CLAUSTRO

Por Bruna Lima dos Santos

Bruna Lima
Iandé
3 min readJun 6, 2020

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…e de repente, nos encontramos frente à uma nova realidade em que o isolamento social faz-se presente como uma necessidade. Viver enclausurado dentro de casa torna-se rotina, assim como o questionamento sobre o claustro da alma e a crescente angústia causada pela solidão.

Há tempos me sinto enclausurada dentro de mim,

presa à agonia dos meus pensamentos.

Talvez eu não tivesse a maturidade para perceber o quão livre eu estava

diante da realidade rotineira que me sufocava.

Mas mesmo estando livre,

permeava-me a sensação de que a liberdade não fazia jus a tal significado.

Encontro-me apática a tudo e a todos.

Eu estava livre para ser eu no meu eterno vazio,

mas não fui.

Eu achei que poderia segurar a realidade em minhas mãos,

até que ela escorre por entre os meus dedos e é arrancada de mim.

Eu sabia que nada permanece além da mudança.

Apesar disso, eu não estava pronta.

Encontrava-me surpresa,

bestificada pela situação ao meu redor.

A peste maculava os ares

e levava consigo a realidade em que todos estavam habituados,

não só a mim.

Hoje, enclausurada dentro e fora de mim,

sinto que este dilúvio de solidão ocupa mais da minha vida do que deveria.

Com o caos instaurado por fora das paredes do meu quarto,

vejo a luz invadi-lo por meio das pérgolas

e reparo em como a luz inside delicadamente em cada canto.

Estendo a minha mão tentando manusea-la e trazendo-a pra dentro de mim.

Vejo florescer a saciação da minha agonia;

Vejo se esvair o medo que se fazia presente.

Então desabrochei.

Desabrochei tal como uma rosa que desabrocha para não morrer,

pois reter é perecer.

A partir de então,

Tenho dançado a dança do infinito e voado livre,

buscando a luz da liberdade.

Faixa sem Pedestres
O Domo do Confinamento
Expressão da Liberdade
Grades do Claustro
Maravilhas sem Turistas
Luz que Invade
Stay Home

Bruna Lima dos Santos |Cinema — FAAP | 2020

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