Isabela Parrode
Iandé
Published in
3 min readOct 18, 2017

--

AWAY FROM HOME

Aos 16 anos, decidi que queria uma experiência diferente na minha vida, foi então quando decidi fazer intercâmbio. No começo foi difícil achar um lugar que eu pudesse me identificar mais. O lugar escolhido foi a Suíça, mais especificamente, uma escola americana localizada na parte italiana da Suíça.

O tempo passou tão rápido que quando vi já estava no aeroporto embarcando para morar um ano fora, da minha casa, minha família, meus amigos e tudo o que eu mais gostava. Na hora em que a realidade caiu, me desesperei e queria voltar atrás. Afinal, estava indo sozinha para um lugar desconhecido, fiquei com medo de não fazer amizades ou até não gostar da escola, do país, não sabia o que me esperava, ao menos o que eu ia comer por lá.

Chegando na escola o que mais quis era ir embora, porém o tempo foi passando, fiz amigos de todos os cantos do mundo. Quando me deparei já não queria nem mais voltar, era difícil a saudade de casa bater. Marcávamos inúmeras viagens para toda a Europa, conheci lugares incríveis e inesquecíveis que acho difícil de voltar. Eram viagens para curtir com amigos e até mesmo enriquecidas de cultura. Porém, de todas essas viagens, uma me marcou muito, quando viajei para a Polônia.

Estava estudando na minha aula de história sobre a Segunda Guerra Mundial e minha escola nos proporcionou uma viagem à Polônia com toda minha turma e alguns professores. Fomos conhecer os famosos campos de concentração. Estava curiosa, pois é tão falado no mundo todo e o assunto me interessava bastante.

Por mais que eu soubesse o terror que aquela guerra tinha sido, nada me chocou tanto. Chegando em Auschwitz, fomos primeiro visitar as câmaras de gases onde colocavam milhares de judeus em um lugar que mal cabiam 100 pessoas. Da para ver as marcas dos ácidos que manchavam as paredes. Logo em seguida vimos os aposentos, eram bicamas de madeira onde dormiam 4 por cama sem colchão e sem nenhuma estrutura. Vimos também os crematórios, tudo muito chocante.

Nos museus dentro desse campo de Auschwitz, tinham as roupas que os judeus usavam, pareciam pijamas listrados. Tinham suas malas, pois achavam que estavam indo viajar, os cabelos que cortaram, além dos sapatos de madeira que eram obrigados a usar e machucavam os pés. A cada passo que dava ia me chocando cada vez mais, não imaginava o quão cruel tudo isso tinha sido. Lembro até hoje de duas coisas que mais me chocaram. As fotos das crianças, todas desnutridas e olhares tristes que davam vontade de chorar. E o lugar onde eles jogavam os mortos, uma montanha de areia, e conforme o vento batia apareciam alguns pedaços de ossos.

Além de toda essa visita, tivemos a oportunidade de entrevistar um judeu que conseguiu fugir dos alemães. Ele viu a irma , a mae e toda sua família sendo levada na sua frente e não pode fazer nada. Perguntamos se depois de todo o sofrimento que ele passou, se ele ainda acreditava em Deus e ele nos respondeu, que com certeza, pois Deus deu muita força para ele aguentar tudo isso, além de que Ele faz apenas as coisas boas no mundo e não toda essa maldade.

Toda essa experiência, que acredito que foi única na minha vida, me fez ser uma pessoa muito diferente, passei a dar valor nas coisas pequenas, que na verdade, são enormes e fazem todo o sentido na minha vida a partir de então.

--

--