Nasci no dia 23 de dezembro de 1997. Fui um presente adiantado de natal para os meus pais, dois jovens recém-casados. Fomos uma família de três pessoas por muito tempo, o único integrante que chegou a fazer parte de nossas vidas por alguns anos foi nosso cachorro Fred, um maltês branco muito companheiro. Apesar de saber que eu era muito amada, sempre senti que algo estava faltando.
Todo natal, o pedido para o Papai Noel não mudava. Eu queria um irmão, e não importava de onde ele viesse, só queria um companheiro que preenchesse esse vazio na minha vida. Meus pais sempre apreciaram a calma que nossa casa tinha, o quanto nossos dias e finais de semanas eram tranquilos, a nossa rotina que funcionava tão bem a tanto tempo. Um bebê mudaria completamente nosso dia-a-dia, nossas prioridades, nossas vidas por um todo. E mesmo com tanta expectativa, ainda me lembro do sentimento de surpresa e choque quando em setembro de 2006 minha mãe anunciou que estava grávida. Com oito anos na época, eu não conseguia acreditar. Aquele dia finalmente tinha chegado.
A partir deste momento, a família inteira passou a aguardar o bebê, que mesmo com tão pouco tempo e gravidez, eu já podia sentir sua presença e um amor inexplicável. Listas de nomes, planejamento de reformas na casa e previsão de datas viraram meu foco principal. Mesmo tão nova, eu me incluía em todas as decisões possíveis que eu podia. Com somente três meses de gravidez, finalmente descobrimos que serio um menino. Desde então, minha imaginação começou a florir. Conseguia imaginar como seriam meus dias após seu nascimento, e quando meus pais e eu decidimos em conjunto que seu nome seria João Pedro, o amor parecia só aumentar.
Sabíamos que nasceria no mês de junho, mas minha mãe torcia para que o parto normal fosse possível. Me lembro como se fosse ontem daquela quinta-feira fria, dia 14 de junho de 2007, em que minha tia foi me buscar mais cedo na aula porque meu irmãozinho ia nascer. Eu corria pelos corredores da escola, arrastando minha mochila de rodinhas e gritando para minhas amigas que o João Pedro ia nascer. Entrei no carro e falei com minha mão no telefone. Eu não conseguia conter minha emoção, o dia que eu mais esperava na vida finalmente tinha chegado. Cheguei na casa da minha tia e minhas primas também já estavam lá. Ficamos em casa umas três horas, assistindo televisão e tentando nos distrair, e quando foi aproximadamente seis horas da tarde, fomos até o Hospital São Luiz. Minha mãe e meu pai já estavam lá, e logo chegaram meus avós e meus outros tios. Estávamos todos na sala de espera quando meu pai chega com a notícia de que meu irmão nasceu, dia 14 de junho exatamente às 19:55. No quarto 1430, minha família ficou hospedada por três dias, e eu passei bons momentos naquele hospital, finalmente podendo segurar a pessoa que eu mais amava no mundo.
Meu irmão foi o melhor presente que eu poderia ganhar, e acompanhar e fazer parte de sua vida é uma experiência incrível. Mesmo com nove anos e alguns meses de diferença, meu irmãozinho continua sendo minha pessoa preferida no mundo, e me lembro pouco de como era a vida sem ele. Claro que temos algumas diferenças e não concordamos em tudo, mas sinto em cada parte de mim um pedaço dele, que veio só para agregar na vida das pessoas ao seu redor.
Três anos depois, em abril de 2010, nasceu nosso outro irmão, o Felipe. O caçula da família veio para nossas vidas trazendo mais amor e união. Hoje somos uma família completa de cinco pessoas, e meus irmãos são a razão de esse amor continuar crescendo. A vida é completa com a presença do João Pedro e do Felipe, meus irmãos que só me enchem de orgulho. Na presença deles, sinto uma conexão e uma segurança de que a vida é boa e tudo tem um propósito.