViaHubtecnologia

28 anos, jornalista, desenvolvedora web, leonina, vegetariana, book lover, riot grrrl, cat lady, feminista e divulgo a palavra de sleater-kinney por aí.