A montanha-russa da minha quarentena
Por Valentina De Luca Garcia Coelho
Acho que se perguntassem como foi a experiência do Coronavírus e da quarentena daqui alguns anos eu diria que foi como andar em uma montanha-russa. Quando se começou a se ouvir falar do vírus, que até então estava presente apenas na China, parecia uma realidade completamente distante de todos nós. Entretanto, em algumas semanas ele começou a se espalhar pelo mundo, sendo declarado então uma pandemia e nós começamos o chamado isolamento social.
Quando os primeiros casos começaram a aparecer no Brasil, eu estava em São Paulo e não demorou muito para as faculdades do estado e logo depois do país inteiro cancelarem as aulas e as que tinham condições iriam aplicar o ensino EAD. As duas primeiras semanas se passaram e minha mãe praticamente me obrigou a voltar para Florianópolis, onde a minha família mora, e nesse meio tempo tanto minha mãe quanto o próprio vírus conseguiram algo inédito: me deixar com medo. Algo que pra quem me conhece sabe que é raro de acontecer.
Ao chegar em Floripa, os primeiros 15 dias foram os mais difíceis. Pois, como eu tinha acabado de chegar de um local que aqui no brasil é considerado o epicentro da doença (São Paulo) e tinha entrado em contato com o ambiente de aeroportos, a recomendação das minhas médicas era que eu ficasse isolada no meu quarto nas primeiras 2 semanas. Eu passei esse período com oscilações de humor drásticas, uma hora eu estava bem apenas focando nas minhas aulas e tentando não pensar muito na situação, em outras horas o medo de estar com o vírus e o sentimento de solidão mesmo estando em casa com meus pais e minha irmã vinham à tona. Eu cheguei a medir minha temperatura de uma em uma hora.
Foram se passando dias, semanas e quando eu vi já estava a mais de um mês de quarentena e a convivência com a minha família estava cada vez mais complicada, todo dia era uma briga por algo diferente e com as minhas provas no meio do caminho o estresse só aumentava, o que me ajudava eram as minhas sessões semanais de terapia via vídeo chamada com a minha psicóloga. Eu contava os dias para tudo acabar e eu poder voltar para a minha casa em São Paulo, mas a partir disso que vinha o pior dos pensamentos: não saber quando a situação voltaria ao normal, nem o que aconteceria nos próximos meses.
#3APM20201