15 passos da Praça San Marco

Por Izabella Ricciardi

O tanto que uma memória pode significar , durante o ar do momento eu não saberia que aquela mesma memória me viria a mente com tanto carinho quase ano depois, quando tudo se tornou muito complicado. A minha experiencia em particular é muito feliz e posso lembrar dela como um tipo de calmaria antes da tempestade, por mais que tenha sido seis meses separados do que estamos vivendo hoje.

Desde do processo de pegar as malas da esteira do pequeno aeroporto, o peso e o medo delas cairem na agua passando-as para o barco, coisa que eu nunca conseguiria fazer sozinha sem derruba-las. Tudo parece como um leve sonho que eu não tenha certeza que eu estava acordada, não porque o cenário em si era muito bonito para ser real, era mas acho que é mais por que viver essa experiencia hoje parece muito fora da realidade.

O trajeto do aeroporto até a cidade, a água que é — ou era — longe de ser cristalina mas brilhava pelo sol extremamente forte em Julho, quando já era possível ver um leão de longe e gôndolas cheias de turistas, Veneza realmente causa um impacto muito maior do que poderia pensar.

Minha mãe que passou a lua-de-mel e muitos verões da juventude me advertiu que era uma das experiências mais únicas que eu teria, eu normalmente gosto de contradizer ela então como a boa amante de museus de moda que sou eu realmente estava mais animada para Milão, sendo sincera.

Mas Veneza tem alguma coisa, mesmo muito cheia, mesmo muito quente e mesmo a agua muitas vezes tendo um cheiro estranho de manhã, alguma coisa te marca, como os moradores protestavam contra os grandes navios, a comida, como a cidade fica muito vazia a noite pois os turistas dos grandes navios voltam para lá, o hotel que ficamos a menos de 15 passos da Piazza San Marco, onde eu comi mais sorvete do que podia.

Tivemos uma imensa sorte de estar no mesmo momento da bienal de arte anual de Veneza, conhecida mundialmente, um enorme conjunto de arte, desde quadros e fotografias até grandes instalações de arte, uma que me marcou muito foi uma grande maquina colocada numa caixa de vidro blindado que foi programada para se mexer inconsequentemente, como embaixo havia um liquido vermelho espalhava por toda caixa, tinha mais de dois metros de altura.

Veneza é uma mistura de arte, história e bons momentos embaraçosos de turistas, tudo junto numa perfeita harmonia.

Hoje, nos vemos em uma pandemia que afeta todos os lados do mundo, e nos comprometemos em fazer uma pausa em nossas rotinas normais até que tudo se acalme novamente, por mais que ficar em casa nunca foi tão estressante como agora, momentos como o sol batendo na água suja de Veneza são memórias que guardo junto a pensar em uma tentativa de tirar minha cabeça das notícias incessantes que vemos todos os dias.