Como eu aprendi a viver em família

Por Ana Luiza Justino

Ana Luiza Justino
Iandé
3 min readApr 30, 2020

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Junção de fotos da minha família encontradas durante a quarentena

Desde que eu me conheço por gente, eu nunca tive 100% da minha família em casa, sempre morei com a minha mãe e com a minha irmã, só com a minha mãe, com o meu pai e a minha irmã, mas nunca com os três ao mesmo tempo.

Não, meus pais não são separados. Meu pai sempre morou fora ou viajava 95% do tempo, enquanto a minha mãe ficava em casa cuidando de mim e da minha irmã. Eu nunca percebi o quanto nunca ter os quatro em casa me afetava. Até a quarentena.

Durante este confinamento, percebi o quão bom é ter todo mundo em casa. Sei que eu sou privilegiada por ter duas pessoas que batalham diariamente para o meu bem estar, mas nada se compara à não ter que ficar esperando alguém voltar ou ir até o aeroporto toda semana ou mês para ter a família completa.

Eu sei o quão ruim este momento está sendo para a economia, para a sociedade, e para a saúde mental de muitos. Além de ter perceber o quanto há pessoas se pondo em risco todos os dias (e por isso agradeço à todos os profissionais da área da saúde). No entanto, tenho que falar algo um tanto egoísta: para mim a quarentena está sendo um momento de descoberta. Descoberta essa, de como minha família interage depois de vários dias juntos. Descoberta essa, de quão bom não é ter que pensar se alguém que eu amo está se sentindo sozinho. Descoberta essa, de quanto eu amo estar junto da minha família. Descoberta também, do quanto temos que dar valor a pequenos momentos.

Mesmo que hajam dificuldades, discussões, brigas, estamos todos juntos nessa. Dia após dia, criando uma rotina, ajudando um ao outro, fortalecendo laços que mesmo que “fortes” precisavam ser ajustados. “Fechando um buraco” dentro de mim que eu nem sabia que existia.

Neste momento, sinto que a Ana Luiza de 10 anos que nunca tinha o pai em casa está realizada. E sei o quanto ela estaria me agradecendo por perceber isso agora. Sei que a Ana Luiza de 16 anos que morou um ano longe de todos, está finalmente satisfeita. E sei que a Ana Luiza de 19 anos em quarentena, está cada dia mais, dando valor à convivência. Quem diria, que de algo tão ruim, viria algo que estava faltando em mim.

Esta publicação é só a minha experiência, mas gostaria que todos que o lessem, parem e pensem o que este confinamento, no meio de tanta coisa ruim, trouxe de bom para vocês.

Obrigada quarentena, por me fazer aprender.

Ana Luiza Justino (Autora deste documento)

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