A(mar)

Roberta Mendes
Iandé
Published in
2 min readOct 18, 2017

Sempre amei o mar; demorei pra perceber que era lá que me encontrava.

Praia Vermelha — Paraty (RJ)

O amor é um oceano inteiro e eu não sei ser maré baixa. Aprendi da pior (talvez melhor) maneira que meu coração é fundo como mar aberto.

E eu me afogava nele toda vez que ela passava.

Ela apareceu e foi como tempestade que invade o mar e causa estrago em todos os portos por que passa.

Abarcou em um porto distante depois de tanto passear pelos meus sentimentos sem a certeza de ancorar-se. E me deixou sozinha no oceano que virei. Na incerteza instável que é o mar e que sou eu.

Foi como uma onda que quebra antes da gente mergulhar e arrasta a gente na areia áspera. Foi ser puxada para o fundo do oceano vazio e gelado onde não se sabe o que ronda nossos pés lá em baixo.

Depois dela nada foi igual, e na tentativa de lembrar a forma correta de amar, esqueci de viver e de amar da forma que sei. Que ela me ensinou.

Se soubesse da dor, nunca teria começado. Mas se pudesse voltar, não mudaria nada. A vida nos reserva tantas coisas; ela foi uma delas. E foi aprendizado, como tudo que passa por nós.

Mas superar é resistir e meu porto sempre aguentou as tempestades que por ele passaram, na esperança de olhar o arco-íris que as segue.

E o arco-íris é um sorriso e um abraço e um beijo novos que eu pensei nunca merecer; que acalmaram a agitação do meu mar bagunçado e me trouxeram de volta à superfície.

Nota para o arco-íris: obrigada pelas noites em que eu afundei e você segurou minha mão para eu não ir sozinha.

Roberta Mendes (41620315)

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