Gosto de ir a shows
E você deveria ir a um show também
Não dá para falar sobre shows sem falar sobre música, e não dá pra falar de nenhum dos dois sem falar sobre meu pai e minha cidade.
Meu pai e São Paulo são muito parecidos. Ambos são frenéticos, ambiciosos e amam um fervo. Seja um show de rock internacional, um chorinho na Vila Madalena ou um festival de techno de rua, é possível de tudo com esses dois.
Grande parte das minhas lembranças de infância são no carro, escutando os milhares de CDs e mixes que meu pai fazia e, que mal eu sabia, formariam a base do meu gosto musical e do meu gosto pela música.
A revelação de que era possível escutar tudo aquilo que me acompanhou em horas de trânsito e congestionamento ao vivo, em meio a uma multidão, foi peremptória. Não digo que constatei isso com 4 anos, quando fui ao meu primeiro show da Xuxa, nem com 9 anos quando realizei o sonho de ver pessoalmente meu então ícone Katy Perry.
Tal descoberta me veio algumas semanas atrás, quando descobri que uma prima, nascida e criada no interior do Paraná, e que agora se mudou para São Paulo para fazer faculdade, me disse que nunca tinha ido a um show. Fiquei chocada! Imediatamente me lembrei de todos os momentos de êxtase naquela hora em que as luzes se apagam e todos sabem que a qualquer segundo algo especial vai começar. Também me senti muito sortuda por ter nascido e vivido numa cidade que constantemente me proporcionou e ofereceu tais memórias.
Dentre tantos elementos que compõem a experiência indiscutivelmente estética que é ir a um show, destaco alguns que me marcaram ao longo dos anos. Por vezes, a simples emoção de ver ao vivo um artista, outras o jogo de luzes e produção, que constroem um espetáculo imersivo inescapável. Também a familiaridade que se sente ao admirar o trabalho de alguém em meio a tantas outras pessoas que também valorizam aquela obra. Às vezes só o volume já é inebriante o suficiente, às vezes é assistir alguém que você conhece pessoalmente assumir aquela persona e encher o palco e o espaço com uma energia sobrenatural. Também adotar o show como uma possibilidade de se reinventar, e por uma noite assumir um novo eu que ressoe com aquilo que se vai assistir.
É uma infinidade de sensações, e a cada espetáculo é possível contagiar-se de forma nova! Meu pai me transmitiu esse apreço, me ensinou a sempre aplaudir qualquer pessoa que estivesse se apresentando em qualquer lugar, e me mostrou que São Paulo é uma cidade que detém também uma infinidade de opções para se embevecer.
Eu vou a um show essa semana, vou levar a minha prima. Você deveria ir a um show também.
Isadora Klock Santos APMNR