Em casa

Por Juliana Veneri

Juliana Veneri
Iandé
3 min readApr 30, 2020

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Imagem do Google, Corona Virus.

Este Coronavírus, conhecido como Covid-19, chegou bagunçando tudo e aflorando sentimentos em nós, caos, medo, por mim e pelos outros, solidariedade, empatia entre muitos outros… Meu conhecimento sobre o mesmo se iniciou no Carnaval, entretanto ainda o subestimava..

Fui para o Rio de Janeiro e lembro dos meus pais pedindo para eu e minha irmã voltarmos de máscara no aeroporto, e me recordo de nós duas pensando “lógico que não”, ”bobagem”, não era muito falado sobre o assunto na época. Todavia, no dia 12/03 ao chegar na Faap, o dia já não havia começado normal, estavam todos falando sobre o assunto e colocando suas opiniões e o que sabiam sobre o assunto.. não era apenas mais uma “gripe forte”. Já se falava em quarentena e a necessidade de ficarmos em casa para nos protegermos. No mesmo dia, no final da tarde foi enviado um aviso, com a suspensão das aulas, de início achei demais, quem não gosta de um tempinho em casa? “mini férias”… Depois disso, entendi a gravidade do novo vírus, uma pandemia, as taxas de mortalidade em outros lugares do mundo, como Itália já eram enormes e a partir do dia 14/03 iniciei minha quarentena mesmo com muitos outros não tendo adotado essas medidas, comecei a entender mais sobre o assunto, algo tão surreal que estava tirando vidas em todos os lugares e trazendo nós para dentro. Para dentro de casa e de nós mesmos, o tempo “parou”, a correria do dia a dia já não existia mais, outras coisas viraram prioridade e acredito plenamente que este momento trouxe muitas reflexões e mudanças tanto dentro de nós, como na maneira que viveremos daqui para frente..

Esta pandemia veio para “chacoalhar” nosso mundo, literalmente.. Tudo que não dávamos tanto valor, agora tem; os abraços, os encontros e a aproximação com os outros agora sim, fazem falta e acredito que quando ocorrerem os reencontros será lindo. Estamos aprendendo a dar valor para as coisas certas e não as fúteis que estavam praticamente tomando conta, os valores estavam invertidos..

Não estou encarando esse isolamento social como algo fácil, já tinha uma boa relação com meus pais, entretanto, é um desafio, tanto para eles quanto para mim. Agora com tanto tempo livre, algo que constantemente reclamamos por não ter, parece não ter o que fazer, portanto aqui em casa adotamos coisas para aproveitá-lo como por exemplo, todas as noites jogamos tranca, as sextas abrimos um vinho e com tudo isso damos boas risadas, o que é necessário em meio a todo esse caos.

Aprendi a olhar para as coisas certas. Neste momento não importa a sua posição social, os hospitais estão cheios e podem piorar. Todos que podem devem sim ficar em casa, para a proteção de nossos familiares idosos e também daqueles que de nenhuma maneira podem ficar em casa e o mais importante de tudo, ajudar aqueles e fazer jus ao trabalho dos que estão se doando para nos ajudar na linha de frente, médicos, enfermeiros e profissionais de saúde. É um momento único que nos convida mais do que nunca, a se olhar para o coletivo e não apenas para nós mesmos.

Selo criado pelo Instagram para marcar as atividades de internautas durante o período de quarentena do coronavírus.

Minha visão reflexiva, após 46 dias de confinamento é a de que estamos vivendo uma guerra, onde o inimigo é invisível, embora letal… isto torna o momento surreal …despencando a economia mundial, tirando centenas de vidas ao redor da terra. Nunca me imaginei passando por uma situação dessas, entretanto aqui estou, desinfetando todos os alimentos e com medo do mundo lá fora, porém, tirando coisas boas disso tudo, e assistindo e participando de ações bonitas e solidárias, com o mundo se adaptando. Será que o mundo será o mesmo?

Juliana Curi Veneri, autora do documento

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