Hiperatividade e preso em casa.
Por Malek Marques
Hiperatividade pode ser um saco às vezes, dependendo do que você pode fazer a respeito. Pessoalmente fazer caminhadas de 20 minutos algumas vezes durante o dia é o suficiente para me sentir bem e conseguir me controlar e ficar quieto quando necessário. Felizmente, eu nunca tinha precisado ficar fechado em nenhum lugar por tanto tempo quanto na quarentena, e agora que esse é o caso, não está sendo muito fácil.
Quanto mais tempo passa, mais eu percebo o quanto essas caminhadas fazem diferença para mim. Por que se o meu corpo não libera essa energia, a minha mente vai tentar fazer isso. Como consequência a minha cabeça não para. Não importa o que eu estou fazendo ou o quanto eu estou me esforçando para concentrar em algo, a minha cabeça vai estar pensando em pelo menos 5 outras coisas simultaneamente e isso é bem estressante. Por que, além de isso muitas vezes me causar bastante ansiedade, isso também faz com que eu não consiga me dedicar verdadeiramente a nada.
Sabendo que eu poderia estar fazendo as coisas com uma qualidade melhor e/ou mais rápido, faz com que para mim seja bem difícil sentir satisfação com as coisas que eu faço, não só com o resultado mas com “O” processo de fazê-las em si. Desde que começou a quarentena eu reservava pelo menos 3 horas todos os dias para desenhar o que eu quisesse, sem ter relação com a faculdade e por um tempo deu bem certo. Mas quando a quarentena bateu de verdade, quando as consequências de não poder sair acumularam demais isso mudou. Não conseguir mais produzir da forma como eu produzia, mesmo que sem nenhum propósito que não seja só por fazer, está tendo um grande impacto negativo em mim.
Desenhar é como eu me expresso, é como eu me comunico. Não só com os outros, mas talvez principalmente comigo mesmo. É uma grande parte do meu processo de reflexão e com cada vez menos disso, eu me sinto cada vez mais perdido e preso. Preso na minha própria cabeça, fazendo várias coisas diferentes ao mesmo tempo.