Eu e Minha TV

Uma Jornada de Autodescoberta na Solidão

Alice Red
Iandé
2 min readDec 7, 2023

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Por Alice(Davi) Feitoza Campolina

Ao longo da minha vida, sempre fui uma garota um pouco solitária. Com meus pais separados e cada um com sua rotina, meu dia a dia era marcado pela ausência. Minha mãe, advogada, passava das 9 às 19 no escritório, meu pai morava em outro estado e só podia vê-lo durante os feriados, e minha avó trabalhava das 10 às 20. Então, enquanto ia para a escola às 6 e retornava às 13, o restante do dia era eu presa no meu quarto com meus brinquedos, trabalhos escolares e meus pensamentos.

Esse isolamento sempre fez parte da minha vida, quase como se estivesse em quarentena antes mesmo da pandemia. Apesar de, por vezes, um pouco melancólica, nunca me arrependi dessa temporada na minha vida. Acredito que esses eventos moldaram quem sou, tornaram-me mais resiliente. No entanto, o que mais moldou a minha vida, até hoje, foi algo muito presente: a minha televisão.

Recordo-me dos dias passados assistindo a documentários, desenhos animados e filmes na TV. Lembranças dos momentos em que zapeava pelos canais da TV aberta para encontrar as programações infantis ainda estão frescas. A televisão e seus programas me ensinaram muito sobre moralidade, boas maneiras, como tratar o próximo e até mesmo como conseguir o que eu queria dos meus pais. Claro, talvez tenha aprendido uma ou duas coisas que não devia.

No entanto, sou imensamente grata à televisão. Até hoje, meu interesse em trabalhar com mídia, especialmente na televisão, persiste. A televisão e suas mídias moldaram minha identidade, indicaram o que eu desejava ser quando crescesse, delinearam minha forma de agir e me mostraram que tipo de pessoa eu desejava ser. Eu quero ser doce, carinhosa, corajosa e determinada, assim como os heróis dos meus mundos de ilusão.

Portanto, agradeço ao meu isolamento e à minha solidão, pois, se eu não fosse eu mesma, não gostaria de ser mais ninguém. Esta jornada peculiar, permeada pela luz da tela da televisão, não apenas preencheu os momentos solitários, mas também me ajudou a esculpir a pessoa única que sou hoje.

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