Do pó viemos

Murillo Soares
Iandé
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2 min readMay 13, 2022

Por Murillo Diogo Oliveira Soares

Há mais de 5 anos fiz uma viagem de carro para o interior de São Paulo, no caminho eu e meus pais passamos por diversas plantações, fazendas e verdadeiras florestas. Lembro vividamente do momento que vi uma floresta específica. Sentado atrás do banco do passageiro olhei para o lado direito e vi na distância um conjunto de árvores. Não pareciam organizadas de forma natural, árvores altas de tronco relativamente fino se organizavam em fileiras paralelas, criando infinitos corredores.

As árvores ficaram longos segundos enquadradas em minha janela. Hipnotizado por elas eu passei todo o tempo com um sentimento único no peito, difícil de nomear ele pode ser descrito como uma vontade de sair do carro e ir até lá.

Pensando racionalmente sobre essa vontade, ela não faz sentido, o que eu faria lá? Andar na grama? Não, ela se pareceria com todos as gramas que eu já havia pisado na vida. Tocar nas árvores? Não, seus troncos não pareciam especiais, sua textura seria como a de qualquer outra árvore que eu veria na vida. Ver tudo de perto? Não, de perto os infinitos corredores não ficariam visíveis, tudo de especial seria perdido. O que eu sentia exatamente? O que eu queria?

Desde aquele dia a natureza que me cercou a vida inteira fez mais sentido. Toda a grama, as árvores, as plantas, os insetos, os vermes, a água, o ar, tudo fez mais sentido. Naquele dia, tive um sentimento que não pode ser simplificado em uma palavra, mas pelo menos esclareci, com o tempo, qual era minha vontade. Eu não queria sair do carro para ir até a floresta e adentrá-la. Eu quis sair do carro, sair do meu corpo e me tornar um com a natureza.

Como produção autoral, escolhi uma das infinitas fotos de paisagens que fotografei desde aquele dia, fotos que me ajudam a guardar uma fração daquele sentimento; a editei em um retrato, tentando descrever meu sentimento não em palavras, mas numa imagem. Fonte de inspiração estética, hoje transformo esse sentimento em arte.

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Iandé
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Experiência Estética: A expressão de uma experiência vivida. Criações dos alunos da disciplina Estética ministrada pela professora Edilamar Galvão no 3o semestre dos cursos de Cinema, Cinema de Animação, Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Rádio e TV e Relações Públicas da FAAP

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