África

Ana Thereza Constantino
Iandé
Published in
3 min readApr 19, 2018

Em janeiro de 2014 eu fiz sem dúvida a melhor viajem da minha vida. Minha família sempre valorizou muito a experiência de viajar e de tentar se inserir ao máximo no lugar. Quando chegamos a uma aldeia chamada Lukulu, na Zâmbia, na África, a placa dizia: “A terra da abundância”. Tudo o que eu pude pensar foi: “Por seu lema ser ‘a terra da abundância’, eles realmente não têm muito”. Durante anos, tinha sido algo que meus pais queriam muito conhecer, talvez eles estivessem com medo de como isso pudesse afetar nossas vidas confortáveis. Porque apesar das maravilhas que a natureza nos mostra, iríamos passar pelos projetos de cidades e aldeias onde lá iria ser de fato um choque. Eu não esperava o impacto que isso teria em mim. Conheci alguns dos voluntários que trabalhavam em uma ONG que cuidavam de elefantes que estavam em reabilitação por vários motivos e viviam naquela reserva, eles nos contaram histórias de suas próprias vidas, de como foram para na ONG e do porque os elefantes estavam ali.

Ao sair da ONG passamos por um pequeno mercado de objetos locais, e obviamente minha mãe como uma arquiteta e decoradora nata, quis olhar detalhe por detalhe das coisas que estavam expostas para turistas e foi ali que, sentada só observando com meu pai tive uma noção da verdadeira África. Nunca imaginei que em apenas uma hora apenas olhando aquelas crianças magérrimas brincando, senhoras pedindo esmola, homens implorando para que entrássemos em suas mini lojinhas, todos ali tinham expressões desesperadoras. Eu assisti uma menina compartilhar seu almoço, que era apenas um pedaço de pão, com outros, até um ponto que mexeu tanto comigo, mas tanto que mudou toda a minha perspectiva sobre a minha vida. Me fez sentir muita sorte de ter sempre comida na dispensa, uma ótima casa, e uma abundância de roupas. O que eu aprendi supera o sentimento de gratidão pela sorte que tenho.

Ana Thereza Constantino

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