A Espera Ansiosa e o Medo
Esperar, esperar, esperar…
Ultimamente essa palavra tem me consumido todos os dias, as horas, os minutos e segundos. Todos. Junto com ela, vem mais outras duas que chamo de: ansiedade e medo.
Ansiedade por esperar. Esperar por ter medo.
Ansiedade da espera pelo novo.
Ansiedade da resolução do novo.
Será que está tudo bem com você?
Será que está tudo bem com a sua saúde?
Será que o caminho certo a seguir é esse?
Será que tem que estudar realmente isso?
Será que tem que trabalhar justamente com isso?
Será que dou conta?
Será que a profissão trará prazer?
Será que o presente realmente é o que faz sentir prazer?
Será que eles são confiáveis?
Será que ele é confiável?
Será que tudo é sincero?
Será que o amor é sincero? Qual amor é sincero?
Será que eu dou conta?
Será que todo esforço vai valer a pena?
Será que todo esforço está valendo a pena?
Será que este lugar é o certo?
Será que devo agir?
Será que devo esperar?
Será que o certo é ficar ou fugir? Fugir de quê, de quem, da onde?
Será que dou conta?
Tantos “Será(s)” e nenhuma resposta. A resposta seria a espera. E o medo está em ter essas respostas. A ansiedade está em saber que nunca teremos essas respostas. Quando tivermos, é justamente a hora da resolução dessas perguntas.
Imaginar que a ansiedade corre nas minhas veias há um bom tempo, isso já imaginava. Certeza tive quando assistir ao documentário “Espera”, de Cao Guimarães, durante o 23º É Tudo Verdade — Festival Internacional de Documentários, no último dia 14, em São Paulo. Me deparei com aquele filme — não tão longo — de 76 minutos (1h16min) com um desejo enorme de adiantar toda a exibição para saber como aquela narrativa sobre o próprio ato de esperar e as diversas demonstrações desse sentimento em diferentes pessoas finalizaria. Me dei conta que aquele conteúdo exibido na tela veio para conversar comigo. Mais uma vez, a arte colocando a mão na minha consciência e me fazendo pensar. Respirar. Inspirar. Nada mais me basta do que a respiração. Reflexão. Nada mais me basta do que a reflexão do meu eu mais profundo e do esperar… esperar… esperar…