Baile de Máscaras

Uma reflexão

Carolina David
Iandé
2 min readNov 24, 2020

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Por Carolina Fernandes David

Máscaras. Máscaras para proteção. Máscaras para anonimato. Máscaras para rituais. Máscaras teatrais. Máscaras — eis um acessório que não surgiu durante a pandemia e, nem após ela, sumirá.

Máscara — a maquiagem com que cobrimos nossos rostos, expressões, personalidades. Para sermos quem? Quem gostaríamos de ser. Por um dia, uma noite, uma vida (certas máscaras nunca caem).

Alguns querem ser eternos, felizes, jovens. Alguns querem ser invisíveis. Alguns querem ser tudo o que não o são. Algumas máscaras são de plástico. Algumas são de pano. Algumas de papel. Algumas são telas luminosas. Algumas são de carne e sorrisos. Algumas são feitas por palavras belas e ocas.

Para proteger quem? Os outros ou a mim? Com quantos anos recortei as máscaras que ainda uso hoje? Quando aprendi a estampar sorrisos? Contar mentiras? Proteger (esconder) o âmago do meu ser? Meus pensamentos?

Hipocrisia minha definir que uso máscaras, ergo barreiras, pois fui socialmente alienada. Há tempos crio consciência e as lantejoulas que brilham em meu rosto eu mesma coloquei, para desviar a atenção dos meus olhos. Hipocrisia dizer que não me sinto segura assim — nesse mundo virtual que eu colori.

Com o tempo aprendo a diminuir o brilho, as meias palavras, os olhares incertos. Aos poucos dispo-me das camadas que colei. Mas ao andar nas ruas, sempre terei uma restante para me proteger do sol e dos olhares estranhos — pois nudez de personalidade é atentado ao pudor.

A máscara, a máscara social, a máscara não cai…

é retirada…

Bem

……..De

…………..Va

………………..Ga

…………………….. Ri

………………………….Nho.

Texto, poema narrado e imagens do vídeo são autorais.

Música utilizada no vídeo: Mr. Sandman (Piano and Violin Version) — SYML. Mr. Sandman. 2017

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Carolina David
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