A Espera Ansiosa e o Medo

Carolina Cruz
Iandé
Published in
2 min readApr 18, 2018
A espera não está apenas em você. Está ao seu redor. Cena do documentário “Espera”, de Caos Guimarães. Foto: Divulgação.

Esperar, esperar, esperar…

Ultimamente essa palavra tem me consumido todos os dias, as horas, os minutos e segundos. Todos. Junto com ela, vem mais outras duas que chamo de: ansiedade e medo.

Ansiedade por esperar. Esperar por ter medo.

Ansiedade da espera pelo novo.

Ansiedade da resolução do novo.

Será que está tudo bem com você?

Será que está tudo bem com a sua saúde?

Será que o caminho certo a seguir é esse?

Será que tem que estudar realmente isso?

Será que tem que trabalhar justamente com isso?

Será que dou conta?

Será que a profissão trará prazer?

Será que o presente realmente é o que faz sentir prazer?

Será que eles são confiáveis?

Será que ele é confiável?

Será que tudo é sincero?

Será que o amor é sincero? Qual amor é sincero?

Será que eu dou conta?

Será que todo esforço vai valer a pena?

Será que todo esforço está valendo a pena?

Será que este lugar é o certo?

Será que devo agir?

Será que devo esperar?

Será que o certo é ficar ou fugir? Fugir de quê, de quem, da onde?

Será que dou conta?

A espera nos fez pensar em diferentes formas de esperá-la. Cena do filme “Espera”, documentário de Cao Guimarães.

Tantos “Será(s)” e nenhuma resposta. A resposta seria a espera. E o medo está em ter essas respostas. A ansiedade está em saber que nunca teremos essas respostas. Quando tivermos, é justamente a hora da resolução dessas perguntas.

Imaginar que a ansiedade corre nas minhas veias há um bom tempo, isso já imaginava. Certeza tive quando assistir ao documentário “Espera”, de Cao Guimarães, durante o 23º É Tudo Verdade — Festival Internacional de Documentários, no último dia 14, em São Paulo. Me deparei com aquele filme — não tão longo — de 76 minutos (1h16min) com um desejo enorme de adiantar toda a exibição para saber como aquela narrativa sobre o próprio ato de esperar e as diversas demonstrações desse sentimento em diferentes pessoas finalizaria. Me dei conta que aquele conteúdo exibido na tela veio para conversar comigo. Mais uma vez, a arte colocando a mão na minha consciência e me fazendo pensar. Respirar. Inspirar. Nada mais me basta do que a respiração. Reflexão. Nada mais me basta do que a reflexão do meu eu mais profundo e do esperar… esperar… esperar…

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