APAIXONADA POR ME APAIXONAR

Beatriz de Toledo VERLANGIERI
Iandé
Published in
4 min readOct 17, 2017

Um dos melhores sentimentos do mundo é a iminência de se apaixonar. É aquele sentimento que você não pode fazer nada sobre, ele simplesmente acontece com você.

Logicamente eu só queria um melhor amigo menino pra quem eu podia contar tudo. E foi isso por muito tempo. Mas como eu disse, se apaixonar é iminente. Então de repente você esta gostando da pessoa e isso é a única coisa que se consegue pensar.

Eu lembro muito claramente o dia que eu aceitei que me apaixonei pelo Murilo. Acho que é muito marcante pra mim porque no meu relacionamento anterior a gente começou a namorar sem se conhecer direito, então eu me apaixonei depois de já ser namorada dele. Agora, com o Murilo foi outra história. Foi fácil como respirar, e eu aceitei ser namorada dele já amando ele.

Mas eu sou meio suspeita pra falar de amor. Desde que eu consigo me lembrar eu gosto de alguém. Se não fosse espontâneo, eu literalmente me forçava a achar alguém que eu era no mínimo atraída (isso que estou falando quando eu tinha uns 10 anos) ou que formasse a história mais interessante (como quando nos EUA eu decidi que ia gosta do irmão gêmeo da minha melhor amiga). Eu não podia não estar gostando de alguém. Já me apaixonei por anos e já me apaixonei por segundos. Infinitos amores efemêros.

É meio insano o quanto da minha vida eu já passei pensando em inúmeros cenários. Por exemplo, quando um cara me olhava na rua, ou eu via um cara bonito num hotel, eu pensava em trezentos mil cenários de como seria o primeiro encontro, o primeiro beijo, os problemas e o que fosse. O meu maior problema não é querer viver uma grande história de amor: eu quero viver TODAS as grandes histórias de amor, até as que se contradizem entre si. Desde os amigos de infância que percebem só adultos que eles se amam até a maniac pixie dream girl que quer consertar todos os boys lixos que ela encontra (eu não gosto muito dela, mas eu de 12 anos é persistente). Talvez seja por isso que eu faço cinema.

Mas de todos esses, eu só tive três grandes amores românticos.

O primeiro foi quando eu tinha 6 anos. Eu me apaixonei pelo padawanzinho que falou que eu parecia a princesa do Cavaleiros do Zodíaco quando eu apareci um dia na escolinha de escova. Nós voltávamos juntos todo dia da escola e eu dei um Lego pra ele no dia dos namorados. Até pouco tempo eu achei que a gente só namorava na minha cabeça, coisa de criança. Mas um amigo na faculdade veio me contar que ele morava com um cara que falou pra me procurar porque eu era a namoradinha dele no prézinho. Me deixou muito feliz.

O segundo foi quando eu tinha 12 anos. Ele foi o que me convenceu que me amava mais do que eu amava ele. Ele foi a maioria das minhas primeiras vezes… No plano era para ter sido todas elas. Ele também foi o que me quebrou, porque no final das contas eu acabei amando mais. Não me leve a mal, eu fui feliz com ele. O problema é que eu fui dois anos feliz com ele, e nos quatro seguintes ele virou uma pedra no meu sapato.

Por fim, aos 15 eu me apaixonei pelo amor da minha vida. O meu Príncipe e melhor amigo. E nós vivemos felizes para sempre. Eu ousaria dizer “minha outra metade” mas ele não me completa. Eu sou uma pessoa inteira. Ele me transborda.

Me deixa realmente triste quando eu vejo aquelas baboseiras “todos os caras são iguais”, “eu só me apaixono por cara merda então só existe cara merda” ou “nunca mais vou abrir meu coração de novo”. Sabe, eu entendo pra caralho o quanto dói alguém decidir que não te ama mais e termina com você. Mas não significa que só porque um espinho te arranhou que você deve odiar a roseira inteira (ou sei lá como é a frase do Pequeno Príncipe).

Uma atriz que eu gosto uma vez disse que o tanto que você se magoa depois do término com alguém é proporcional pelo quanto você se importava. Então muitas pessoas acabam se importando pouco para não sentir essa dor. Porém, o oposto também é verdade: a felicidade do sucesso também vai ser proporcional ao quanto você se importa.

Eu pessoalmente prefiro me importar muito e quebrar a cara do que me importar pouco e ter emoções medíocres.

— Beatriz Verlangieri, 41620277

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