1460 dias

Anna Beatriz Vilar
Iandé
Published in
2 min readApr 18, 2018

Por Anna Beatriz Vilar

Quando me perguntam sobre algo marcante na minha vida, sempre vem em primeiro lugar a história de meu pai. História essa, de quando passamos quatro anos separados.

Sempre tive uma relação muito bom com meu pai. Ele tinha apenas 16 anos quando eu nasci, e morava longe, mas isso nunca nos impediu de ter um relacionamento ótimo, cresci sempre com a presença dele ao meu lado. Foi em 2006, que, então, as coisas começaram a mudar, a fim de viajar, conhecer o mundo, e principalmente a procura de trabalho, ele planejou sua ida a Nova Zelândia. No começo, me lembro dele ficar muito aflito e preocupado em me deixar aqui, mas sabia que seria o melhor a si fazer.

Ao longo desses quatro anos, milhões de mensagens, ligações, face times e presentes enviados, foram o que mantinham nossa relação. Me lembro nas épocas de datas comemorativa, eu ficava acordada a noite toda, se precisasse, esperando uma ligação dele. Lembro até uma vez, quando numa ligação normal, ele me convidou para morar lá junto com ele, algo que pensei muito sobre, mas era loucura, pois minha vida inteira estava no Brasil. Confesso que foram anos difíceis em minha vida, mas o que menos esperava era que quando ele voltasse, nossa relação fosse ser pior ainda.

Dos meus 8 aos 12. Acredito que essa seja uma fase muito importante na vida de uma adolescente, onde ela cresce, passa pela puberdade, onde muitas coisas mudam. Quando meu pai chegou ao Brasil, ele esperava por aquela menininha que ele deixou para traz, que nada tivesse acontecido, nada tivesse mudado, mas não, tudo estava diferente, minha personalidade, meu jeito de ser, tudo o que me levou a ser quem eu sou hoje, foram criados na ausência dele.

Foi aí que nosso relacionamento começou a bater de frente. Ele ainda me tratava como uma criança, não aceitava minhas mudanças, e isso me deixava muito chateada, fazendo com que eu quisesse ficar distante dele. Lembro que cheguei a consultar vários terapeutas, psicólogos e médicos, por que ninguém conseguia me entender. Mas a real, era que ele tinha se tornado um completo desconhecido para mim.

Atualmente, ainda temos algumas coisas para se resolver, mas melhoramos muito desde aquela época, há 8 anos atras, continuamos distantes, nos vemos e falamos bem pouco, mas estamos bem. Ele se casou de novo, e teve meu irmão Mateus, que hoje tem dois anos.

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