Biblio, GC, A11Y e Tecnologia

Marília Rodrigues
IA Biblio BR Grupo
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5 min readApr 28, 2023

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Na imagem, placa de sinalização apontando a direção para determinados tipos de pessoas usuárias. (Fonte: fotógrafo Paul Green, hospedado no site Unsplash)
Na imagem, placa de sinalização apontando a direção para determinados tipos de pessoas usuárias. (Fonte: fotógrafo Paul Green, hospedado no site Unsplash)

O contexto romântico

Certa vez escrevi sobre resgate de carreira e como eu tinha finalmente me aceitado como uma bibliotecária mesmo não atuando explicitamente como uma (link do artigo no Medium: Reencontro de carreira e síndrome da impostora). Sem dúvidas, o IA Biblio BR (link externo para o LinkedIn) me ajudou nesse processo.

Nessa época eu realizava o sonho de atuar com Gestão do Conhecimento (GC) dentro de uma gerência de serviços de TI. Já tinham se passados também 6 anos de estudo de UX dentro da minha empresa. Eu entendia o conhecimento que tinha conquistado ao longo do meu histórico de trabalho e sabia que precisava deixar a síndrome da impostora de lado e mostrar para o mundo que Gestão do Conhecimento era importante para inovação e tecnologia. E também que UX e design faziam parte desse processo!

E acho que consegui. Foram dois anos atuando com GC. Estudando ferramentas, pessoas, processos e tecnologia. Entendendo a experiência do cliente e do funcionário com a documentação e a informação. Batalhando para que mudanças de cultura acontecessem. E tirando algumas pedras do caminho para aqueles que viriam depois. E vieram.

Essa etapa da minha história profissional tem conteúdo para um texto específico e eu escrevi alguns, como esse aqui no Medium: Embaixo do braço eu carrego a vontade de compartilhar e esse no LinkedIn: Eu quero falar sobre Gestão do Conhecimento! E eu falo muito…

Mas o fato é que as colheitas seguem seu fluxo, mesmo com a mudança de pessoas, e isso é uma máxima da GC. Eu precisava mudar e apesar disso, segui e sigo sentido orgulho toda vez que vejo um processo de conhecimento acontecendo de forma consciente em meu trabalho. E sei que a semente da Biblioteconomia e Gestão do Conhecimento podem ser muito valoradas na área de tecnologia.

Se tem conhecimento sendo compartilhado, tem magia acontecendo!

E a magia não pode acabar. Antes de me deparar com a oportunidade de aplicar a GC em meu trabalho, eu atendi um cliente Pessoa com Deficiência visual (PcD visual) e isso me sacudiu tanto que acabei parando em um palco do UXBB falando sobre Acessibilidade.

Vídeo da palestra “O que eu não vejo com você?”, proferida no UXBB de 2019. O vídeo pode ser acessado no link a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=ibjEz6G_8_E. (Fonte: Canal do YouTube do UXBB)

Naquele tempo eu não achei que fosse trabalhar POR isso. Acreditava que era suficiente trabalhar COM isso. E assim fazia uma ou outra observação sobre acessibilidade digital em minhas tarefas. Cuidava ao escrever um documento de forma acessível; pensava na descrição das imagens (tema da minha monografia de graduação em biblio); observava alguma coisa de contraste; e só.

Atender aquele cliente mudou minha vida! Foi ali que decidi fazer o curso do Marcelo Sales, referência em acessibilidade digital (link externo para o perfil do Marcelo no LinkedIn). E foi por causa desse curso que o Thiago Diniz, PcD visual integrante do time de acessibilidade digital da tecnologia do Banco do Brasil, me ligou (link externo para o perfil do Thiago no LinkedIn). E me levou! Hoje somos parte da história da acessibilidade do BB. E eu sou uma bibliotecária que trabalha com tecnologia.

Na imagem, Marília e Thiago tirando um foto no elevador, Thiago está segurando a coleira do seu cão guia, o animal está no canto inferior esquerdo da foto. (Fonte: autora deste texto)
Na imagem, Marília e Thiago tirando um foto no elevador, Thiago está segurando a coleira do seu cão guia, o animal está no canto inferior esquerdo da foto. (Fonte: arquivo da autora)

Feita essa contextualização romântica e gigante sobre como eu já venho há um tempo mostrando meus serviços bibliotecários na TI (são 20 anos de banco e 10 de Tecnologia), vamos ao que interessa:

Que diferença a gente faz afinal nesse mercado?

A experiência crescente

Primeiro eu preciso falar da minha experiência com GC. Foi crucial para olhar para acessibilidade digital e entender o quanto a documentação, disseminação e a prática da Gestão do Conhecimento podem alavancar a acessibilidade. Nem precisa falar em detalhes.

Segundo, a visão de processos, pessoas, ferramentas, tecnologia e comunicação, pilares da Gestão do Conhecimento. Tudo isso contribuiu e contribui para que eu consiga observar de forma ampla as possibilidades de atuação com acessibilidade dentro da tecnologia e colaborar com meus colegas nessa atuação.

Terceiro, a minha característica buscadora e incessante por informação. Cada dúvida de acessibilidade, cada questionamento sobre critérios de sucesso, cada atualização sobre recomendações, tudo é importante para manter a comunidade informada. E ninguém melhor que um bibliotecário com espírito investigativo para achar as referências, encontrar as boas práticas, apresentar as documentações e compilar tudo isso!

Inclusive foi esse processo de pesquisa que me levou a estudar o handoff de acessibilidade e propor um modelo de documentação em meu trabalho. Trata-se de uma prática que promove a padronização em escala entre os designers, minimiza as barreiras de acessibilidade ainda no momento da prototipação, dissemina os conhecimentos de acessibilidade entre os intervenientes e melhora a comunicação entre os desenvolvedores e designers, o que leva também a uma economia em correções de acessibilidade pós implementação.

E quarto, as bibliotecas, historicamente, tem uma forte relação com a acessibilidade, primeiramente física e posteriormente digital. Está na essência das bibliotecas o compartilhamento da informação para todos, de forma acessível. É por isso que encontramos vastas publicações acadêmicas comprovando a conexão entre as áreas de conhecimento.

Recentemente tive a oportunidade de realizar uma revisão literária (Acessibilidade Digital: abordagens, evolução, tendências
e direcionamentos na perspectiva da Ciência da
Informação e Biblioteconomia
) e percebi o quanto as disciplinas estão relacionadas e contribuem uma para a evolução da outra.

Gráfico de linha com a evolução ano a ano das publicações sobre acessibilidade digital nas bases Web of Science e Scorpus, entre 1996 e 2022, demonstrando o crescimento de publicações. (Fonte: arquivo da autora)
Gráfico de linha com a evolução ano a ano das publicações sobre acessibilidade digital nas bases Web of Science e Scorpus, entre 1996 e 2022, demonstrando o crescimento de publicações. (Fonte: arquivo da autora)

Enfim, tem muita magia acontecendo em meio a todo esse conhecimento e nós, bibliotecários, temos muito espaço para contribuir com toda essa construção!

E espero que esse texto alcance o maior número de pessoas no que diz respeito a acessibilidade e como nós podemos atuar com nossas profissões de forma a colaborar com um mundo mais inclusivo. Seja na área de tecnologia ou não.

✍ LinkedIn da autora: https://www.linkedin.com/in/maridesousa/

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