Austrália
Raul Muniz
Entendo por experiência estética tudo aquilo que conseguimos captar por meio dos sentidos, seja ele um show, um filme, uma obra de arte, uma paisagem e até mesmo uma viagem. Ao pensar qual iria relatar aqui, vieram muitas ideias na minha cabeça. Porém, escolhi falar sobre meu intercâmbio porque talvez seja a mais marcante delas. A experiência que realmente mudou meus pensamentos sobre a vida e sobre o mundo, fazendo-me enxergar as coisas de maneira diferente.
Tudo começou quando percebi que meu inglês não era tão bom quanto eu queria. O inglês fluente é tão importante não só para o mercado de trabalho, mas para a vida, que resolvi de uma vez por todas aprender essa língua antes que seja tarde demais. E qual a forma mais eficiente de se aprender uma língua ? Vivendo e convivendo em um país estrangeiro, com certeza.
Foi assim que descobri a Gold Coast, na Austrália. A cidade da Gold Coast tem uma estrutura de cidade grande, mas com o astral de cidade pequena. A cidade possui 540 mil habitantes e está localizada no Estado de Queensland. Mas o que realmente me encantou foram as inúmeras praias paradisíacas. A maioria das praias é circundada por parques, com muita área gramada, árvores, sombra, banheiros e área para alimentação. Por todo o lado existem churrasqueiras públicas à gás: você aperta um botão e ela e começa a esquentar, então você pode fazer um churrasco na beira da praia, por exemplo. E as pessoas usam muito as áreas públicas, especialmente nos finais de semana, quando os parques e praias ficam lotados. Os australianos definitivamente são adeptos de atividades outdoor. O bairro em que escolhi morar foi Surfers Paradise, o da foto abaixo.
O surf também é muito conhecido por lá e essa foi uma das razões por me apaixonar pela cidade. Lá tive a oportunidade de morar de frente para a praia e poder surfar todos os dias com a maior facilidade. Além disso, todo ano ocorre ocorre uma etapa do WSL, a liga mundial de surf, em uma praia muito próxima da minha, Coollangatta. Tive a oportunidade de ver grandes ídolos como Kelly Slater e Mick Fanning, além de poder ver o Gabriel Medina, atleta brasileiro, ser campeão da etapa. Foi um momento mágico.
Outro fator que me impressionou foram os sistemas de utilidade pública como o sistema de transportes, que eram muito organizados e eficazes. As ruas todas sempre muito limpas e bem estruturadas, a pobreza e miséria praticamente não existem e a população sempre muito bem educada e cuidadosa com a cidade e, além disso, pessoas usando skates e bicicletas como meio de transporte era muito comum.
Também viajei por algumas cidades da austrália e amei todas de um jeito diferente. Gold coast foi sensacional, fiz muitos amigos, morei em um lugar lindo, tem praias maravilhosas, o clima é ótimo e bom para quem curte surf (meu caso). É uma cidade sossegada e o clima é parecido com o de São Paulo, mas se você gostar de baladas e festas é o seu lugar também. Melbourne é lindo, porém muito frio. Lembra muito uma cidade europeia, e se localiza próxima dos 12 Apóstolos, umas das maravilhas do mundo, um lugar fascinante tanto para quem gosta de história quanto para quem gosta de paisagens naturais. Perth é uma cidade grande com muitas casas, tem um clima muito tranquilo e gostoso, muitas oportunidades de emprego com salários bons, mas tudo é muito longe e você depende demais de ônibus ou carro. Byron Bay foi a minha paixão. Uma cidadezinha pequena com praias maravilhosas, as mais lindas que eu já vi. Com várias praias, trilhas, lojinhas e atrações ao ar livre, piquenique na praia e nas praças, música ao vivo no final da tarde de frente para o mar e além do mais apreciar o visual. Ela é uma daquelas cidades onde você desestressa, seu ritmo diminui sabe.
Outra cidade apaixonante é Sidney. Uma cidade cosmopolita, multicultural, desenvolvida, com a maior população da Oceania, a cidade recebe imigrantes e turistas de todos os países e essa mistura é uma das características que a faz ser inesquecível! Há programações culturais para todos os gostos, atividades ao ar livre e culinária bem diversificada. É marcada pela Opera House, um dos símbolos da Austrália, a qual tive oportunidade de conhecer só por fora.
Me lembro que os primeiros dias não foram fáceis de se adaptar. Na primeira semana é tudo muito novo, lugares novos, pessoas novas, culturas diferentes. Porém bastaram alguns dias e novos amigos começam a surgir, uma casa legal aparece, o inglês começa a evoluir, o primeiro emprego vêm e novas culturas passam a ser normais. Aquela vida que achava tão boa no brasil começa a ficar para trás e tudo que pensava era que não queria mais voltar. Prova disso foi que acabei estendendo meu intercâmbio de 6 meses para 1 ano. O que no começo era só uma aventura agora era uma vida, com rotina e tudo mais.
O aprendizado que a Austrália me proporcionou não foi só para o inglês, foi para a vida. Os meus melhores dias eu vivi lá. Conheci pessoas maravilhosas e amigos que levarei comigo para sempre. Nunca esquecerei dos dias que passei naquele lugar. O melhor de tudo é que consegui conciliar as viagens com os estudos, sem perder praticamente nenhum dia de aula. Valeu muito a pena ! Além de aprender meu tão desejado inglês, comecei a ver a vida de uma forma totalmente diferente, mais madura e abrangente.