Biblio, GC, A11Y e Tecnologia
O contexto romântico
Certa vez escrevi sobre resgate de carreira e como eu tinha finalmente me aceitado como uma bibliotecária mesmo não atuando explicitamente como uma (link do artigo no Medium: Reencontro de carreira e síndrome da impostora). Sem dúvidas, o IA Biblio BR (link externo para o LinkedIn) me ajudou nesse processo.
Nessa época eu realizava o sonho de atuar com Gestão do Conhecimento (GC) dentro de uma gerência de serviços de TI. Já tinham se passados também 6 anos de estudo de UX dentro da minha empresa. Eu entendia o conhecimento que tinha conquistado ao longo do meu histórico de trabalho e sabia que precisava deixar a síndrome da impostora de lado e mostrar para o mundo que Gestão do Conhecimento era importante para inovação e tecnologia. E também que UX e design faziam parte desse processo!
E acho que consegui. Foram dois anos atuando com GC. Estudando ferramentas, pessoas, processos e tecnologia. Entendendo a experiência do cliente e do funcionário com a documentação e a informação. Batalhando para que mudanças de cultura acontecessem. E tirando algumas pedras do caminho para aqueles que viriam depois. E vieram.
Essa etapa da minha história profissional tem conteúdo para um texto específico e eu escrevi alguns, como esse aqui no Medium: Embaixo do braço eu carrego a vontade de compartilhar e esse no LinkedIn: Eu quero falar sobre Gestão do Conhecimento! E eu falo muito…
Mas o fato é que as colheitas seguem seu fluxo, mesmo com a mudança de pessoas, e isso é uma máxima da GC. Eu precisava mudar e apesar disso, segui e sigo sentido orgulho toda vez que vejo um processo de conhecimento acontecendo de forma consciente em meu trabalho. E sei que a semente da Biblioteconomia e Gestão do Conhecimento podem ser muito valoradas na área de tecnologia.
Se tem conhecimento sendo compartilhado, tem magia acontecendo!
E a magia não pode acabar. Antes de me deparar com a oportunidade de aplicar a GC em meu trabalho, eu atendi um cliente Pessoa com Deficiência visual (PcD visual) e isso me sacudiu tanto que acabei parando em um palco do UXBB falando sobre Acessibilidade.
Naquele tempo eu não achei que fosse trabalhar POR isso. Acreditava que era suficiente trabalhar COM isso. E assim fazia uma ou outra observação sobre acessibilidade digital em minhas tarefas. Cuidava ao escrever um documento de forma acessível; pensava na descrição das imagens (tema da minha monografia de graduação em biblio); observava alguma coisa de contraste; e só.
Atender aquele cliente mudou minha vida! Foi ali que decidi fazer o curso do Marcelo Sales, referência em acessibilidade digital (link externo para o perfil do Marcelo no LinkedIn). E foi por causa desse curso que o Thiago Diniz, PcD visual integrante do time de acessibilidade digital da tecnologia do Banco do Brasil, me ligou (link externo para o perfil do Thiago no LinkedIn). E me levou! Hoje somos parte da história da acessibilidade do BB. E eu sou uma bibliotecária que trabalha com tecnologia.
Feita essa contextualização romântica e gigante sobre como eu já venho há um tempo mostrando meus serviços bibliotecários na TI (são 20 anos de banco e 10 de Tecnologia), vamos ao que interessa:
Que diferença a gente faz afinal nesse mercado?
A experiência crescente
Primeiro eu preciso falar da minha experiência com GC. Foi crucial para olhar para acessibilidade digital e entender o quanto a documentação, disseminação e a prática da Gestão do Conhecimento podem alavancar a acessibilidade. Nem precisa falar em detalhes.
Segundo, a visão de processos, pessoas, ferramentas, tecnologia e comunicação, pilares da Gestão do Conhecimento. Tudo isso contribuiu e contribui para que eu consiga observar de forma ampla as possibilidades de atuação com acessibilidade dentro da tecnologia e colaborar com meus colegas nessa atuação.
Terceiro, a minha característica buscadora e incessante por informação. Cada dúvida de acessibilidade, cada questionamento sobre critérios de sucesso, cada atualização sobre recomendações, tudo é importante para manter a comunidade informada. E ninguém melhor que um bibliotecário com espírito investigativo para achar as referências, encontrar as boas práticas, apresentar as documentações e compilar tudo isso!
Inclusive foi esse processo de pesquisa que me levou a estudar o handoff de acessibilidade e propor um modelo de documentação em meu trabalho. Trata-se de uma prática que promove a padronização em escala entre os designers, minimiza as barreiras de acessibilidade ainda no momento da prototipação, dissemina os conhecimentos de acessibilidade entre os intervenientes e melhora a comunicação entre os desenvolvedores e designers, o que leva também a uma economia em correções de acessibilidade pós implementação.
E quarto, as bibliotecas, historicamente, tem uma forte relação com a acessibilidade, primeiramente física e posteriormente digital. Está na essência das bibliotecas o compartilhamento da informação para todos, de forma acessível. É por isso que encontramos vastas publicações acadêmicas comprovando a conexão entre as áreas de conhecimento.
Recentemente tive a oportunidade de realizar uma revisão literária (Acessibilidade Digital: abordagens, evolução, tendências
e direcionamentos na perspectiva da Ciência da
Informação e Biblioteconomia) e percebi o quanto as disciplinas estão relacionadas e contribuem uma para a evolução da outra.
Enfim, tem muita magia acontecendo em meio a todo esse conhecimento e nós, bibliotecários, temos muito espaço para contribuir com toda essa construção!
E espero que esse texto alcance o maior número de pessoas no que diz respeito a acessibilidade e como nós podemos atuar com nossas profissões de forma a colaborar com um mundo mais inclusivo. Seja na área de tecnologia ou não.
✍ LinkedIn da autora: https://www.linkedin.com/in/maridesousa/
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